Entenda o que é ecoeficiência energética

O termo “ecoeficiência energética” está relacionado ao uso mais eficiente de materiais e energia, a fim de reduzir custos econômicos e impactos ambientais. Criado em 1992, o conceito atualmente é adotado por empresas no mundo todo para conseguir produzir mais gastando menos insumos e matérias-primas. A ecoeficiência se dá por meio dos 3Rs: reduzir o consumo, reutilizar o que for possível e reciclar. O conceito sugere uma significativa ligação entre eficiência dos recursos e responsabilidade ambiental.

Apesar de ser amplamente implementada em empresas, a prática também pode ser adotada por indivíduos que procuram ter hábitos mais sustentáveis no cotidiano. Isso porque a ecoeficiência energética é uma atividade intimamente relacionada ao desenvolvimento sustentável.

Com o uso eficiente dos recursos energéticos, é possível reduzir os impactos causados pelo ser humano sobre o meio ambiente. Dessa forma, podem ser diminuídas as demandas por combustíveis e outros insumos associados à energia, bem como a poluição hídrica e aérea causadas por eles.

O que é ecoeficiência?

Segundo a definição do World Business Council for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, em tradução livre), o termo ecoeficiência pode ser entendido como uma forma de produzir e fornecer bens e serviços competitivos no mercado com menor consumo de recursos naturais e menor geração de poluentes. O objetivo é satisfazer as necessidades humanas e manter a qualidade de vida com um mínimo de alterações negativas ao meio ambiente.

A ecoeficiência pode ser aplicada em nossas atitudes diárias. Para isso, devemos levar em conta as questões socioambientais no momento da aquisição de bens, assim como ao contratar serviços, procurando sempre avaliar os impactos causados.

Dicas práticas

Confira algumas dicas práticas que podem ser aplicadas ao adquirir produtos ou serviços seguindo o conceito de ecoeficiência energética:

  • Ao adquirir produtos eletrônicos nacionais, opte pelos que possuem o selo de eficiência energética do Procel e, entre eles, aqueles que consomem menos energia. No caso de produtos importados, opte pelos que possuem o selo Energy Star;
  • Procure formas alternativas e renováveis para a geração de energia, como placas solares e biodigestores;
  • Prefira a aquisição de monitores de LCD, que reduzem em média 40% do consumo de energia elétrica;
  • Dê preferência para a aquisição de lâmpadas fluorescentes, eletrônicas ou LEDs, que possuem maior durabilidade e eficiência. Os LEDs são considerados os mais ecológicos, porque não possuem mercúrio em sua composição e reduzem o consumo de energia;
  • Utilize sistemas ecológicos de refrigeração;
  • Se possível, substitua sistemas de iluminação convencionais por automáticos.

Além disso, alguns selos e certificações ambientais evidenciam o compromisso da empresa com a responsabilidade social e com o meio ambiente. Por isso, é importante questionar se produtos oferecidos possuem certificação florestal ou selo para materiais, produtos e equipamentos, confirmando seu atendimento aos critérios de salubridade, qualidade, economia e responsabilidades social e ambiental.

Como ressaltado, o Selo Procel é um exemplo. Criado pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Procel, programa do Governo Federal executado pela Eletrobras, o Selo Procel foi instituído por Decreto Presidencial em 8 de dezembro de 1993. Ele tem como finalidade ser uma ferramenta simples e eficaz que permite ao consumidor conhecer, entre os produtos à disposição no mercado, os mais eficientes e que consomem menos energia.

A energia no Brasil é ecoeficiente?

O Brasil é o país que detém o maior potencial hidrelétrico do mundo. Na verdade, a maior parte da energia elétrica produzida no nosso país é proveniente de usinas hidrelétricas. Apesar de ser considerada por muitos uma fonte de energia “limpa”, existem outras alternativas mais limpas, como a solar e a eólica.

Nos casos em que as usinas hidrelétricas são instaladas em locais com a presença de fauna e flora, a principal fonte de emissão de gases do efeito estufa acontece pela decomposição da matéria orgânica da vegetação e dos animais presentes na área de inundação.

