Cidade de mais de 600 anos é encontrada na Amazônia

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Exemplos de urbanismo foram encontrados na Amazônia em nova pesquisa arqueológica, insinuando a existência de cidades perdidas há mais de 600 anos. Localizada na Bolívia, em torno de Llanos de Mojos, a cidade pertencente à Cultura Casarabe contém centros urbanos e tipos de arquitetura piramidal.

Com ajuda de um helicóptero que sobrevoava a quase 200 metros de altura, o grupo de cientistas utilizou uma tecnologia de sensoriamento remoto baseada em luz (LiDAR) para remover digitalmente parte da vegetação local. Essa digitalização revelou escombros de civilizações distintas, insinuando que a Amazônia já foi densamente povoada e consideravelmente “urbana”. Registros de calçadas e sistemas de controle e distribuição de água mostram partes de uma civilização “atual”, porém datada 600 anos atrás.

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Grande parte dos escombros encontrados por pesquisadores já remetia a descobertas anteriores na Amazônia. E, embora muitos especialistas da área acreditem que as estruturas não podem ser consideradas “urbanas”, outros alegam que a pesquisa conseguiu exemplificar o trabalho e evolução dos seres humanos dentro da arquitetura e urbanização.

Pesquisas anteriores na área já haviam mostrado partes dessas áreas pertencentes à Cultura Casarabe da Bolívia, porém, era quase impossível associar esses locais à uma mesma população por conta da vegetação presente da área, que impossibilita a visão de helicópteros. Além disso, mesmo visitas físicas eram dificultadas pela orientação dos locais. 

A partir disso, o time do estudo publicado no site Nature.com conduziu pesquisas aéreas em locais previamente associados com a Cultura Casarabe entre 500 e 1400 d.C. A tecnologia LiDAR funciona disparando feixes infravermelhos, que “escaneiam” a região e ajudam a criar um mapeamento do local com a distância exata. Esse sistema possibilitou a descoberta de 26 locais, 11 que eram desconhecidos anteriormente. 

Embora algumas áreas já tivessem sido encontradas previamente, a pesquisa foi responsável por detalhar a complexidade arqueológica da região além de relatar o tamanho das cidades — Landivar e Cotoca, por exemplo, têm respectivamente 1,2 m² e 0,5 m². Foram encontrados dois centros maiores, que são interligados por outros assentamentos suburbanos. Esses centros eram rodeados por muralhas e fossos, o que exemplifica, mais uma vez, o tipo de urbanização local. 

A duração dos escombros, porém, foi comprometida pelo material de construção usado. Os tijolos de barros utilizados na época comprometeram a aparência do que foi encontrado das cidades, diferentemente de outros monumentos da época que foram construídos a partir de calcário.

Não se sabe exatamente qual foi o motivo do desaparecimento dos habitantes das cidades perdidas. Enquanto muitos historiadores acreditam que a causa foi uma seca generalizada, é impossível concluir se os reservatórios de água dos locais funcionavam como abastecimento de água ou criação de peixes. 

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A pesquisa concluiu que a Amazônia não é composta de áreas intocadas, e sim, por imensidões desconhecidas, incluindo civilizações esquecidas. Contudo, o vasto desmatamento e outras práticas exploratórias do território podem comprometer futuras descobertas culturais e históricas. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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