Descarbonização: o que é e importância

De acordo com a definição dada pelo dicionário da Academia de Ciências de Lisboa, descarbonizar quer dizer “tirar o carbono”. Porém, em termos práticos, descarbonizar significa eliminar os combustíveis fósseis (fontes de energia baseadas em carbono) das opções de fontes energéticas para o abastecimento energético do País e do mundo. 

A descarbonização é um grande desafio para indústrias pesadas, como de cimento e aço, que não só consomem muita energia, mas também emitem dióxido de carbono na atmosfera como parte do processo de produção.

Combustíveis fósseis e CO2

“Combustíveis fósseis” é a denominação dada a um grande grupo de combustíveis não renováveis e que foram formados há milhares de anos a partir de restos de animais e vegetais. Esses recursos têm um papel importante na sociedade, já que representam mais de 75% da demanda energética mundial, sendo utilizados em veículos, indústrias e residências. Estão incluídos nessas fontes o carvão mineral, o gás natural, o petróleo e os seus derivados, como o óleo diesel e a gasolina.

A queima de combustíveis fósseis é a grande responsável pela emissão exacerbada de dióxido de carbono na atmosfera, causando poluição e alteração no equilíbrio térmico do planeta. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o dióxido de carbono é o principal contribuinte para a intensificação do efeito estufa e, consequentemente, do aquecimento global.

Por isso, a descarbonização é muito importante para o futuro do planeta. Conheça alternativas.

Hidrogênio verde

Imagem de Linus Nylund no Unsplash

No sentido da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente, “hidrogênio verde” é um termo utilizado para se referir ao hidrogênio obtido a partir de fontes renováveis, em um processo no qual não haja a emissão de carbono. Diferente dos combustíveis fósseis, o aproveitamento energético do hidrogênio raramente se dá por sua combustão, mas sim por meio de uma transformação eletroquímica, realizada em células conhecidas como células a combustível.

Nesses equipamentos, o oxigênio existente na atmosfera se combina com o hidrogênio, produzindo energia elétrica e água. Ou seja, o processo de geração de energia por meio de células a combustível em si não impacta o meio ambiente, razão pela qual pode-se classificá-lo como sendo um processo limpo.

Entretanto, antes de se avançar na discussão da geração de energia, é preciso ampliar a abordagem do processo de obtenção do hidrogênio puro (utilizado nas células a combustível). Deve-se analisar se a energia para sua obtenção provém de energias renováveis e, principalmente, se as matérias primas utilizadas para a obtenção do hidrogênio puro têm origem em fontes fósseis ou renováveis.

Chave para a descarbonização

O hidrogênio desempenha um papel essencial no caminho da transição energética e pode oferecer uma contribuição valiosa para a descarbonização de indústrias de alto consumo de energia. Mas, para torná-la um ator fundamental para um futuro energético mais sustentável, a eletrólise deve ser alimentada por energia renovável.

Para a Enel (Ente nazionale per l’energia elettrica), o hidrogênio verde representa a chave para um desenvolvimento sustentável e se encaixa perfeitamente na visão de sustentabilidade do Grupo Enel, que se baseia em um objetivo duplo: por um lado, a descarbonização com o uso das energias renováveis e o fechamento das usinas de carvão e, por outro, a produção de energia elétrica para consumo final.

Seguindo o Plano Estratégico do Grupo, que planeja se tornar uma empresa com emissão zero até 2050, a Enel Green Power está trabalhando para criar uma série de instalações híbridas que consistem de usinas de energias renováveis combinadas com eletrolisadores – estruturas que, por meio da eletricidade, dividem as moléculas de água em hidrogênio e oxigênio – para produzir hidrogênio verde, que será então vendido aos clientes para a descarbonização de seus processos.

Tecnologia que converte CO2 atmosférico em sólido

Pesquisadores australianos desenvolveram uma maneira inteligente de capturar dióxido de carbono e convertê-lo em carbono sólido para ajudar a avançar na descarbonização das indústrias pesadas. A tecnologia oferece um caminho para converter instantaneamente o dióxido de carbono à medida que é produzido e bloqueá-lo em um estado sólido, mantendo-o fora da atmosfera.

Se comparada com a tecnologia convencional de captura e armazenamento de carbono (CCS), esse método evita possíveis problemas de vazamento e bloqueia o dióxido de carbono de forma segura, de acordo com o líder da pesquisa. Além disso, ele sugere que como o processo não utiliza temperaturas muito altas, seria viável alimentar a reação com energias renováveis. No entanto, mais testes precisam ser feitos pela equipe. 

Descarbonização e segurança alimentar

O desmatamento para a abertura de novas áreas para a agricultura é responsável por cerca de 46% das emissões nacionais de gases do efeito estufa, segundo estudos.

Além de reduzir as emissões de poluentes atmosféricos, a agricultura de baixo carbono traz maior segurança alimentar, conforme apresenta Nina Von Lachmann, coordenadora do Grupo de Trabalho de Sistemas Alimentares do Conselho Empresarial Brasileiros de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

Ela defende que produtos provenientes da agricultura de baixo carbono causam impacto menor sobre o clima e o planeta. Logo, “consumir produtos alimentícios produzidos com menor impacto ajuda a diminuir as emissões de gases poluidores”, diz Nina.

É neste aspecto que o papel do consumidor se faz importante. Para ela, assim que os consumidores entenderem a produção de baixo carbono e conhecerem os impactos positivos sociais e ambientais da agricultura sustentável, “isso vai mudar o jogo”.

Julia Azevedo

Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.

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