Loja
Apoio: Roche

Saiba onde descartar seus resíduos

Verifique o campo
Inserir um CEP válido
Verifique o campo

Pesquisa revela que a proximidade de queimadas em zonas de interface urbano-florestal aumenta os riscos à saúde humana, com impactos desproporcionais em comparação a incêndios em áreas isoladas

A fumaça gerada por incêndios que ocorrem na interface entre áreas urbanas e florestas (WUI, na sigla em inglês) é significativamente mais prejudicial à saúde humana do que aquela proveniente de queimadas em regiões remotas. Essa é a conclusão de um estudo recente publicado na revista Science Advances, conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores liderada pelo Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos (NCAR). A pesquisa destaca que, embora os incêndios em zonas WUI representem uma parcela menor do total de queimadas globais, seus efeitos sobre a saúde são amplificados pela proximidade com áreas densamente povoadas.

Os incêndios em zonas WUI emitem poluentes como material particulado fino e precursores de ozônio, que são especialmente nocivos ao sistema respiratório e cardiovascular. Diferentemente dos incêndios florestais em áreas remotas, cuja fumaça pode se dispersar por longas distâncias, a fumaça das queimadas WUI atinge populações próximas de forma mais direta e intensa. Segundo o estudo, as emissões desses incêndios são responsáveis por 8,8% das mortes prematuras relacionadas à poluição do ar, apesar de representarem apenas 3,1% do total de emissões globais de queimadas.

A expansão das zonas WUI tem sido um fenômeno global, com essas áreas ocupando cerca de 5% da superfície terrestre, excluindo a Antártida. Essa expansão tem sido acompanhada por incêndios cada vez mais devastadores, como os ocorridos na Austrália em 2009, na Grécia em 2018 e no Havaí em 2023, que resultaram em centenas de mortes e bilhões de dólares em prejuízos. A crescente urbanização em áreas próximas a florestas e vegetação natural tem amplificado os riscos, colocando milhões de pessoas em perigo.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores utilizaram técnicas avançadas de modelagem computacional, incluindo o sistema MUSICA (Multi-Scale Infrastructure for Chemistry and Aerosols), desenvolvido pelo NCAR. O modelo permitiu simular a dispersão de poluentes e diferenciar os impactos de incêndios florestais e WUI. Além disso, foram analisados dados de queimadas ocorridas nas últimas duas décadas, combinados com observações de satélite e métodos de aprendizado de máquina.

Os resultados variaram conforme a região. Na América do Norte, por exemplo, os incêndios WUI representaram 6% do total de queimadas, mas foram responsáveis por 9,3% das mortes prematuras associadas à poluição do ar. Na Europa, esses números foram ainda mais expressivos, com 11,4% dos incêndios e 13,7% das mortes prematuras. Essas disparidades refletem a densidade populacional e a proximidade das áreas afetadas.

Um dos aspectos que os pesquisadores pretendem investigar futuramente é a composição da fumaça gerada por incêndios WUI. Diferentemente das queimadas em florestas, que consomem principalmente vegetação, os incêndios em zonas urbanas queimam estruturas que podem liberar substâncias tóxicas, como plásticos e produtos químicos. Essa diferença pode ter implicações significativas para a saúde humana e para a qualidade do ar.

O estudo reforça a necessidade de políticas públicas que abordem os riscos associados à expansão das zonas WUI e à prevenção de incêndios. Medidas como o controle do uso do solo, a criação de barreiras contra fogo e a conscientização das comunidades locais são essenciais para mitigar os impactos desses eventos. Além disso, a pesquisa destaca a importância de monitorar e regular as emissões de poluentes, especialmente em áreas onde a urbanização avança sobre territórios naturais.

A fumaça dos incêndios WUI não é apenas um problema ambiental, mas também uma questão de saúde pública. Com a tendência de aumento desses eventos devido às mudanças climáticas e à expansão urbana, entender e combater seus efeitos torna-se cada vez mais urgente.


Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos. Saiba mais