Projeto em Berlim defende criação de área sem carros maior que Manhattan

Em 2019, um grupo de três amigos na Alemanha iniciaram um projeto que visa a criação de uma área sem carros em Berlin. O projeto foi intitulado como Volksentscheid Berlin autofrei, que pode ser traduzido para “Decisão popular para Berlim sem carros” e tem como objetivo remover a circulação de carros dentro do espaço de uma linha circular de trem na cidade, Ringbahn

Esse espaço delimitado é maior que a totalidade de Manhattan, e se o projeto for aceito, será a maior área sem carros do mundo. 

O grupo trabalhou em conjunto com advogados pro bono, que criaram regulamentações para que a lei funcionasse. O objetivo do projeto não é excluir todos os carros da área, mas sim, limitar o número de automóveis de uso privado. Veículos de emergência, comerciais, usados para delivery, táxis e caminhões de lixo teriam licenças especiais que garantiriam sua circulação no espaço. Além disso, residentes de mobilidade limitada que dependem de carros também poderiam circular pela área.

Porém, a maioria do trânsito da área seria limitada para transportes públicos, bicicletas e pedestres. 

O que é micromobilidade?

Embora o projeto não mencione o impulsionamento da micromobilidade, ainda é possível associá-la com o que é discutido pelo grupo. A micromobilidade é uma categoria de meios de transporte leves designados para uso individual e que operam por menos de 25 km/h. Suas variedades mais comuns incluem bicicletas, lambretas elétricas e skates. 

Além disso, a área proposta combate um dos problemas da micromobilidade — o uso do transporte público. Enquanto os micro-transportes possam ajudar o meio ambiente, acredita-se que trocar o transporte público por bicicletas e lambretas elétricas pode elevar as emissões de gases do efeito estufa. Por isso, incentivar o transporte coletivo é benéfico.

A regulamentação proposta pelo grupo ainda não foi aceita, mas está sendo avaliada pelo Senado de Berlim. Em abril de 2020, os organizadores do projeto conseguiram reunir mais de 50 mil assinaturas que endossam a campanha. 

A previsão para a decisão do senado é em fevereiro, porém, se for negada, o grupo poderá reunir mais assinaturas. Estima-se que com o apoio de mais de 175 mil pessoas, o projeto irá diretamente para uma votação pública em 2023.

O transporte público de Berlim pode ser um dos motivos que impulsionam a aceitação da regulamentação. Os trens, por exemplo, passam a cada cinco minutos e se deslocam facilmente pela cidade. Berlim também já contém ciclovias que ajudam a evitar a necessidade de usar carros. 

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Um dos empecilhos para que o projeto seja aceito pelo público são os motoristas. Ainda é necessário convencê-los de que a ideia é boa, mesmo não os beneficiando diretamente. Os fundadores da ideia acreditam que mostrar exemplos onde uma proposta parecida foi aceita pode ajudar na aceitação pública.

Alguns bairros da cidade já adotaram áreas de tráfego limitado, chamadas de “Kiezblocs”. Porém, o projeto impulsionado pelo grupo Volksentscheid Berlin autofrei tem a capacidade de fazer mais pelo meio ambiente, e consequentemente, pelo aquecimento global. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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