Uakari dos Kanamaris: nova espécie endêmica da Amazônia

A Amazônia é a região com a maior biodiversidade do planeta, com uma quantidade estimada de 62 espécies diferentes de primatas. Dentre eles, temos o gênero de macaco Cacajao que, em maio de 2022, ganhou mais uma espécie registrada: uakari dos Kanamaris, de nome científico Cacajao amuna.

Ele é uma nova espécie descoberta de primata endêmica da Amazônia, possuindo características diferentes de outros macacos do mesmo gênero. Seu nome é dado em homenagem ao subgrupo Amuna-dyapa do povo indígena Kanamari, situado nos tributários da margem direita do Rio Juruá.

Habitat e características

Os uakaris dos Kanamaris são encontrados em florestas inundadas (várzeas) na margem direita do Rio Tarauacá, que banha os estados do Acre e Amazonas. Suas características são parecidas com uma outra espécie de uakari, o uakari-branco, de nome científico Cacajao calvus

Porém, o uakari dos Kanamaris possui uma pelagem totalmente branca e homogênea, com alguns pontos mais acinzentados, diferente do uakari-branco, que têm uma pelagem mais alaranjada. A seguir, temos uma ilustração que mostra as diferenças entre os uakaris dos Kanamaris (imagem de cima) e os uakaris-brancos (imagem de baixo).

Imagem de Molecular Phylogenetics and Evolution

Além disso, ele também possui o rosto nu e avermelhado, que caracteriza todas as espécies de macacos do mesmo gênero.

Desmatamento e mudanças climáticas

O estudo que registrou essa nova espécie também apontou preocupações em relação a ameaças à espécie devido ao desmatamento e mudanças climáticas. O uakari dos Kanamaris vive em áreas próximas a centros urbanos em expansão, onde a rodovia BR-364 corta o Rio Tarauacá, região em que eles se localizam. Isso significa que seu habitat é um hotspot que, infelizmente, sofre muito desmatamento, deixando a espécie vulnerável e, também, causando o fenômeno de savanização.

Junto a isso, o desmatamento pode causar danos irreversíveis à espécie, pois ele destrói e fragmenta as rotas de dispersão de primatas, que são animais arbóreos e precisam de áreas contínuas de árvores para migrarem e sobreviverem. 

Carolina Hisatomi

Graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e protetora de abelhas nas horas vagas.

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