Ciclos de Milankovitch e as formação das eras glaciais

A teoria dos ciclos de Milankovitch, desenvolvida pelo astrofísico Milutin Milankovitch (1879-1958), explica as variações orbitais da Terra e as mudanças de temperatura ao longo do período Quaternário.

A teoria explica como surgem as eras glaciais ao longo do tempo e como a temperatura da Terra muda tão radicalmente em questão de milhares de anos, sem a interferência humana.

O filme “A Era do Gelo” e os ciclos de Milankovitch

O filme “A Era do Gelo”, apesar de ser fictício, retrata um momento real de glaciação da Terra, onde a média de temperatura global era bem abaixo do que é hoje em dia. No primeiro filme da série, é possível observar que os animais enfrentam um processo de aquecimento natural do planeta.

O momento que é retratado na película pode ser chamado de período glacial, enquanto o período geológico em que vivemos atualmente é chamado de interglacial. Esses momentos distintos, com ampla diferença de temperatura média global, podem ser explicados pelos Ciclos de Milankovitch, que acontecem no período quaternário (período geológico atual). Entenda o que são esses ciclos, e sua influência nas mudanças climáticas:

O que diz a teoria de Milankovitch?

Milutin defendia que existem três principais variações cíclicas que são capazes de explicar as mudanças na quantidade de energia solar que atingia a Terra há milhões de anos, alterando consequentemente, a temperatura do planeta. 

Vale ressaltar que essas mudanças acontecem de forma bem lenta, em uma escala de dezenas de milhares de anos, fazendo com que a Terra passe por longos períodos glaciais (com baixas temperaturas médias), e interglaciais (com temperaturas médias parecidas com as que temos hoje em dia).

Os ciclos orbitais se alternam de acordo com três elementos: a excentricidade, a obliquidade e a precessão.

Variações na excentricidade orbital da Terra

Essa é a variação que ocorre em uma escala de 100 mil anos, onde há mudança na forma com que a Terra orbita em torno do Sol. Nessa variação, a excentricidade (distância do centro) da órbita da Terra muda em relação ao Sol, apresentando movimento elíptico (oval). Essa mudança na obliquidade se dá principalmente pela força que o campo gravitacional de outros planetas do sistema solar exercem sobre a Terra.

Mudanças na obliquidade

Essa é a mudança no movimento da inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao Sol. Podemos usar como figuração um pêndulo. Quando esse pêndulo está parado, ele fica na vertical. A partir do momento em que alguém o empurra, ele começa a se mover de um lado para o outro, inclinando-se em relação ao seu eixo original. A sua mudança se dá em torno de 41 mil anos, e a inclinação em que a Terra gira está em torno de 22,5° e 24,5º.

NASA, Mysid, Public domain, via Wikimedia Commons

Mudança na precessão

A precessão é o movimento que o planeta realiza em relação à direção do eixo de rotação da Terra, como um pião em constante movimento. Ela ocorre pelo formato não perfeitamente esférico da Terra, e sofre influência das forças gravitacionais entre o Sol e a Lua sob a Terra. Esse movimento da Terra é alterado em cerca de 25 mil anos.

Lucas Vieira, Public domain, via Wikimedia Commons

Qual a influência dos ciclos de Milankovitch para as glaciações?

Sabendo desses ciclos climáticos da Terra, as mudanças vistas dentro desses processos são responsáveis pela ampla mudança na temperatura do planeta em questão de milhares de anos. Com isso, a Terra passa por constantes períodos de glaciação, e curtos períodos de interglaciação.

Variação de temperatura (°C) em milhares de anos atrás. Imagem redimensionada de Original: Unknown Vector: Autopilot, sob licença CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

Vale ressaltar que essa mudança na temperatura da Terra desencadeia efeitos de retroalimentação que aumentam a intensidade do aquecimento ou resfriamento global. Alguns desses efeitos atuam nos dias atuais, com o aquecimento provocado pelo ser humano.

Então, é importante saber que o aquecimento da Terra acontece tanto de forma natural, em escalas de tempo de milhares de anos, como de forma antrópica (pelo ser humano). Entretanto, lideranças científicas já provaram que o momento atual de aquecimento acentuado e repentino do planeta é consequência do desenvolvimento insustentável do ser humano, e não dos ciclos de MIlankovitch. 

O último relatório do IPCC (2022) concluiu que atividades humanas como a pecuária e a queima de combustíveis fósseis são as principais impulsionadoras das mudanças climáticas.

Para se aprofundar mais nesse assunto, acesse o pdf, e para uma melhor esquematização, assista o vídeo:

Vitor Barreiros

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