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O Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp) deu início às suas atividades deste ano na segunda-feira passada, dia 15, com a mostra virtual Ó Abre Alas, que exibe curtas-metragens sobre o carnaval. Os 11 filmes escolhidos pela curadoria ficarão disponíveis gratuitamente até 14 de março no FacebookInstagramYoutube do Cinusp. “Como neste momento não podemos ir para a rua, o melhor que a gente pode fazer é ajudar as pessoas a sentirem um pouco o  carnaval”, afirma Thiago de André, coordenador do Cinusp.

Através dos curtas, a mostra busca traçar um panorama da representação do carnaval no cinema, com predominância das produções nacionais. Maracatu, Maracatus, de 1995, apresenta em 14 minutos o registro histórico-crítico da tradição carnavalesca em Pernambuco, com destaque para a convergência entre festividade, religiosidade e resistência. Dirigido por Marcelo Gomes, as cenas mostram o protagonismo afro-indígena nas performances e suas origens nos engenhos de cana-de-açúcar da zona da mata pernambucana. Ainda nesse ritmo, o bloco de carnaval Ilú Obá De Min, tradicional de São Paulo, é retratado no curta O Tambor Me Chamou, de 2019. Em formato documental, a produção de Márcio Cruz conta a história do bloco por meio de fotografias e depoimentos ritmados do coletivo de mulheres que ocupa as ruas ao som do tambor. Esse curta estará em exibição apenas a partir do dia 22, ficando em cartaz durante uma semana.

A mostra inclui Chôfuku-ki, curta japonês de 1975. Mas, afinal, o que um filme japonês tem a dizer sobre o carnaval? Na proposta de explorar várias vertentes do conceito por trás do evento, a exposição atravessa o globo e exibe o universo colorido e fantasioso dirigido por Shūji Terayama. Traduzido como Borboleta, nas palavras do coordenador Thiago de André, o filme tem o espírito da quarta-feira de cinzas, do fim do carnaval, em que “a alegria já se mistura um pouco à ressaca”.

Segundo ele, embora o carnaval seja uma comemoração de importância especial no Brasil, a sensação e o espírito da festa se manifestam em outros povos. O filme A Colour Box se mantém nessa linha por se tratar de uma produção britânica de 1935 e que dá espaço para o cinema experimental, realizado por Len Lye, vanguardista desse movimento. A animação põe traços, cores e formas para dançar ao ritmo de uma música cubana. “Como sempre, o que o Cinusp faz é estabelecer a relação entre os fenômenos, eventos e os filmes que tratam desse tema, tanto em conteúdo quanto em forma”, explica.

De volta ao Brasil, a seleção feita pelo Cinusp traz obras que abordam a comemoração como forma de manifestação cultural de resistência. De acordo com André, a pluralidade do carnaval está também na ocupação das ruas, mas na ocupação no sentido de luta anticolonial, de expressão da população negra e indígena, por exemplo. Nesse tema, ele destaca o clássico Arrasta a Bandeira Colorida, de 1970, que expõe o carnaval paulistano no início da década de 1970 por meio de fotografias em branco e preto sonorizadas por marchinhas como Ó Abre Alas Quero Morrer no Carnaval. “Esse filme é um registro histórico muito importante do carnaval”, destaca o coordenador. “Ele traz marchinhas do carnaval da época com uma estética bastante peculiar e uma montagem incrível, aproveitando as fotografias.”

Outro curta com essa temática é Rainha, de 2016. Ele gira em torno de Rita, que enfrenta desafios ao realizar o sonho de se tornar rainha de bateria da escola de samba da sua comunidade. “Ele discute o que está por trás da luta por ser rainha de bateria”, comenta André. Como consta na sinopse, a diretora Sabrina Fidalgo constrói uma obra melancólica e denuncia a opressão dos padrões de beleza impostos aos corpos de mulheres, em especial de mulheres negras.

A mostra inspirou o tema do episódio do podcast Cinusp em Casa deste mês, que vai discutir a relação do carnaval com as chanchadas e outros gêneros cinematográficos e contará com a participação de um pesquisador de cinema brasileiro. Ainda não há previsão do dia de lançamento desse podcast. André adianta que haverá também dois debates com diretores e atores dos filmes Faz que VaiTambor me Chamou, que serão transmitidos ao vivo pelo   canal do Cinusp no Youtube. As datas desses debates ainda vão ser definidas. A equipe de curadoria do Cinusp planeja publicar nas redes sociais textos sobre os filmes da mostra, sob variadas visões.

Os filmes da mostra Ó Abre Alas estão disponíveis gratuitamente até 15 de março no canal do Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp) no Youtube e também no Facebook e no Instagram.


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