Outros impactos negativos dos empreendimentos hidrelétricos são as mudanças no modo de vida de animais e das populações que residem na região ou no entorno do local onde as usinas são implantadas. A sobrevivência dessas comunidades, que muitas vezes são identificadas como populações tradicionais (povos indígenas, quilombolas, comunidades ribeirinhas, amazônicas e outros), depende da utilização dos recursos provenientes da região onde vivem.

Energia solar e ecoeficiência energética

O investimento em energia solar é considerado, em todo o mundo, uma das medidas mais eficazes para alcançar a ecoeficência energética. A opção pelos sistemas fotovoltaicos dispensa o uso de fontes hídricas e termoelétricas, que têm custos elevados de produção, são escassas e geram impactos negativos para o meio ambiente.

Um sistema fotovoltaico também elimina uma cadeia de desperdício de energia, desde a geração até a distribuição pela concessionária. Além disso, a energia solar é renovável, inesgotável e traz uma redução de até 90% na conta de luz.

Ao contrário dos combustíveis fósseis, o processo de geração de eletricidade a partir de painéis solares não emite dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio e dióxido de carbono – poluentes com efeitos nocivos para a saúde humana e que contribuem negativamente para as mudanças climáticas.

A sinergia e a complementaridade da energia solar com o sistema de geração eólica são uma alternativa limpa à necessidade de instalação de novas usinas movidas a combustíveis fósseis, uma vez que elas ajudam a reduzir os impactos ambientais negativos da instalação de novas usinas, aliviam o sistema elétrico e reduzem o risco de blackout.

Por isso, a energia solar é vista como uma das fontes de energia renovável mais promissoras para combater a crise climática e os impactos da poluição por combustíveis fósseis no planeta.

Painéis solares a base de perovskita

perovskita é um mineral de óxido de cálcio e titânio, com a fórmula química CaTiO3. O mineral foi descoberto nos Montes Urais da Rússia por Gustav Rose em 1839 e deve o seu nome ao mineralogista russo Lev Perovski (1792-1856).

A aplicação de perovskita como células solares é proeminente, uma vez que as sintéticas são reconhecidas como materiais de base para fotovoltaicos de baixo custo e alta eficiência. Especialistas preveem que o mercado de células fotovoltaicas de perovskita chegará a 214 milhões de dólares em 2025.

Em 2016, a Unicamp foi a primeira instituição a produzir células solares de perovskita no Brasil. O material, que vem sendo pesquisado pela ciência desde a década de 1960, mas que apenas recentemente teve a aplicação voltada para a geração de energia solar, é uma alternativa mais acessível e eficiente ao silício, empregado amplamente em sistemas fotovoltaicos.

Especialistas acreditam que o uso do material em sistemas fotovoltaicos resultará em maior eficiência energética e abrirá um um mercado altamente competitivo, reduzindo o valor dos painéis solares. Além disso, as células solares de perovskita oferecem atributos adicionais como flexibilidade, semitransparência, filme fino, peso leve e baixos custos de processamento.

As perovskitas oferecem uma vantagem significativa sobre o silício em aplicações fotovoltaicas, uma vez que as perovskitas reagem a uma gama mais ampla de frequências de luz visível, o que significa que convertem mais luz solar em eletricidade do que o silício.

Por que investir na ecoeficiência energética?

Investir na ecoeficiência pode trazer inúmeras vantagens para corporações. Através de um sistema de gestão ambiental, a ecoeficiência é essencial para diminuir custos de produção (e consequentemente aumentar os lucros), evitar riscos ambientais e à saúde dos funcionários ou clientes, reduzir a poluição, chegar à conformidade legal ambiental, garantir a manutenção dos recursos naturais disponíveis e motivar as pessoas envolvidas com o seu produto/serviço a se engajarem em questões ambientais.

A ecoeficiência é uma das principais medidas que contribuem para um futuro sustentável. Além de gerar diversos benefícios para empreendimentos, adotar uma postura ecoeficiente significa satisfazer as necessidades humanas e proporcionar qualidade de vida sem causar impactos ambientais e gastando o mínimo dos recursos naturais não renováveis. Por isso, é extremamente importante que cada um faça a sua parte para uma pegada mais leve.


Julia Azevedo

Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais