Imagem editada e redimensionada de Joydeep, disponível no Wikimedia sob a licença CC BY-SA 3.0
Azolla é um gênero de plantas aquáticas pertencentes à família botânica Salviniaceae. Constituídas por um caule curto, ramificado e flutuante, com raízes que ficam penduradas na água, plantas desse gênero possuem um longo histórico de uso dentro da agricultura. No entanto, nos últimos anos, novos desenvolvimentos foram capazes de abranger a utilização da azolla em outras áreas.
Pode não parecer, mas essa pequena planta é um fenômeno da área da sustentabilidade. Por séculos, ela foi reconhecida como uma planta útil no sul da China e no norte do Vietnã, onde é comumente usada como biofertilizante e adubo verde para plantações de arroz.
Porém, não é só isso: a planta possui altíssima produtividade no ambiente certo, alto teor de proteína, efeito herbicida e capacidade de diminuir a volatilização do nitrogênio.
A azolla é usada como biofertilizante devido a uma característica importante da planta — ela forma relações simbióticas com cianobactérias fixadoras de nitrogênio, tornando-a um fertilizante natural. O nitrogênio é um componente-chave da clorofila, permitindo a fotossíntese e garantindo um bom desenvolvimento de plantações.
Ela é rica em proteínas, o que a torna um alimento acessível e ecológico para gado e peixes. Assim, reduzindo a dependência de alternativas comerciais na agropecuária e aquicultura, que possuem um grande impacto ambiental.
Além disso, seu rápido crescimento e capacidade de sequestro de carbono contribuem para a resiliência climática. A água do lago que habita é enriquecida com nitrogênio e pode ser usada para irrigar plantas/cultivos, aumentando seu valor para os agricultores.
Pesquisas indicam que a azolla pode ajudar na remoção de metais pesados de águas residuais. Segundo o estudo, isso é possível devido à presença de grupos carregados, como carboxila e fosfato, na matriz da planta.
Devido ao aumento dos preços do petróleo, esgotamento das reservas existentes de combustíveis fósseis e contínuas emissões de gases do efeito estufa, a procura por combustíveis renováveis é uma crescente preocupação no mundo atual. Portanto, muitas indústrias começaram a investir na produção de biomassa — matéria orgânica de origem vegetal ou animal usada com a finalidade de produzir energia.
A azolla é uma das ervas daninhas de crescimento mais rápido que duplica sua biomassa a cada 5–7 dias. Segundo um estudo, o rendimento da produção de óleo de azolla em um sistema de produção controlado é maior do que a produtividade anual de óleo de outras matérias-primas para biodiesel, como soja e colza.
Além disso, a composição da planta atende aos critérios definidos pela norma EN14214, como densidade do combustível, índice de cetano, viscosidade, acidez e índice de iodo para biodiesel.
Por conta da alta produtividade da planta ao longo do ano, é possível obter um rendimento considerável de óleo anualmente. Assim, tem sido relatado que ela parece ser uma fonte econômica de biodiesel, visto que é mais fácil de cultivar e está disponível globalmente. (1)
Um estudo da Universidade Penn State alega que a azolla pode servir como alimento que salva vidas para os humanos em caso de catástrofe ou desastre. Os pesquisadores descobriram que a variedade da planta conhecida como Azolla caroliniana é mais digerível e nutritiva para humanos do que as variedades que crescem na natureza e também são cultivadas na Ásia e na África para alimentação do gado.
“Outras espécies de azolla têm sido usadas em todo o mundo há milhares de anos como ração para gado e como ‘adubo verde’ para fertilizar plantações, devido à sua capacidade de fixar nitrogênio”.
“Acreditava-se que o uso da azolla para consumo humano fosse limitado por seu alto teor de polifenóis totais, o que interfere em sua digestibilidade. Mas esta pesquisa demonstra que o teor fenólico da cepa caroliniana é muito menor, e o cozimento da planta o diminui ainda mais”, explica Michael Jacobson, professor de ciência e gestão de ecossistemas da universidade.
Em concentrações pequenas, os polifenóis, que são encontrados em inúmeras variedades de alimentos de origem vegetal, são benéficos à saúde humana. Entretanto, altas concentrações do composto podem limitar a absorção de nutrientes no corpo e atuar como fatores antinutricionais.
Os pesquisadores testaram três métodos de cozimento — fervura, cozimento sob pressão e fermentação natural — para diminuir o conteúdo polifenólico em alimentos. Os testes mostraram que o teor total de fenol foi reduzido em 88%, 92% e 62% com fervura, cozimento sob pressão e fermentação natural, respectivamente, em comparação com a planta crua.
Por conta da natureza fácil e de rápido crescimento do cultivo da azolla, a planta é um recurso ideal durante desastres e catástrofes. Ela é uma planta comestível selvagem multiuso com grande potencial para benefícios econômicos, agrícolas, nutricionais e de resiliência, mas precisa de mais desenvolvimento.
“Seja para uma solução rápida em cenários de catástrofe ou para um plano de resiliência a longo prazo, a azolla caroliniana tem o potencial de fornecer grandes quantidades de proteína e calorias para pessoas e animais de criação”.
“Se os sistemas de cultivo e preparo da azolla puderem ser mais eficientes, seu cultivo em ambientes internos ou externos após desastres naturais poderá fornecer uma produção suplementar de nutrientes resilientes ao clima”, explicam os pesquisadores
Embora os inúmeros usos positivos da planta, ela também pode se tornar um empecilho. Isso se dá, principalmente, pelo seu rápido crescimento. Quando ela é cultivada em corpos d’água, a proliferação pode ser tão grande que acaba prejudicando a fauna e flora locais.
A cobertura total de um lago ou represa com azolla pode causar problemas significativos, como:
Ademais, se o problema não for tratado, a planta pode tornar a água do local inutilizável.
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