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Oficializado pela União Europeia, anúncio sobre autorização para exportação de castanhas de baru do Brasil enaltece comunidades produtoras do produto que é considerado um tesouro do Cerrado

Por Mônica Salles – WWF-Brasil | No início do mês de julho, o Brasil recebeu uma notícia grandiosa: a castanha torrada de baru será comercializada nos países europeus. A notícia coroa o esforço das comunidades do Cerrado que atuam na cadeia do baru e que se dedicaram no desenvolvimento e ampliação do mercado consumidor na última década.

Entre os produtos da sociobiodiversidade do Cerrado, a castanha de baru está entre as prioridades com as quais o WWF-Brasil atua com projetos em comunidades extrativistas e tradicionais dos estados de MG, MS e MT.

As parcerias firmadas com o WWF-Brasil agregam investimento para fortalecer a cadeia do baru como promover a articulação para desenvolvimento de novos mercados, apoio a associações extrativistas com infraestrutura para o processamento da castanha e treinamento de competências e habilidades para o empreendedorismo das comunidades.

Números

Dados da Copabase – Cooperativa de Agricultores Familiares e Extrativistas que atua no noroeste de Minas Gerais, indicam que foram produzidas 14,69 toneladas de baru, em 2024, com alta de 8,3% em relação a 2023. O destaque foi o crescimento das vendas do baru torrado que aumentou 17,9% e representou 83,3% do volume total, contra 37,3% em 2023. A perspectiva de abertura do mercado europeu surge como uma oportunidade para a ampliação da comercialização e escoamento da produção para as próximas safras.

Agroextrativista mostra a castanha de baru recém-colhida | Foto: TerraMarFilmes/Reprodução WWF-Brasil

O agroextrativismo comemora

Dionete Figueiredo, gestora da Copabase, informou que a cooperativa já exporta a castanha de baru para os Estados Unidos, Canadá e Dubai, e celebra agora a entrada na União Europeia. “Graças ao movimento de cooperativas no Brasil este anúncio orienta que o baru é um alimento seguro para comercialização no mercado europeu. E isso traz um impacto muito importante para todos os extrativistas, cooperativas e organizações que trabalham na cadeia do baru. Pois temos certeza que comercializar para a Europa vai dar um salto de geração de renda, de conservação do Cerrado e de promoção de um alimento superpotente”.

A geração de renda da cadeia do baru promove benefícios para milhares de famílias considerando as organizações parceiras do WWF-Brasil. São muitos sonhos realizados com a entrada de recursos para as comunidades que geram estabilidade, qualidade e melhor expectativa de vida.

“A abertura do mercado europeu é um grande marco para o fortalecimento da sociobiodiversidade e valorização do Cerrado, e o reconhecimento da sociobiodiversidade brasileira como uma fonte de alimentos rica, nutritiva e produzida com conhecimento tradicional e conservação ambiental”, destaca Bianca Nakamato, líder de sociobiodiversidade do WWF-Brasil.

“A entrada oficial do baru na União Europeia é o resultado de um intenso trabalho coletivo de desenvolvimento comunitário, fortalecimento de políticas públicas para o extrativismo e a articulação de diversos públicos, mas sobretudo, a força e a união das comunidades frente aos desafios apresentados em todos esses anos, em especial com o agravamento da crise climática. É uma vitória muito merecida”, completa.

Por que essa é uma boa notícia?

Mais que uma castanha, a notícia traz um impacto que simboliza a resistência do modelo agroextrativista que há décadas vem se ampliando no Brasil e gerando modelos de sucesso de gestão sustentável.

Entre os tópicos mais relevantes estão:

Uso diverso na alimentação: Esse superalimento que promove a conservação do Cerrado, possui ótimo sabor e é também riquíssimo em proteínas e diversos benefícios nutricionais, características bastante valorizadas pelos setores de alimentação saudável.

Reconhecimento global: A abertura do mercado europeu posiciona essa castanha brasileira diante de novas oportunidades comerciais e apresenta a riqueza da nossa sociobiodiversidade do Cerrado para novos compradores. Além disso, a aprovação valida os esforços do governo brasileiro, setor empresarial, organizações do terceiro setor e empreendimentos comunitários do agroextrativismo, e abre caminhos para outros produtos da sociobiodiversidade.

Fortalecimento Comunitário: a comercialização do baru beneficia milhares de famílias extrativistas, garantindo renda justa e preservando modos de vida tradicionais.

Fortalecimento do Agroextrativismo: No Cerrado, o extrativismo sustentável do baru promove a geração de renda, autonomia e o resgate da autoestima dos agroextrativistas. É o fortalecimento de um processo virtuoso que forneça às famílias e os jovens com uma vida digna no campo permitindo a sua permanência em seus territórios, além de contribuir para a conservação do bioma.

Incentivo à Conservação: diferente da agricultura em larga escala das monoculturas, a coleta do baru ajuda a manter o Cerrado em pé.

Modelos de negócio em rede: comunidades em diversos territórios do Cerrado têm se articulado em redes em formatos inovadores para melhor estruturar a cadeia, o que inclui a jornada para importantes certificações como Orgânico Brasil e USDA.

Gênero em evidência: em boa parte das cadeias da sociobiodiversidade do Cerrado, as mulheres estão entre as empreendedoras das comunidades que se mantém à frente dos negócios e também na operação do processamento da castanha.

Essa conquista na Europa deve abrir uma nova fronteira para o baru e em seu rastro seguirão outros tantos ativos do Cerrado. O reconhecimento do valor da sociobiodiversidade do Cerrado no mundo está apenas começando!

Este texto foi originalmente publicado pela WWF-Brasil, de acordo com a licença CC BY-SA 4.0. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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