Cetamina: o que é, efeitos e usos

A cetamina, também chamada de ketamina, é uma substância utilizada nas áreas médica e veterinária como um anestésico e sedativo. Contudo, em outros casos, ela também é usada como droga ilícita de uso recreacional. 

Como droga dissociativa, a cetamina atua em substâncias químicas no cérebro, produzindo distorções auditivas e visuais e reproduzindo efeitos similares a alguns alucinógenos, como o LSD. Por outro lado, ela também pode sedar, incapacitar e causar perda de memória recente em algumas pessoas. 

No Brasil, o uso da cetamina é legal como anestésico e analgésico e em alguns medicamentos para o tratamento de depressão. Esse uso da substância começou a ser explorado pela comunidade médica no ano de 2000 em um estudo realizado pela Universidade de Yale.

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Efeitos

Não existe uso seguro e controlado da cetamina como droga recreacional. A sua utilização deve ser inteiramente prescrita por especialistas da área de saúde, dentro dos padrões aceitos pela Anvisa — como anestésico, analgésico e outros tipos de medicamentos. 

Contudo, o seu uso recreacional ainda é procurado por seus efeitos, que podem variar de acordo com diversos fatores como saúde, peso, quantidade tomada, força da droga e costume. Entre os possíveis efeitos da cetamina estão: 

  • Alucinações visuais e auditivas
  • Confusão
  • Ansiedade, pânico e violência
  • Sentir-se separado do seu corpo
  • Felicidade e relaxamento
  • Batimentos cardíacos acelerados
  • Pressão arterial alta
  • Vômito
  • Fala arrastada e visão turva
  • Menor sensibilidade à dor

Já em doses prescritas, os efeitos colaterais da cetamina envolvem: 

  • Sonolência
  • Visão turva
  • Confusão
  • Náusea
  • Vômito
  • Tontura
  • Sensação de desconforto

Usos terapêuticos

Dentro da medicina, a cetamina possui diversos usos aprovados, seguros e com embasamento científico para cobrir seus efeitos positivos em algumas situações. 

Indução de anestesia geral

Seu uso mais comum dentro da medicina é para induzir anestesia geral sozinha ou com outros anestésicos gerais. Em prontos-socorros, ele produz sedação na redução de fraturas, tratamento de luxações articulares e reparação de feridas em indivíduos não cooperativos, como crianças. 

Tratando a dor

Como analgésico, a cetamina é usada em doses pequenas para aliviar dores de algumas condições como fraturas e traumas. 

Tratamento de estado de mal epiléptico (EME)

O estado de mal epiléptico é uma forma do estado epiléptico caracterizado por convulsões que duram mais de cinco minutos ou mais de uma convulsão em menos de cinco minutos. Pacientes de EME não respondem à maioria dos medicamentos no mercado, potencializando os riscos da condição. Porém, uma pesquisa de 2015 indicou que a cetamina pode ser usada efetivamente no tratamento do EME.

Tratamento da depressão

Desde o primeiro ensaio clínico randomizado realizado por Yale, a cetamina é estudada por seus efeitos antidepressivos. Em 2019, por exemplo, seu uso foi reconhecido e regulado pelo Food and Drug Administration dos Estados Unidos. 

Já no Brasil, a regulamentação de antidepressivos à base de cetamina ocorreu em 2020, com um medicamento inalável capaz de ajudar no tratamento da depressão. 

Embora o tratamento com cetamina seja regulamentado, o uso de outros antidepressivos ainda é mais comum. Especialistas recorrem à medicamentos à base dessa substância em poucos casos, preferindo métodos convencionais. 

A Administração de Repressão às Drogas dos Estados Unidos alega que a substância tem um potencial moderado a baixo de dependência física e psicológica.

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Tratamento de ansiedade

No tratamento da ansiedade, contudo, a aplicação de cetamina não é regulamentada e requer mais estudos. Entretanto, um ensaio clínico de 2017 concluiu que a substância responde ao tratamento eficaz do transtorno de ansiedade social.

Como age

No organismo, a cetamina age inibindo receptores de HCN1, uma proteína responsável pela atividade rítmica espontânea no coração e no cérebro. Em doses altas, também pode se ligar aos receptores opioides mu e sigma. Ela também interrompe o neurotransmissor glutamato, que está envolvido na aprendizagem, memória, emoção e reconhecimento da dor.

Abuso de cetamina

Por conta de seus efeitos alucinógenos, a cetamina é utilizada como droga recreacional embora sua proibição. A droga pode ser injetada, cheirada ou consumida oralmente e pode levar à overdose e até a morte. Além disso, ela pode ser utilizada em conjunto com outras substâncias como a cocaína, MDMA e anfetaminas. 

Acredita-se que a popularização de seu uso recreacional tenha surgido na década de 70 como uma droga de boate — usada, na maioria das vezes, dentro de festas como raves e festivais. Após o seu primeiro boom entre a população jovem, a cetamina foi usada como droga de estupro por seus efeitos sedativos. 

O abuso da cetamina em longo termo pode causar:

  • Flashbacks
  • Mau olfato (pela inalação)
  • Mudanças de humor e personalidade, depressão
  • Memórias, pensamentos e concentração fracas
  • Dor abdominal
  • Tolerância à droga
  • Função anormal do fígado ou dos rins
Imagem de Hailey Kean no Unsplash

Síndrome da bexiga de cetamina

Um dos efeitos mais conhecidos da droga é a síndrome da bexiga de cetamina — um tipo de inflamação e dano da bexiga resultante do uso constante da droga. Essa condição é caracterizada pela dificuldade em segurar a urina e incontinência, que pode causar ulceração na bexiga.

Vício

Fora do uso clínico, a cetamina é proibida por lei. Seus efeitos, embora, muitas vezes rápidos, podem afetar permanentemente a mente humana, desencadeando problemas maiores e dependência psicológica. 

Se estiver sob o efeito da substância, procure ajuda. Confira o site dos Narcóticos Anônimos para mais informações sobre reuniões ou acesse sua linha de ajuda.

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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