Pesquisas mostram que padrão alimentar rico em vegetais, fibras e gorduras boas diminui mortalidade e protege o coração desde a juventude
Dois estudos recentes conduzidos por pesquisadores da Universidade de Toronto e do Unity Health Toronto reforçam os benefícios da Portfolio Diet, um padrão alimentar baseado em plantas, na redução do risco de doenças cardiovasculares e mortalidade. Os resultados, publicados nas revistas BMC Medicine e BMC Public Health, demonstram que a dieta beneficia desde adultos mais velhos até jovens em fase inicial da vida adulta.
A primeira pesquisa, que analisou dados de quase 15 mil norte-americanos, revelou que seguir a Portfolio Diet está associado a uma diminuição de 16% no risco de doenças cardiovasculares e 18% no risco de doença arterial coronariana. Além disso, houve uma redução de 14% na mortalidade por todas as causas. O estudo, liderado por John Sievenpiper, médico e cientista do St. Michael’s Hospital, destacou que mesmo a adesão moderada à dieta trouxe benefícios significativos, como queda de 12% no risco de problemas cardíacos.
A dieta, criada em 2003 pelo professor David Jenkins, da Universidade de Toronto, prioriza alimentos como nozes, proteínas vegetais (feijão, tofu), fibras viscosas (aveia, maçãs) e gorduras monoinsaturadas (azeite de oliva, margarina enriquecida). Pontuações negativas são atribuídas ao consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas e colesterol.
Impacto em jovens adultos
Enquanto estudos anteriores focavam em populações mais velhas, a segunda pesquisa investigou os efeitos da dieta em cerca de 1.500 jovens adultos com idades em torno dos 20 anos. Os resultados, publicados no BMC Public Health, mostraram que maior adesão à Portfolio Diet estava ligada a níveis mais baixos de LDL (colesterol “ruim”), pressão arterial reduzida e menor risco cardiovascular acumulado ao longo da vida.
Victoria Chen, autora principal do estudo, explica que adotar pelo menos 50% das recomendações da dieta desde cedo pode atrasar o surgimento de fatores de risco cardiovascular em até seis anos. Já a adesão total pode postergar esses riscos em até 13 anos.
A pesquisa também destacou que alimentos práticos, como frutas, nozes e oleaginosas, já fazem parte dos hábitos de muitos jovens, facilitando a adoção de mudanças positivas. A inclusão desses itens na rotina alimentar pode ser um passo simples, porém eficaz, para proteger a saúde cardiovascular a longo prazo.
Os estudos reforçam que pequenas mudanças na alimentação, como substituir gorduras saturadas por fontes vegetais, têm impacto significativo na saúde do coração, independentemente da idade. A ampliação das pesquisas para diferentes grupos populacionais abre caminho para políticas públicas que incentivem padrões alimentares mais saudáveis desde a juventude.