Hoje existem diferentes tipos de plásticos incolores, mas tudo começou em 1908 com Jacques E. Brandenberger, um engenheiro têxtil suíço. Sua primeira ideia surgiu enquanto ele jantava em um restaurante e um cliente derrubou vinho na toalha de mesa. O garçom trocou a toalha e Jacques decidiu criar uma película flexível que tornasse a toalha impermeável. Houve vários experimentos com diferentes materiais, mas quando ele aplicou viscose líquida descobriu algo diferente. A toalha ficou dura, mas ele percebeu que um filme transparente começou a descascar da toalha. Assim foi criado o papel celofane, o primeiro filme plástico transparente. Após diversos avanços, o celofane recebeu um revestimento de poli(cloreto de vinilideno), ou PVDC. Esta aplicação criou uma barreira impermeável para o oxigênio e umidade, produzindo a primeira embalagem não metálica para comida.
Hoje, o PVDC é um copolímero muito parecido com o PVC, usado em diversas embalagens, principalmente de alimentos e medicamentos. Sua função geralmente é de película final, servindo como vedação do produto. Como é um material caro, cerca de 85% do PVDC produzido é utilizado como uma película bem fina junto com outros materiais mais baratos, como PET, BOPP, papel, entre outros formando um filme laminado. A nomenclatura comercial mais conhecida para o PVDC é a resina Saran, que possui de 20% a 30% de PVC.
O PVDC vem sempre acompanhado de outros materiais. Em alimentos e cosméticos ele é bastante usado nas embalagens flexíveis, já nos medicamentos, ele é usado nas embalagens tipo blister (aquelas cartelas de comprimido, veja a imagem abaixo). Sua excelente funcionalidade fazem com que ele seja muito usado em produtos que precisam ser bem preservados.
Nos Estados Unidos o BOPP revestido com PVDC faz parte de 53% das embalagens da categoria de alimentos secos. Já no setor farmacêutico esse número é ainda maior, cerca de 67% das embalagens de blister usam filme de PVDC.
Embalagens de salsicha, leite, carne processada, queijo, cereal, café, biscoitos, molhos, sopas, ou aplicado em embalagens stand-up pouch, pouches e sachês para alimentos gordurosos, e cobertura para bandejas de massa fresca ou frios também podem conter PVDC.
Filmes para embalagem com atmosfera modificada ou a vácuo podem conter uma película de PVDC. Nas embalagens com atmosfera modificada o ar é retirado e substituído por uma específica mistura de gases controlado, isso aumenta bastante a vida útil do produto. Por exemplo, uma carne em refrigerador dura quatro dias; com embalagem de atmosfera modificada dura 12 dias. Café em temperatura ambiente, passa a durar de três ara 548 dias.
Entre os plásticos mais utilizados no mercado, o PVDC possui algumas vantagens:
Assim esse filme plástico preserva o sabor e as características do produto, aumentando sua durabilidade e qualidade.
Mas como sempre existe um porém, temos que analisar todo o ciclo do produto, se este é facilmente reaproveitado ou reciclado. Apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelecer que as embalagens fabricadas devem utilizar materiais que priorizem a reutilização ou reciclagem de maneira tecnologicamente viável, o PVDC não é um exemplo de material fácil de ser reciclado, porém é bastante usado.
Hoje existem três principais tipos de tratamento de materiais plásticos. A técnica mais usada no Brasil é a reciclagem mecânica, pode ser aplicada para materiais de um único polímero, mas materiais contendo PVDC apresentam instabilidade térmica nas temperaturas usadas no seu reprocessamento, o que não permite sua reciclagem mecânica.
As embalagens multicamadas requerem tecnologia mais avançada que atendam ao mesmo tempo viabilidade econômica e infraestrutura, que variam muito de acordo com as características locais. A película aplicada nas embalagens é bastante fina e, ao se juntar com outras múltiplas camadas, o seu processo de separação se torna muito complexo.
A reciclagem energética por incineração, que pode transformar plástico em energia ainda não existe no Brasil. A incineração convencional de materiais contendo PVDC representa um grande problema pois existe cloro na sua composição em uma concentração até maior que a existente no PVC. E substâncias halogenadas, ao serem aquecidas, geram compostos tóxicos como dioxinas, que são cancerígenas.
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) lançou uma cartilha sobre a reciclabilidade de materiais plásticos pós consumo. Embalagens contendo PVDC de alimentos, bebidas, fármacos e higiene pessoal possuem um baixo potencial de reciclabilidade, estando na pior colocação na categoria “parcialmente viável”. Portanto, esse material é difícil de ser reciclado, acabando por ser descartado em aterros sem nenhum reaproveitamento.
Já existem tecnologias para transformar plásticos em energia e matéria-prima, mas ainda está não está em fase comercial. Também há novos materiais surgindo, o BC 1558 e o CBS2, alternativas mais sustentáveis para substituir o uso do PVDC. Esses materiais não possuem cloro e têm a mesma ou até melhor função de impermeabilidade e resistência que o PVDC.
Tais tecnologias podem demorar um pouco para serem introduzidas em larga escala e de forma viável, portanto o que podemos fazer agora é consumir conscientemente (saiba como identificar um produto com PVDC).
A Associação Brasileira de Embalagens (Abre) recomenda priorizar os materiais que sejam passíveis de reciclagem mecânica e afirma que quanto mais complexo a embalagem for e maior o número de materiais utilizados, mais complexo e caro será o processo de revalorização.
Veja o vídeo (em inglês) sobre a transformação de plásticos que não podem ser reciclados em energia e outras matérias-primas.
Procure o ponto de reciclagem para plástico e outros diversos materiais mais próximo de você!
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