A cratera de Batagaika é, na verdade, uma depressão termocárstica localizada na Sibéria, Rússia. Inicialmente identificado na década de 60 por imagens de satélite, o buraco é resultante do derretimento do permafrost devido ao aumento da temperatura impulsionado pelo aquecimento global.
Esses mesmos fatores contribuíram para a formação de diversas de crateras de permafrost na paisagem do norte da Rússia, mas nenhuma rivaliza com o tamanho de Batagaika. Conhecida como “porta do inferno” ou “portal para o inferno”, a cratera cresceu ao longo dos últimos 60 anos de uma ravina insignificante a uma enorme depressão.
Estima-se que ela cobre 81 hectares, se estende por um quilômetro de comprimento e tem 50 metros de profundidade, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
Porém, o apelido pode não apenas indicar a profundidade do buraco. De fato, o derretimento do permafrost, não apenas da Sibéria, pode ser um problema para a população mundial.
Para melhor entender a formação, é importante ressaltar que ela não é, de fato, uma cratera. Esse nome é reservado para buracos em forma de tigela no solo que são causados pelo impacto de meteoritos, erupções vulcânicas ou uma explosão natural ou provocada pelo homem.
Em vez disso, a “cratera” de Batagaika “é um degelo retrógrado, o maior do mundo, na verdade”, explica Roger Michaelides, professor assistente de ciências da Terra e planetárias na Universidade de Washington.
O permafrost, apesar do nome, não é realmente permanente; é essencialmente solo que permanece congelado a 0°C ou menos por mais de dois anos.
“Com o aumento da temperatura do ar no Ártico, o permafrost pode derreter e, quando isso acontece, pode resultar em mudanças drásticas na paisagem”, disse o especialista ao howstuffworks.
“Em áreas com permafrost rico em gelo, o degelo induz o derretimento do gelo subterrâneo, o que faz com que o solo recue e forme depressões irregulares na superfície. Algumas dessas depressões podem se encher de água acumulada e formar lagos termocársticos, e, às vezes, o início do termocárstico pode resultar em grandes cortes e depressões no solo, à medida que o permafrost continua a derreter e se torna instável. Foi mais ou menos isso que aconteceu com a cratera de Batagaika.”
Ao longo do derretimento do permafrost, a cratera de Batagaika ofereceu inúmeras descobertas científicas. De fato, espécies nunca então encontradas foram escavadas e hoje são fósseis reconhecidos pela comunidade.
No entanto, infelizmente, não são apenas momentos da história que são descongelados com o tempo.
À medida que a cratera cresce, material congelado e inacessível por 650 mil anos é exposto. Isso inclui matéria orgânica e carbono — acredita-se que a cratera contenha pelo menos o dobro de carbono já presente na atmosfera. E, se o derretimento continuar de forma consistente, 220 bilhões de toneladas de carbono poderiam ser liberadas em cerca de 300 anos.
Além disso, vírus e outros patógenos podem ser abrigados no permafrost. Um estudo publicado em 2023, por exemplo, revelou que pesquisadores reviveram um ‘vírus zumbi’ de 48.500 anos descoberto no permafrost do Ártico.
É difícil apontar o quão grande a cratera pode ficar com o tempo. Porém, atualmente, ela continua se expandindo a uma taxa de 1 milhão de metros cúbicos por ano, posando uma grande ameaça à vida no planeta.
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