Os animais “viralizados” foram encontrados na Índia em 2020, mas foram apontados como desaparecidos em nova pesquisa
Um novo relatório realizado pela Zoological Society of London (ZSL) indica que a espécie conhecida como “sapo-galáxia” (Melanobatrachus indicus) desapareceu devido à influência humana. A descoberta, publicada no Herpetology Notes, indica que o turismo fotográfico pode ser responsável pelo fenômeno.
Em 2020, na Índia, sete sapos da espécie rara foram encontrados pelo pesquisador zoológico Rajkumar K P. Os animais, na época, estavam vivendo embaixo de troncos no chão da floresta de Kerala.
No entanto, quando o especialista retornou ao local de estudo, constatou que os troncos haviam sido revirados, a vegetação ao redor pisoteada e nenhum dos sete sapos foi encontrado.
Inicialmente, Rajkumar levantou a hipótese de que mangustos haviam danificado o habitat dos sapos. No entanto, logo descobriu que o local era comumente visitado por fotógrafos da vida selvagem.
Um informante anônimo, que passou as informações para o especialista e seu time de pesquisadores, também os informou que, além de virar os troncos, o flash foi usado durante as fotografias, representando um risco de desidratação e estresse para os sapos.
Ademais, alega-se que vários fotógrafos manusearam os sapos sem luvas, aumentando a probabilidade de transmissão de doenças entre eles e contribuindo para o estresse da espécie.
De acordo com a ZSL, embora os fotógrafos da vida selvagem possam gerar renda vital e apoio aos esforços de conservação, o relatório enfatiza a importância de que fotógrafos, autoridades governamentais e empresas de turismo garantam que o turismo fotográfico tenha impactos negativos mínimos sobre a vida selvagem.
“Os funcionários do departamento florestal tentam impedir a vinda desse tipo de grupo. Mas eles usam autoridades superiores – políticos, juízes da Suprema Corte ou algo do tipo – para obter permissão para tirar fotos”, disse Rajkumar.
Os “sapos-galáxia” receberam esse apelido devido à sua aparência: de corpos escuros, salpicados com pontinhos brancos, a coloração do animal remete ao céu estrelado. Os anfíbios vivem exclusivamente nas florestas do sul dos Gates Ocidentais, na Índia, onde frequentemente podem ser encontrados aninhadas sob troncos e pedras em decomposição.
Medindo apenas 2 a 3,5 cm de comprimento, os sapos são a espécie-bandeira do Parque Nacional Mathikettan Shola, no estado de Kerala, desde 2021.
Contudo, a espécie, assim como o seu habitat estão sob ameaça da atividade humana. Enquanto os sapos foram classificados como uma espécie criticamente ameaçada de extinção, a área foi ameaçada pela expansão agrícola e pelo turismo.
“Embora possa parecer que o sapo-galáxia seja apenas uma população de uma espécie, esta triste história mostra como todos nós temos um papel a desempenhar na proteção do mundo natural. Embora queiramos incentivar as pessoas a sair e apreciar toda a vida incrível com a qual compartilhamos este planeta, é essencial que o façam com respeito para não causar mais danos”, disse o Dr. Benjamin Tapley, curador de répteis e anfíbios da ZSL e coautor do estudo.