Efeito de borda. Imagem editada e redimensionada de Ibama, está disponível em Flickr e licenciada sob CC by 2.0
Quando uma área de floresta é dividida ou reduzida, as partes que ficam na “beirada” começam a mudar. É isso que chamamos de efeito de borda: alterações que acontecem justamente nessas regiões externas da mata porque elas passam a estar em contato direto com o ambiente ao redor, geralmente áreas abertas e modificadas pelo ser humano.
Isso acontece porque, ao substituir grandes trechos de vegetação nativa por outros usos, como pastagens ou lavouras, criamos fragmentos isolados de floresta cercados por essa nova paisagem. E é nesse encontro entre a mata e a área alterada que o efeito de borda surge e se intensifica.
A origem desses fragmentos implica na formação de uma borda florestal. A borda florestal é definida como uma região de contato entre a área ocupada e o fragmento de vegetação natural. Ela promove mudanças nos parâmetros físicos, químicos e biológicos do sistema, como disponibilidade energética e fluxo de organismos entre tais ambientes.
Os efeitos de borda podem ser divididos em abióticos e biológicos diretos ou indiretos.
Os efeitos abióticos envolvem mudanças nos fatores climáticos ambientais, onde a zona de influência das bordas é maior em relação à exposição aos ventos, altas temperaturas, baixa umidade e alta radiação solar.
Já os efeitos biológicos diretos abrangem alterações na abundância e na distribuição de espécies provocadas pelos outros fatores abióticos nas proximidades das bordas. O aumento da densidade de indivíduos, devido à maior produtividade primária, causada pelos altos níveis de radiação solar é um exemplo.
Por fim, os efeitos indiretos envolvem mudanças na interação entre as espécies. Tais como predação, competição, herbivoria, dispersão de sementes e polinização.
Quando a mata é desmatada e uma pequena área permanece isolada, as árvores que ficavam no meio da floresta passam a estar nas bordas do fragmento. Muitas espécies apresentam dificuldades de adaptação aos novos aspectos naturais à sua volta. Mudanças de luminosidade e temperatura são fatores que as adoecem.
Conforme as árvores da borda morrem, o efeito pode continuar ocorrendo na vegetação remanescente. Existe a possibilidade de que toda a área seja extinta. No entanto, a dinâmica de um fragmento depende de diversos fatores. Tipo de vizinhança, grau de isolamento e formato da área, são alguns deles.
Além de ficarem muito mais vulneráveis às alterações, as florestas fragmentadas acabam sendo arremetidas por organismos invasores. Plantas rasteiras, trepadeiras e capim adentram a mata e interferem no crescimento e desenvolvimento de outras espécies. Muitas vezes, quando atingem esse ponto, as áreas são irrecuperáveis.
Vale ressaltar que quanto menor e mais isolado for um fragmento florestal, mais sujeito ao efeito de borda ele estará. Como as dificuldades ocorrem em até 500 metros dentro da mata, muitos fragmentos são inteiramente áreas de borda.
De acordo com especialistas, a variação de espécies é comum em todos os sistemas biológicos. Porém, os fragmentos florestais possuem algumas características especiais, que os tornam mais complexos. A grande quantidade de pressão exercida sobre as áreas de florestas culminam na perda dessa biodiversidade.
As alterações que acontecem na mata que fica à borda de um fragmento vegetal influenciam também na fauna local: com a entrada de algumas espécies de plantas e a morte de outras, ocorrem mudanças na cadeia alimentar.
Muitos animais silvestres morrem por causa da modificação em seu habitat, outros, afugentados, migram para áreas próximas. Entretanto, o fragmento florestal nem sempre está destinado aos efeitos de borda e à morte das espécies nativas. Procedimentos de manejo ambiental podem reduzir os impactos do isolamento de uma área de vegetação nativa, preservando parte dos seus recursos e da sua biodiversidade.
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