Dioxina: conheça seus perigos e previna-se

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Dioxina é um nome genérico usado para designar um grupo de substâncias químicas que são subproduto industrial de alguns processos, como produção de cloro, certas técnicas de branqueamento de papel e produção de pesticidas.

Talvez você nunca tenha ouvido falar destas substâncias químicas, mas elas estão presentes em seu corpo (mesmo que em pequena quantidade) e são perigosas. As dioxinas e furanos (outro tipo de subproduto) são considerados poluentes orgânicos persistentes (POPs), pois estes compostos orgânicos se acumulam na cadeia alimentar e no corpo humano.

O que libera dioxina?

A dioxina mais comum é o tetraclorodibenzeno-para-dioxina (2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina ou TCDD), considerada como cancerígena para humanos, mas existem mais de 400 substâncias agrupadas dentro da designação genérica. Outro exemplo de dioxina são os PCBs (do inglês polychlorinated biphenyls), os bifenilos policlorados, conhecidos no Brasil como ascarel. Essas substâncias são formadas principalmente a partir de reações químicas envolvendo átomos de cloro.

Além disso, a incineração de lixo também causa a emissão de dioxinas (queima de plástico, de papel, de pneus e de madeira tratada com pentaclorofenol), pois muitos produtos são tratados com cloro em sua fabricação. Alguns exemplos de itens que podem liberar alguns níveis de dioxina são filtros de café, toalhas de papel e absorventes internos que passaram por processos de branqueamento.

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Por que a dioxina é perigosa?

Não há nível saudável de exposição à dioxina e até uma quantidade pequena pode ser altamente tóxica, exatamente porque ela se acumula no organismo. Mesmo assim, a OMS e a União Europeia estabeleceram como limite a dosagem de 2,3 pg/kg/dia (picograma por quilo por dia). A agência americana EPA discorda, apontando 0,7 pg/kg/dia como quantidade máxima recomendável.

São limites que significam quantidades muito baixas. Porém, a própria descreve que o uso de filtro de café feito com papel branqueado industrialmente é suficiente para exceder os “níveis aceitáveis” de dioxina por toda uma vida.

O que a dioxina pode causar?

A dioxina pode causar:

  • Alteração nos receptores de estrogênio;
  • Malformação em fetos e recém nascidos;
  • Danos no fígado e nos nervos;
  • Câncer;
  • Alterações indesejadas em glândulas;
  • Problemas relacionados aos sistemas reprodutivo e imunológico;
  • Alterações no neurodesenvolvimento;
  • Problemas respiratórios;
  • Diabetes.
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Exposição humana

Ainda de acordo com a ATSDR, as dioxinas são encontradas em praticamente todas as amostras de pele e sangue de pessoas que não tinham conhecimento sobre terem sido expostas à substância.

Como a dioxina perdura na cadeia alimentar e se acumula em tecidos adiposos, a alimentação é responsável por 96% de toda a acumulação de dioxinas à qual estamos sujeitos. Os principais tipos de alimento que as contêm, de acordo com a ATSDR, são os seguintes: gordura animal presente em carne, laticínios ricos em gordura, peixes gordurosos (arenque, cavala, salmão, sardinha, truta e atum) e produtos que tenham sido expostos a pesticidas.

A contaminação pode ocorrer quando ingerimos alimentos que tiveram contato direto com embalagens que possuem dioxina. Também é possível que produtos íntimos femininos que passaram por processo de branqueamento liberem a substância, como absorventes internos.

Outra maneira de o organismo humano ser invadido pela dioxina é a respiração de gases, vapores e outras emissões provenientes de lixões que costumam incinerar seus resíduos. 

Imagem de JJ Ying, está disponível no Unsplash

Emissões de dioxinas

A tabela abaixo, divulgada pelo Portal São Francisco, mostra quais são os processos responsáveis pela formação de dioxinas e quais são os emissores primários. Confira:

Processos Formadores de DioxinasEmissor primário de Cloro
Incineração do lixo hospitalarPVC
Fusão dos Metais ferrososPVC, queima de óleos à base de cloro, Solventes clorados
Incineração de resíduos perigososSolventes gastos, detritos da indústria química, pesticidas
Fundição secundária do cobreCabos cobertos com PVC, PVC em telefones e equipamento eletrônico, solventes clorados/óleos queimados
Fundição secundária de ChumboPVC
Produção químicaUso de Cloro ou organoclorados como reagente
Moinho de trituraçãoAlvejantes com base em Cloro
Incêndios residenciais e edifíciosPVC, Pentaclorofenol, PCBs, solventes clorados
Incêndios em veículosPVC, Óleos clorados queimados
Queima de combustível de veículosAditivos clorados
Incineração do lixo municipalPVC, papel alvejado, lixo doméstico danoso
Incêndios em FlorestasPesticidas, deposição de organoclorados aerógenos
Incineração de lodo de esgotoSubprodutos da Cloração
Queima de madeira (indl. Residl.)PVC, Pentaclorofenol, ou químicos

Alternativas à dioxina

Se os parques industriais de todo o mundo deixassem de produzir dioxina, ainda levaria cerca de 30 anos para que os seres humanos diminuíssem consideravelmente o nível da substância em seus corpos. Como alternativas, algumas empresas tentaram substituir o cloro nos processos industriais utilizando dióxido de cloro, menos nocivo, o que pode ser aferido em produtos que exponham o selo ECF (Elemental Chlorine Free).

No Brasil, um projeto de lei de 2008 tentou fazer com que a indústria de papel só pudesse fabricar modelos livres de cloro (TCF), mas foi rejeitada. A maior parte da indústria nacional de papel utiliza ECF, mas é possível encontrar produtos TCF.

Como evitar a exposição à dioxina?

A dioxina já está presente nas nossas gordurinhas e nas gordurinhas de muitas pessoas ao redor do mundo. No entanto, é possível seguir alguns conselhos básicos para evitar a exposição a essa perigosa substância:

  • Produtos de papel: opte por papéis branqueados naturalmente ou não branqueados.
  • Alimentos: escolha alimentos orgânicos e com baixa quantidade de gordura. Tente cortar a carne da dieta. Foi comprovado que mães vegetarianas têm menos dioxina em seu leite materno.
  • Plásticos: quando for esquentar algum produto no micro-ondas, certifique-se de que ele foi feito especialmente para essa finalidade. Mesmo assim, dê preferência a recipientes de cerâmica e vidro. 
Equipe eCycle

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