Chamas já provocaram várias mortes e devastaram dezenas de milhares de hectares; são os piores desastres em décadas; calor extremo, vento forte e seca prolongada agravam fogo
Por Sara de Melo Rocha – ONU News | Portugal está sob forte pressão devido a uma das piores vagas de incêndios dos últimos anos, que já devastaram vastas áreas.
Cerca de 4 mil bombeiros continuam no terreno no combate a 10 grandes incêndios, apoiados por meios aéreos nacionais e internacionais.
A Suécia enviou dois aviões para reforçar o dispositivo, enquanto Marrocos prolongou a cedência de duas aeronaves Canadair. O pedido de auxílio internacional foi feito através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil.
Duas mortes em território português
As chamas já provocaram vítimas mortais em Portugal, incluindo um antigo autarca ou prefeito, que perdeu a vida ao tentar travar em Penamacor.
Também um bombeiro voluntário morreu, no domingo, num acidente de viatura na Covilhã. Há registo de vários feridos.
O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou condolências pelas duas mortes, através de uma nota oficial.

Ano já entre os piores desde 2017
O governo português estendeu até quarta-feira, 20 de agosto, a situação de alerta em todo o território, devido à gravidade dos fogos.
Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, arderam mais de 139 mil hectares desde janeiro, um valor 17 vezes superior ao registado em igual período do ano passado.
É já o segundo pior ano desde 2017, quando se registaram os trágicos incêndios de Pedrógão Grande.
Espanha acima dos 44 °C
Do outro lado da fronteira, Espanha enfrenta igualmente um verão devastador.
A agência meteorológica Aemet registou temperaturas superiores a 44 °C, em várias regiões, e alertou para risco extremo de incêndio em quase todo o país.
De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, já arderam mais de 158 mil hectares em território espanhol este ano. Pelo menos sete pessoas morreram e milhares de residentes foram retirados das suas casas, sobretudo nas províncias de Ourense e Zamora.
Entre as perdas está a paisagem de Las Médulas, classificada pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura, Unesco onde arderam árvores centenárias impossíveis de recuperar. Vários monumentos sofreram danos irreversíveis.

Governo espanhol ativa plano de emergência
O primeiro-ministro Pedro Sánchez acionou o nível de pré-emergência do Plano Estatal de Emergências e mobilizou a Unidade Militar de Emergências, em apoio às brigadas regionais. Foram também acionados pela primeira vez aviões Canadair da União Europeia.
A caminho de Espanha, estão bombeiros da Alemanha, especializados no combate a incêndios florestais.
De acordo com o Ministério do Interior, foram mobilizados 67 bombeiros com o apoio de 21 veículos.
A situação de levou ao encerramento de estradas e à interrupção de ligações ferroviárias de alta velocidade em regiões como a Galiza.
Além da destruição de casas e florestas, o fogo atingiu património histórico.
Este texto foi originalmente publicado pela ONU News, de acordo com a licença CC BY-SA 4.0. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.