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Em fase de aperfeiçoamento, sistema desenvolvido por startup vai operar em moldes semelhantes ao dos aplicativos usados em mobilidade urbana

Pesquisadores paulistas desenvolveram uma plataforma eletrônica para conectar apicultores com produtores rurais. A ideia é que, estabelecendo um elo entre as abelhas e as flores, a produtividade no campo aumente. O sistema vai operar em moldes semelhantes ao dos aplicativos usados em mobilidade urbana, que permitem encontrar o motorista próximo do ponto de onde o cliente quer iniciar um deslocamento.

O aplicativo, desenvolvido pela Agrobee, vai contar com ferramentas avançadas para o monitoramento da qualidade das colônias dos insetos e com pontos georreferenciados de registro dos locais de instalação, além de uma bolsa para venda do mel que for gerado.

Com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP, a empresa Agrobee, nome fantasia da Eleve Pesquisa e Desenvolvimento, trabalha há um ano na plataforma, que ganhou sua primeira versão-piloto publicada na Google Play no dia 19 de agosto.

Além da pesquisadora Andresa Berretta, a empresa tem como sócios Carlos Rehder e Guiherme Sousa, que ela conheceu durante uma viagem ao Reino Unido, quando participou do treinamento Leaders in Innovation Fellowships Programme (LIF), com o apoio da FAPESP e da Royal Academy of Engineering. A Agrobee conta ainda com dois biólogos, três bolsistas de campo e dois bolsistas de Tecnologia da Informação (TI) que trabalham no desenvolvimento da plataforma digital. “Neste primeiro ano, fizemos todo o embasamento técnico do produto”, disse Berretta.

“Temos que fazer todo um levantamento de dados e apresentação dos resultados para os produtores, visando criar a cultura da polinização. E, com a plataforma, aproximar os apicultores dos produtores rurais. A ideia do app é conectar os que estejam próximos geograficamente para reduzir custos e diminuir o estresse das colmeias durante o transporte”, disse a pesquisadora.

Mas o projeto envolve desafios maiores que o de levar os insetos até as lavouras. Mesmo quando o “match” ocorre, é preciso deslocar uma equipe até a propriedade para identificar as melhores áreas para colocar as colmeias. “Todo o processo será assistido”, explicou. Nas futuras versões do app, o plano é que essa etapa esteja automatizada com o uso de inteligência artificial.

Morango e café

Estudos demonstram que a introdução de abelhas em lavouras tem forte impacto na produção. Na cultura de morango, a equipe da Agrobee constatou que a presença das abelhas aumentou em 12,7% o peso médio dos frutos e em 19,2% o seu dulçor.

Outro ponto importante em relação aos morangos é que, sem as abelhas, a deformação do produto é muito alta (76,6%). Com a polinização, esse índice regrediu para 23,4%, o que aumenta o valor de venda para o produtor.

Os resultados também foram positivos nas culturas de café. Os experimentos foram feitos em quatro propriedades na florada de 2018: uma no interior de São Paulo, outra no Cerrado Mineiro, a terceira em uma área mais seca e a quarta em uma lavoura irrigada. “Neste último caso, a quantidade de frutos aumentou 107%, enquanto nos outros locais a variação positiva ficou entre 30% e 50%”, contou Berretta.

O café não precisa necessariamente das abelhas, por ser uma planta com autopolinização. Mas, mesmo nesta cultura, a introdução desses insetos se mostrou efetiva, segundo revelam os dados-piloto obtidos pela equipe da Agrobee. “O aumento na produção de frutos é de no mínimo 30%”, disse Berretta.

Cultura de polinização

Além de aumentar a renda do apicultor e a produtividade dos produtores rurais – uma vez que 75% dos cultivos precisam de abelhas na polinização –, outro objetivo da Agrobee é criar uma espécie de cultura em prol da polinização – prática que também tem ganhos do ponto de vista ambiental.

“Ao introduzir as abelhas em suas propriedades, os produtores também passam a usar defensivos agrícolas de forma mais racional.” Estimativas recentes do App-BeeAlert mostram que 25 mil colmeias morreram no Brasil, nos últimos anos, por causa do uso excessivo de agrotóxicos.

A Agrobee, que surgiu inicialmente como uma spin-off da empresa Apis Flora, pretende estar com a plataforma totalmente operacional entre um e dois anos. Quando isso ocorrer, a receita vai ser gerada por meio de uma porcentagem de cada uma das transações feitas entre apicultores e produtores.



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