Lixão: o que é e principais impactos

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O lixão é uma forma inadequada de disposição de rejeitos, que se caracteriza pelo simples descarte de resíduos sólidos urbanos sobre o solo. Ele acontece sem proteção ao meio ambiente ou à qualidade de vida e saúde pública.

O que é um lixão e como funciona?

Como os lixões são ilegais, não existe controle quanto ao local de destinação de lixo correto ou aos tipos de resíduos depositados. Resíduos domiciliares e comerciais de baixa periculosidade podem acabar sendo depositados junto com resíduos de alto poder poluidor, como os industriais e hospitalares.

Além disso, pessoas carentes usam os lixões para coletar materiais e gerar renda. Coletores em lixões enfrentam riscos graves de contaminação. A existência de um lixão, portanto, causa problemas ambientais, de saúde pública e sociais.

Resíduos ou rejeitos?

Resíduo é tudo aquilo que pode ser reutilizado ou reciclado. Para isso, é preciso que os componentes de determinado produto sejam separados de acordo com sua composição. Já o rejeito é um tipo específico de resíduo sólido, aquele para o qual ainda não existe nenhuma possibilidade de reaproveitamento ou reciclagem. Nesses casos, a solução ambientalmente correta é encaminhar o rejeito para um aterro sanitário licenciado e não para um lixão.

Resíduo e rejeito: entenda a diferença e como descartar

Distinção entre resíduo e rejeito está relacionada à possibilidade de aproveitamento dos materiais descartados.

É importante ressaltar que muitos resíduos podem e deveriam ter destinações melhores que lixões e aterros controlados ou sanitários. Alguns exemplos são a coleta seletiva ou a compostagem.

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Qual é a diferença entre lixão e aterro sanitário?

A principal diferença é que o aterro sanitário é uma estrutura planejada e construída para receber os resíduos sólidos que não podem ser reciclados. Já o lixão classifica-se como um vazadouro a céu aberto, devido à forma inadequada de descartar os dejetos, causando graves problemas socioambientais. Para saber mais sobre essas diferenças, confira a matéria a seguir:

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Por que os lixões devem ser desativados?

O descarte adequado dos rejeitos é atualmente um dos principais desafios enfrentados pelos municípios brasileiros. Com o objetivo de decretar a disposição ambientalmente correta para eles, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) determina ações como a extinção dos lixões e a substituição por aterros sanitários.

Porém, segundo a Abrema (2024), o Brasil ainda possui mais de três mil lixões ativos. A falta de recursos financeiros por parte dos municípios tem impedido avanços mais acelerados nessa área.

A lei previa o fim dos lixões até 2 de agosto de 2014. As dificuldades de implementação de aterros sanitários, junto com pressões políticas, fizeram com que o prazo fosse prorrogado, segundo as características dos municípios.

As capitais e municípios de suas regiões metropolitanas tiveram até o dia 31 de julho de 2018 para acabar com os lixões. Os municípios de fronteira e aqueles com mais de 100 mil habitantes, tiveram um ano a mais que as capitais para implementar os aterros.

Pelas atuais previsões, cidades com 50 a 100 mil habitantes teriam até o dia 31 de julho de 2020. Já para os municípios com menos de 50 mil habitantes o prazo negociado foi 31 de julho de 2021.

Como os lixões prejudicam o meio ambiente?

Foto de Collab Media na Unsplash

Um lixão caracteriza-se pela simples disposição final de rejeitos em uma área aberta. Ao serem depositados dessa forma, eles não são analisados previamente. Isso torna impossível saber quais substâncias são lançadas no meio ambiente e o grau de poluição e contaminação que elas podem provocar. Além disso, alguns resíduos (orgânicos, por exemplo) podem atrair animais e vetores de doenças.

Um levantamento feito pelo Departamento de Economia do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) aponta que a queima irregular de rejeitos descartados em lixões libera cerca de seis milhões de toneladas de gases de efeito estufa ao ano. É a mesma quantidade emitida por três milhões de carros movidos a gasolina no mesmo período.

Qual o impacto ambiental gerado pelo lixo?

Os principais impactos ambientais do lixão são:

  • Contaminação do solo pelo chorume, líquido escuro e nesse caso tóxico, proveniente da decomposição da matéria orgânica;
  • Contaminação das águas subterrâneas do lençol freático com a penetração do chorume no solo;
  • Mau cheiro;
  • Aumento do número de doenças, já que os lixões atraem animais e vetores de doenças;
  • Emissão de gases do efeito estufa, responsáveis pela intensificação do aquecimento global;
  • Aumento do número de incêndios, causados pelos gases que são gerados a partir da decomposição dos resíduos depositados no lixão.

Vale ressaltar que o chorume produzido em aterros sanitários e lixões é diferente do liberado pela compostagem doméstica. Esse não é tóxico e pode ser utilizado como fertilizante de solo e pesticida natural.

Na composteira, o chorume resulta da decomposição de matéria orgânica pura. Enquanto em aterros e lixões os vários tipos de descarte são decompostos juntos. Por fim, eles liberam um chorume contaminado e cujo descarte exige atenção.

Saiba mais sobre compostagem no vídeo abaixo:

Guia: como é feita a compostagem?

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Qual o impacto social gerado pelo lixo?

Além do meio ambiente, os lixões causam graves problemas sociais. Esses locais são frequentemente visitados pela população carente, para a captação de materiais recicláveis ou reutilizáveis que foram descartados incorretamente. O intuito é vendê-los para conseguir uma renda. 

Sem equipamentos de proteção, essas pessoas se expõem a cortes e outros acidentes. Além da contaminação por agentes encontrados nos lixos, como líquidos que vazam de pilhas, herbicidas e metais pesados.

Os coletores também se expõem à ação de agentes causadores de doenças e são socialmente excluídos, por conta de sua ocupação profissional. Esse fator pode gerar impactos psicológicos.

Qual é o destino correto para o lixo?

Mas, então, o que devemos fazer para cuidar do lixo? Entre as medidas necessárias para mitigar os impactos provocados pela destinação incorreta de resíduos, segundo o Selurb, destacam-se o fim dos lixões ainda existentes no Brasil e a construção de aterros sanitários capazes de realizar a gestão ambientalmente correta dos rejeitos.

Dados da entidade e da empresa PwC apontam que mais da metade das cidades brasileiras ainda destinam incorretamente seus resíduos para lixões. Isso quando poderiam ser reciclados ou reutilizados para poupar matéria-prima e contribuir para economia circular.

Por isso, são necessárias medidas punitivas mais severas para o avanço da Política Nacional dos Resíduos Sólidos e o fim definitivo dos lixões.

Faça sua parte: separe corretamente seus resíduos. Encontre postos de descarte pelo buscador gratuito do Portal eCycle.

Julia Azevedo

Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.

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