Déjà vu: o que é, causas e complicações

O déjà vu é o sentimento de já ter experienciado algo sem nunca realmente ter vivido aquilo. O termo vem do francês, formulado pelo filósofo Émile Boirac, e se traduz como “já visto”. Apesar de ser uma sensação comum, que acarreta pelo menos 97% da população mundial pelo menos uma vez na vida, o déjà vu também pode apontar para existência de condições como epilepsia e enxaqueca crônica.

A primeira vez que esse conceito foi descrito foi no ano 400 a.C, pelo filósofo antigo St.Augustine, que o chamou de “falsa memória”. Em algumas situações, o déjà vu é visto como a lembrança de algo que já ocorreu, mas na verdade, não é nada mais do que a falsa percepção de que um acontecimento já foi vivido pelo indivíduo.

Durante o déjà vu o indivíduo tem a sensação de já ter vivido, ouvido, visto ou feito aquilo, porém ele também sabe que isso não aconteceu. É como se o cérebro criasse uma memória falsa ou se baseasse em uma realidade alternativa, sem que exista uma explicação.

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O que provoca a sensação de déjà vu?

Não se sabe exatamente porque o déjà vu ocorre, porém existem teorias que tentam explicar — seja de forma científica ou mítica. Muitas pessoas acreditam e defendem que o déjà vu é um sentimento decorrente de memórias de vidas passadas ou de visões, mas a ciência não foi tão longe na explicação, culpando sintomas de estresse, cansaço e ansiedade pelo gatilho desses eventos.

Para especialistas, esses fatores podem causar déjà vu devido a sua capacidade de afetar tanto a memória a longo prazo, como a de curto prazo. Assim, as duas acabam se embaralhando no cérebro e causando confusão no indivíduo. As teorias que podem explicar esse processo são:

Funcionamento da memória afetada: é a teoria mais antiga. Ela  defende que o cérebro processa as memórias mais velhas mais rápido do que as recentes. Logo, um indivíduo cansado e estressado pode confundir ambas e acreditar que as memórias de curto prazo estão sendo construídas naquele momento.

Memórias de outros: o cérebro guarda memórias não apenas de nossa vida, mas também de filmes, livros, séries e peças. Desta forma, ele pode identificar uma situação que acha que se parece com algo que viveu na vida real, mas é a lembrança de uma leitura ou de um filme que viu no passado e que não aconteceu. 

Duplo processamento: quando o cérebro processa os sentidos e as memórias eles passam primeiro pelo lobo temporal do hemisfério esquerdo, depois para o hemisfério direito. Assim que a análise da informação for finalizada, ela é mandada de volta para o lado esquerdo. Caso a segunda passagem para o lado esquerdo demore, o cérebro pode ter dificuldade de processar a informação, identificando-a como algo do passado. 

Acionamento de características semelhantes: em teoria, o cérebro segue dois processos em uma cena familiar: procura elementos semelhantes à memórias anteriores e, ao encontrá-las, avisa o corpo sobre a semelhança. Caso essa relação não funcione de maneira correta, a pessoa pode acreditar que já viveu uma ocasião, quando na verdade, não viveu. 

Hipótese de familiaridade Gestalt: segundo essa teoria, as pessoas podem ter um déjà vu quando estão em um ambiente com estrutura semelhante à outra que já frequentaram. Por exemplo, se um indivíduo for em um hospital e tiver essa sensação, pode ser que ele já tenha visto um outro hospital com a mesma estrutura e decoração. Porém, nesse caso, não é possível recordar da ocasião anterior. 

É normal ter déjà vu?

A resposta é sim, até certo ponto. O déjà vu é um sentimento comum, que pode acontecer com qualquer pessoa, e provavelmente já foi vivenciado por pelo menos metade da população humana. É normal que pessoas entre 15 e 25 anos tenham essa sensação anualmente, e a probabilidade dela surgir vai reduzindo com o passar dos anos.  

Porém, quando apresenta certos sintomas junto da sensação, o déjà vu pode estar escondendo uma condição séria. Se você apresentar confusão, dor de cabeça, perda de consciência, fraqueza, convulsões e tremedeiras durante um déjà vu, pode ser que esteja sofrendo de epilepsia ou danos na região do cérebro. 

Além disso, quando essas situações passam a se repetir com frequência, pelo menos mais de uma vez por mês, é preciso ir atrás de ajuda médica. Apenas um profissional de saúde pode identificar a causa desses sintomas e diagnosticar possíveis condições que causam convulsões. 

Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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