Sopa de joumou: o prato da virada do ano no Haiti

Sopa de joumou é um prato haitiano famoso por ser consumido no dia primeiro de janeiro, a virada do ano. A sopa de joumou tem significado importante para os habitantes do Haiti, o prato apimentado e agridoce é um símbolo de liberdade, comunidade, coragem e união entre os haitianos.

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Sopa histórica

A sopa de Joumou ganhou significado importante depois que o Haiti conseguiu sua independência da França em primeiro de janeiro de 1804. O prato foi criado pela primeira e única imperatriz do Império de Liberdade do Haiti. Maria Clara do Haiti foi responsável por escolher pessoalmente cada um dos ingredientes da sopa e ainda torná-la um alimento nacional, que deveria ser consumido sempre no primeiro dia do ano.

A sopa de Joumou é feita a partir de abóbora, batata, cenoura, vegetais, yucca aromatizantes e caldo de carne. Ela era preparada pelos escravizados antes da revolução, com os restos de alimentos deixados pelos colonizadores, ossos e hastes bovinas. 

Para sobreviver, os escravizados precisavam aprender a cultivar os próprios vegetais, e foi dessa ação que surgiu o cultivo dos alimentos necessários para a sopa de joumou. O consumo da sopa de joumou durante o ano novo se tornou um símbolo de revolução e vingança contra os colonizadores que oprimiram o Haiti por tantos anos.

O ato de compartilhar

Mas além do significado de independência, revolução e orgulho, a sopa de joumou também chama atenção para a importância do ato de compartilhar. Durante as festas de ano novo e independência, que ocorrem no Haiti no dia primeiro de janeiro, é comum que os habitantes compartilhem um pouco de suas sopas com vizinhos, amigos e parentes.

A sopa de joumou também é um símbolo de união, de estar junto como um todo e desejar boas energias e desejos para aqueles que se quer por perto. Antes de morrer, a imperatriz Maria Clara do Haiti costumava entregar a sopa de joumou durante sete dias pelo país todo, como um ato de solidariedade. 

A divisão da sopa de joumou por toda a nação é uma forma de manter a tradição e espalhar a história de coragem dos ancestrais haitianos, que precisaram lutar para ver o seu país longe das garras de seus opressores. Para aqueles que crescem dentro da cultura, se uma pessoa come, então todos se alimentam bem.

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Reconhecimento pela Unesco

Recentemente, a sopa de joumou entrou para a Lista do patrimônio cultural da Unesco. Essa lista tem como intuito proteger qualquer tradição nacional de diversos países do mundo. A Organização das Nações Unidas para Educação e Ciência, Unesco, afirmou que a ação foi tomada devido à importância histórica da sopa quando se trata da independência haitiana.

Receita tradicional de sopa de joumou

Ingredientes

  • 1,5 kg de carne, cortada em pedaços
  • 1/2 colher de sopa de sal
  • 3 cravos
  • Tomilho a gosto
  • Suco de limão
  • 2 dentes de alho picados
  • 1 colher de sopa de salsinha bem picadinha
  • 1,5 kg abóbora, descascada, com cordas e sementes removidas
  • 2 cenouras
  • 1 cebola grande
  • 1 nabo médio
  • 1 talo de aipo
  • 1 ou 2 pequenas raízes inhame médio
  • 2 batatas médias
  • 1 colher de sopa de sal
  • 1/2 xícara de macarrão
  • Água

Modo de preparo:

  1. Coloque a carne cortada em pedaços em uma panela. Acrescente ½ colher de sal, cravo, tomilho, suco de limão, alho e salsa. Adicione 2 xícaras de água até cobrir tudo e cozinhe em fogo médio;
  2. Lave, descasque e esmague a abóbora, cenoura, cebola, nabo, inhame e batata. Quando tudo estiver macio, adicione a carne acrescente 1 colher de sopa de sal, cubra tudo com uma tampa ou alumínio e volte a cozinhar;
  3. Retire a polpa e amasse até se tornar um purê;
  4. Adicione 2 xícaras de água quente para o purê de abóbora, e coloque de volta na sopa;
  5. Adicione o macarrão e reduza o calor do fogão, deixando cozinhar destampado por uns 10 minutos, sempre mexendo com a colher. Por fim, a sopa de joumou está pronta para ser servida.

Sopa de joumou em sua versão alternativa vegana

Foto de Foodie Factor no Pexels

Se você tem interesse em provar a sopa de joumou, mas se preocupa com o meio ambiente e o bem-estar animal e não come nenhum tipo de carne ou derivado animal, existe uma opção vegana que é tão deliciosa quanto a receita original. Confira a seguir a receita de sopa de joumou vegana:

Ingredientes

  • 4 xícaras de cubos de abóbora
  • 8 xícaras de água fervendo
  • 1 cebola grande picada
  • 1 chalota cortada em cubos
  • 3 dentes de alho picado
  • 2 cenouras picadas
  • 1 talo de aipo picado
  • 2 batatas em cubos
  • 1 batata-doce em cubos
  • 1/4 couve napa, aproximadamente 4 xícaras cortadas
  • 1 nabo cortado em cubos
  • 3 copos de brócolis floretes
  • 1 xícara de milho doce (fresco ou congelado)
  • 2 pimentas de calabresa inteiras, ou outra pimenta picante, picada fina
  • 3/4 de cravo-da-índia moído
  • 1-½ tomilho
  • 1 lata de leite de coco inteiro
  • Sal e pimenta gosto
  • 4 cebolinhas picadas
  • 1 colher de sopa de salsa picada ou coentro
  • Sumo de 2 limão
  • 1-2  xícara de xarope de bordo ou açúcar mascavo
  • 1 xícara de arroz cozido ou massa de arroz cozido (opcional)

Modo de preparo:

  1. Colocar os cubos de abóbora sobre uma folha de papel manteiga bem oleada. Assar até ficarem macios e dourados. Retirar do forno e colocar de lado;
  2. Enquanto isso, numa grande panela de caldo, deixe as cebolas e chalotas durante 5 minutos até se tornarem translúcidas;
  3. Adicione as cenouras, aipo, batatas, batata-doce, nabo e alho, e continuar a cozinhar durante mais 5 minutos;
  4. Adicione os brócolis, a couve napa e a pimenta picante, e cozinhe mais 5 minutos;
  5. Acrescentar 8 xícaras de água fervente e o milho, cozinhar a sopa em fogo alto;
  6. Num processador de alimentos ou liquidificador, combine a abóbora assada, o leite de coco, 1 xícara de água, e o xarope de bordo, e misture até ficar macio;
  7. Acrescentar à panela da sopa;
  8. Acrescentar o tomilho e o cravinho e continuar a cozinhar por mais 15 minutos.
  9. Antes de servir, adicione o sumo de limão, cebolinha e salsa ou coentro. Ajustar o sal e a pimenta a gosto.
Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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