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Cientistas calcularam o impacto da proibição da importação de resíduos plásticos destinados à reciclagem pela China, que entrou em vigor em janeiro de 2018

Vários países estão aprovando leis contra os plásticos de uso único ou para reduzir esse tipo de resíduo. As iniciativas não são algo independente de contexto: desde o começo do ano, a China não importa mais o lixo do mundo, pressionando os países mais desenvolvidos a pensarem em soluções para os seus resíduos. Agora, uma equipe de cientistas da Universidade da Geórgia, nos EUA, fez as contas do impacto desta nova lei na China e concluiu que, até 2030, 111 milhões de toneladas de plástico devem ficar sem destino.

O artigo foi publicado nesta quarta (20) na revista Science Advances e deixa um aviso aos governantes: é urgente pensar em programas de reciclagem domésticos mais robustos e repensar o uso do plástico. A China foi um grande comprador do lixo mundial nos últimos anos e agora, sem essa possibilidade, é preciso correr para pensar em alternativas. Embora a reciclagem seja muitas vezes apontada como a solução para a produção em grande escala de resíduos plásticos, diz o estudo, mais da metade do lixo plástico destinado à reciclagem é exportado de países ricos para outras nações, sendo que a China historicamente ficou com a maior fatia.

Os pesquisadores constatam que “as importações anuais globais e as exportações de resíduos plásticos dispararam em 1993, crescendo cerca de 800% até 2016”. De acordo com os registros do setor, que começam em 1992, a China recebeu cerca de 106 milhões de toneladas de resíduos plásticos, o que representa quase metade das importações desse tipo de lixo no mundo. “A China e Hong Kong importaram mais de 72% de todos os resíduos plásticos, mas a maior parte do lixo que entra em Hong Kong – cerca de 63% – é exportada para a China”, acrescenta o estudo, que adianta ainda que os países com mais rendimentos da Europa, Ásia e Américas “respondem por mais de 85% de todas as exportações globais de resíduos plásticos”. Globalmente, a União Europeia é o maior exportador de lixo plástico.

“Sabemos de estudos anteriores que apenas 9% de todos os plásticos já produzidos foram reciclados, e a maioria deles acaba em aterros sanitários ou em ambientes naturais”, explica Jenna Jambeck, pesquisadora da Universidade da Geórgia e uma das autoras do artigo. “Cerca de 111 milhões de toneladas de resíduos plásticos vão ficar sem destino por causa da proibição de importação até 2030, por isso teremos que desenvolver programas de reciclagem mais robustos internamente e repensar o uso e o design de produtos de plástico se quisermos lidar com este desperdício de forma responsável”.

Sobre a medida da China, os cientistas explicam que o negócio de importar resíduos de plástico foi lucrativo enquanto os chineses conseguiam usar ou revender o produto reciclado. No entanto, acrescenta Amy Brooks, principal autora do estudo, “muito do plástico que a China recebeu nos últimos anos foi de má qualidade, e tornou-se difícil obter lucro”. Além disso, atualmente a China produz mais plásticos no mercado interno e por isso não precisa depender de outros países. Para os exportadores, havia ali um bom negócio, já que “as baratas taxas de processamento na China faziam com que o envio de lixo para o exterior fosse mais barato do que o transporte interno destes materiais por caminhão ou comboio”.

“É difícil prever o que acontecerá com os resíduos plásticos que antes eram destinados às instalações de processamento chinesas”, conclui Jenna Jambeck, acrescentando: “Alguns podem ser desviados para outros países, mas a maioria destes países não têm sequer infraestrutura para gerir os seus próprios resíduos, quanto mais os resíduos produzidos pelo resto do mundo”.

Até para a China, por conta de seu rápido crescimento econômico, a situação começou a ficar difícil de gerir, já que eles começaram a produzir (e continuavam recebendo) muito lixo plástico. Agora que a China cansou de ser a “lixeira do mundo”, muitos países ficaram sem ter o que fazer com seus resíduos plásticos. Os autores do estudo alertam: sem porto de chegada, o melhor mesmo é reduzir a carga no ponto de partida. Ou seja, mudar o atual sistema, pensar em novas estratégias de reciclagem de plástico e diminuir de forma substancial e rápida a produção de lixo plástico.



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