Dioxina é um nome genérico usado para designar um grupo de substâncias químicas que são subproduto industrial de alguns processos, como produção de cloro, certas técnicas de branqueamento de papel e produção de pesticidas.
Talvez você nunca tenha ouvido falar destas substâncias químicas, mas elas estão presentes em seu corpo (mesmo que em pequena quantidade) e são perigosas. As dioxinas e furanos (outro tipo de subproduto) são considerados poluentes orgânicos persistentes (POPs), pois estes compostos orgânicos se acumulam na cadeia alimentar e no corpo humano.
A dioxina mais comum é o tetraclorodibenzeno-para-dioxina (2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina ou TCDD), considerada como cancerígena para humanos, mas existem mais de 400 substâncias agrupadas dentro da designação genérica. Outro exemplo de dioxina são os PCBs (do inglês polychlorinated biphenyls), os bifenilos policlorados, conhecidos no Brasil como ascarel. Essas substâncias são formadas principalmente a partir de reações químicas envolvendo átomos de cloro.
Além disso, a incineração de lixo também causa a emissão de dioxinas (queima de plástico, de papel, de pneus e de madeira tratada com pentaclorofenol), pois muitos produtos são tratados com cloro em sua fabricação. Alguns exemplos de itens que podem liberar alguns níveis de dioxina são filtros de café, toalhas de papel e absorventes internos que passaram por processos de branqueamento.
Não há nível saudável de exposição à dioxina e até uma quantidade pequena pode ser altamente tóxica, exatamente porque ela se acumula no organismo. Mesmo assim, a OMS e a União Europeia estabeleceram como limite a dosagem de 2,3 pg/kg/dia (picograma por quilo por dia). A agência americana EPA discorda, apontando 0,7 pg/kg/dia como quantidade máxima recomendável.
São limites que significam quantidades muito baixas. Porém, a própria descreve que o uso de filtro de café feito com papel branqueado industrialmente é suficiente para exceder os “níveis aceitáveis” de dioxina por toda uma vida.
A dioxina pode causar:
Ainda de acordo com a ATSDR, as dioxinas são encontradas em praticamente todas as amostras de pele e sangue de pessoas que não tinham conhecimento sobre terem sido expostas à substância.
Como a dioxina perdura na cadeia alimentar e se acumula em tecidos adiposos, a alimentação é responsável por 96% de toda a acumulação de dioxinas à qual estamos sujeitos. Os principais tipos de alimento que as contêm, de acordo com a ATSDR, são os seguintes: gordura animal presente em carne, laticínios ricos em gordura, peixes gordurosos (arenque, cavala, salmão, sardinha, truta e atum) e produtos que tenham sido expostos a pesticidas.
A contaminação pode ocorrer quando ingerimos alimentos que tiveram contato direto com embalagens que possuem dioxina. Também é possível que produtos íntimos femininos que passaram por processo de branqueamento liberem a substância, como absorventes internos.
Outra maneira de o organismo humano ser invadido pela dioxina é a respiração de gases, vapores e outras emissões provenientes de lixões que costumam incinerar seus resíduos.
A tabela abaixo, divulgada pelo Portal São Francisco, mostra quais são os processos responsáveis pela formação de dioxinas e quais são os emissores primários. Confira:
Processos Formadores de Dioxinas | Emissor primário de Cloro |
---|---|
Incineração do lixo hospitalar | PVC |
Fusão dos Metais ferrosos | PVC, queima de óleos à base de cloro, Solventes clorados |
Incineração de resíduos perigosos | Solventes gastos, detritos da indústria química, pesticidas |
Fundição secundária do cobre | Cabos cobertos com PVC, PVC em telefones e equipamento eletrônico, solventes clorados/óleos queimados |
Fundição secundária de Chumbo | PVC |
Produção química | Uso de Cloro ou organoclorados como reagente |
Moinho de trituração | Alvejantes com base em Cloro |
Incêndios residenciais e edifícios | PVC, Pentaclorofenol, PCBs, solventes clorados |
Incêndios em veículos | PVC, Óleos clorados queimados |
Queima de combustível de veículos | Aditivos clorados |
Incineração do lixo municipal | PVC, papel alvejado, lixo doméstico danoso |
Incêndios em Florestas | Pesticidas, deposição de organoclorados aerógenos |
Incineração de lodo de esgoto | Subprodutos da Cloração |
Queima de madeira (indl. Residl.) | PVC, Pentaclorofenol, ou químicos |
Se os parques industriais de todo o mundo deixassem de produzir dioxina, ainda levaria cerca de 30 anos para que os seres humanos diminuíssem consideravelmente o nível da substância em seus corpos. Como alternativas, algumas empresas tentaram substituir o cloro nos processos industriais utilizando dióxido de cloro, menos nocivo, o que pode ser aferido em produtos que exponham o selo ECF (Elemental Chlorine Free).
No Brasil, um projeto de lei de 2008 tentou fazer com que a indústria de papel só pudesse fabricar modelos livres de cloro (TCF), mas foi rejeitada. A maior parte da indústria nacional de papel utiliza ECF, mas é possível encontrar produtos TCF.
A dioxina já está presente nas nossas gordurinhas e nas gordurinhas de muitas pessoas ao redor do mundo. No entanto, é possível seguir alguns conselhos básicos para evitar a exposição a essa perigosa substância:
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