Imagem editada e redimensionada de Kurt Stüber, disponível no Wikimedia sob a licença CC BY-SA 3.0
Harmal (Peganum harmala L.), também conhecida popularmente como arruda da Síria, é uma planta perene pertencente à família Zygophyllaceae. Nativa de regiões áridas e semi-áridas no mundo todo, ela foi e ainda é comumente usada nos sistemas medicinais tradicionais do Paquistão, China, Marrocos, Argélia e Espanha para tratar vários distúrbios crônicos de saúde.
Diversas partes da Harmal são usadas na medicina tradicional, principalmente na Ayurveda. Acredita-se que as sementes secas, folhas, cascas e raízes desta planta têm propriedades medicinais, com efeitos antibacterianos, psicoativos e terapêuticos.
Tipicamente, as sementes da planta são moídas e usadas em pó, assim como outras especiarias. No entanto, elas também podem ser utilizadas em forma de incenso em práticas de fumigação e inaladas como fumaça.
Uma pesquisa publicada no jornal Communications Biology descobriu o uso mais antigo conhecido da Harmal em práticas de fumigação. Segundo os pesquisadores, as descobertas oferecem uma visão sem precedentes das primeiras práticas terapêuticas e sensoriais árabes, revelando que algumas plantas já eram usadas por suas propriedades bioativas e psicoativas há quase 2.700 anos.
O estudo aplicou técnicas avançadas de perfil metabólico para analisar resíduos orgânicos preservados dentro de dispositivos de fumigação da Idade do Ferro.
Os dispositivos foram escavados no noroeste da Arábia Saudita, hoje conhecido como Qurayyah Painted Ware.
“Nossas descobertas representam evidências químicas da queima mais antiga conhecida de Harmal, não apenas na Arábia, mas globalmente”, afirma Barbara Huber, autora principal do estudo.
“Nossa descoberta esclarece como comunidades antigas se baseavam no conhecimento tradicional sobre plantas e em suas farmacopeias locais para cuidar da saúde, purificar espaços e potencialmente desencadear efeitos psicoativos.”
Os efeitos psicoativos da Harmal se dão pela presença da harmina, alcalóide alucinógeno encontrado nas cascas das sementes da planta. No entanto, a Peganum harmala não é a única planta que possui o composto — ele também está presente em uma videira sul-americana (Banisteriopsis caapi) da qual os nativos da Cordilheira dos Andes preparavam uma droga para uso religioso e medicinal.
Além de ser um psicoativo, a harmina tem muitos usos medicinais tradicionais e atividades farmacológicas, como propriedades antimicrobianas, anti-HIV e antiparasitárias. Adicionalmente, estudos científicos também conduziram e verificaram muitos dos usos tradicionais do composto, incluindo efeitos anti-inflamatórios, antimicrobianos, antiparasitários e anticancerígenos.
Segundo os investigadores do estudo publicado no Communications Biology, a integração da análise biomolecular com a arqueologia permite identificar não apenas que tipo de plantas as pessoas usavam, mas também onde, como e porquê eram usadas antigamente.
Conhecida por suas propriedades antibacterianas, psicoativas e terapêuticas, a Peganum harmala ainda é usada na medicina tradicional e em práticas de fumigação doméstica na região. As novas descobertas ressaltam sua importância cultural e medicinal de longa data.
“Esta descoberta demonstra as profundas raízes históricas das práticas tradicionais de cura e fumigação na Arábia”, acrescenta Ahmed M. Abualhassan, codiretor do projeto Qurayyah pela Comissão do Patrimônio.
Entretanto, além dos usos tradicionais, práticas ainda recentes, como a Ayurveda, utilizam a Harmal devido à diversos possíveis benefícios, que incluem:
Embora possua diversos usos dentro da medicina ayurvédica, não existem evidências científicas suficientes para comprovar a eficácia da Harmal no tratamento de problemas de saúde. Ademais, o uso da planta como chá medicinal pode trazer riscos à saúde, com evidências de que altas doses de Peganum harmala podem ser fatais.
Portanto, antes de usá-la, assim como outra erva medicinal, é importante ter cautela e consultar um profissional de saúde. A automedicação não substitui, de maneira alguma, o conselho médico profissional.
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