Vício em comida: diagnóstico e tratamento

O vício em comida é um diagnóstico que levanta debates no mundo científico, mas que pode afetar pessoas com relações vulneráveis com os alimentos. Apesar de não estar elencado nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), alguns profissionais utilizam o termo para determinar indivíduos que sentem uma necessidade de comer ligeiramente semelhante a do vício em drogas.

O que pode causar o vício em comida?

O vício em comida pode ter diversas raízes, podendo ser causado por problemas psicológicos, sociais ou biológicos. Pesquisadores também apontam que a condição pode ser resultado de uma dieta rica em alimentos processados. Essas comidas são ricas em aditivos, açúcar e sódio, e segundo estudos, conseguem gerar a mesma sensação de recompensa no cérebro que outras drogas, como o tabaco. 

As pesquisas na área ainda são poucas, por isso os diagnósticos não são certeiros. Entretanto, esse tipo de descoberta facilita o entendimento sobre o comportamento alimentar de uma pessoa com vício em comida

Além do consumo de alimentos processados, o vício em comida pode resultar de três causas específicas:

Fatores psicológicos: traumas, abuso emocional e psicológico, dificuldade de lidar com situações ruins, baixa autoestima, luto e transtornos alimentares;

Questões biológicas: desequilíbrio hormonal, anomalias na estrutura do cérebro, efeitos colaterais de certos medicamentos e histórico de vício na família;

Fatores sociais: problemas familiares, pressão social, isolamento, abuso infantil, falta de apoio, estresse e vulnerabilidade financeira;

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Quais os sintomas do vício em comida?

Existe uma série de sintomas relacionados ao vício em comida, os mais comuns são:

  • Comer mais do que o corpo aguenta;
  • Fazer de tudo para conseguir certos alimentos;
  • Comer tanto que passa mal;
  • Continuar ingerindo alimentos mesmo depois de ficar cheio;
  • Se isolar para comer;
  • Evitar interações sociais para comer;
  • Dificuldade de se concentrar no trabalho e na escola devido a vontade de comer;
  • Gastar mais dinheiro do que o normal com comida;
  • Fadiga e pouca energia;
  • Problemas para dormir;
  • Irritabilidade;
  • Dor de cabeça;
  • Problemas gastrointestinais;
  • Ideações suicidas;
  • Inquietação;
  • Sentimento de culpa depois de comer muito;
  • Comer para preencher um sentimento de vazio, que não vai embora depois da ingestão;

Quais os riscos do vício em comida?

Assim como outros vícios, o vício em comida tem seus efeitos colaterais que podem impactar severamente a vida de uma pessoa. Caso não seja tratada, a condição gera riscos de doenças gastrointestinais e nutricionais. Por isso, fique alerta para os sinais. Os principais efeitos são:

Físicos: doenças cardiovasculares, diabetes, deficiência nutricional, obesidade, fadiga crônica, problemas nos rins e fígado, artrite, osteoporose, transtornos do sono e letargia;

Psicológicos: baixa autoestima, depressão, ataques de pânico, ansiedade, desespero, irritabilidade, distanciamento emocional e social;

Sociais: isolamento, falta de interesse em hobbies que antes eram prazerosos, evitar eventos ou funções sociais, risco de prejudicar as finanças ou a carreira e diminuição do desempenho no trabalho ou na escola;

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O diagnóstico de vício em comida e sua problemática

Como mencionado anteriormente, o diagnóstico de vício em comida não é abrangente, e muitos profissionais não o usam. Apesar de existirem pesquisas que consideram o termo válido, especialmente quando se trata de alimentos processados e refinados, também existem pesquisas que apontam uma diferença grande entre o vício em comida e o vício em drogas.

O principal argumento contra o diagnóstico de vício em comida é que ele não ajuda a reduzir os níveis de obesidade na população e usa o mesmo critério errôneo para o vício em substâncias. As razões pelas quais alguns cientistas acreditam que essa comparação é errada são:

  • O vício em comida precisa ser diferenciado da necessidade fisiológica de consumir calorias;
  • Tentativas propositais de perder peso podem gerar hábitos alimentares semelhantes ao vício em comida;
  • O conceito ainda não tem validação;
  • Devem ser excluídas várias patologias somáticas e mentais;

Qual o tratamento do vício em comida?

Apesar de o vício em comida ainda não ser um diagnóstico válido e usado por todos os profissionais de saúde, se você estiver enfrentando os sintomas acima é ideal que busque ajuda médica. O tratamento de transtornos alimentares podem ser feitos com nutricionistas, psiquiatras e psicólogos.  

Converse com um profissional especializado sobre o que você está passando e como isso tem afetado sua vida. Ele poderá ajudar a chegar em um diagnóstico e um tratamento adequado para lidar com os sintomas e voltar a ter uma rotina normal. Entre as principais terapias para o vício em comida estão a mudança de hábitos alimentares, prática de exercícios e cuidados psicológicos, como a terapia cognitivo-comportamental.

Qual a diferença entre a compulsão alimentar e o vício em comida?

A compulsão alimentar e o vício em comida são semelhantes, porém não são a mesma coisa. Diferente do vício, a compulsão é caracterizada por momentos em que a pessoa come grandes quantidades de alimentos em pouco tempo, e depois se sente culpada por isso. 

Você pode desenvolver compulsão alimentar depois de seguir uma dieta muito restrita e não aguentar por muito tempo. Depois de segurar a vontade de comer o máximo que o indivíduo consegue, ele tende a comer tudo aquilo que não podia em grandes quantidades, o que vem carregado de culpa e pode dar um fim na dieta.

Em ambos os casos é importante buscar ajuda profissional para lidar com os sentimentos e os efeitos colaterais que essas condições causam. 

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Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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