Uma pergunta que deve passar na cabeça de cada futura mãe: Cafeína na gravidez faz mal para a mãe e o bebê?
A cafeína é o psico-estimulante mais consumido no mundo. Contudo, ela pode oferecer sérios riscos à saúde quando consumida em excesso. Por isso, mulheres grávidas devem estar atentas, pois o consumo exagerado de cafeína pode trazer complicações ao bebê em todas as fases da gravidez.
Isso porque o consumo da cafeína na gravidez atravessa a placenta e a barreira hematoencefálica (estrutura que protege o sistema nervoso central), e por isso pode ser encontrada no líquido amniótico, no sangue do cordão umbilical, no plasma e na urina do bebê.
Para adultos saudáveis, a agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA), afirma que 400 mg de cafeína é uma porção segura e não deve causar efeitos adversos. Isso equivale a algo em torno de 4 a 5 xícaras de café.
Por outro lado, a quantidade de cafeína varia com o tipo de café e o modo de preparo. De acordo com a International Coffee Organization, o café instantâneo (solúvel/em pó) costuma ter menos cafeína que cafés torrados e moídos. Uma xícara de café, recomendada pela FDA, corresponde a 150 ml. Entretanto, se o café for expresso (contém mais cafeína), a xícara é menor, equivale a 40 ml.
Uma xícara de café, torrado e moído, feito no coador, contém uma média de 80 mg de cafeína. No entanto, esse valor pode variar, entre 40 e 170 mg, pois depende da qualidade do café. No caso do café solúvel, uma xícara pode conter de 30 a 120 mg de cafeína, o que dá uma média de 65 mg por xícara.
Não existe um padrão fixo, portanto, é importante ler bem o rótulo do produto e utilizar esses valores como base, sem abusar.
Desde os anos 70 foram realizados diversos estudos que analisam a influência da cafeína na gravidez. Eles relacionam o abuso da substância com a restrição do crescimento fetal, de acordo com um estudo publicado no BMJ – Evidence-Based Medicine, a prematuridade, o baixo peso ao nascer e o aborto espontâneo.
Apesar da divergência quanto a dose, a dica é maneirar no consumo, ingerindo apenas pequenas quantidades de cafeína, e sempre consultar seu obstetra sobre alterações em sua dieta.
Por ser um estimulante, a cafeína não afeta somente a forma como a mãe se sente; também pode afetar a forma como o bebê se sente. Ela altera o ritmo cardíaco e o metabolismo, podendo fazer mal para o organismo do bebê e interferir no crescimento e desenvolvimento de células fetais.
De acordo com um estudo do departamento de obstetrícia e ginecologia da Universidade de Medicina de Tohoku, no Japão, mulheres que consomem mais que cinco xícaras de café por dia durante a gravidez têm maior incidência de aborto, parto prematuro, anormalidades cromossômicas, má formações congênitas e crescimento reduzido do feto.
Outro estudo, publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology, confirma que grávidas com um consumo elevado de cafeína estão mais suscetíveis a sofrerem um aborto espontâneo no segundo ou ainda, no primeiro trimestre, quando comparadas com mulheres que não ingerem cafeína.
Se você gosta muito de café, não se desespere. Você não precisa cortar totalmente o café de sua dieta, basta controlar a quantidade de cafeína. Alguns pesquisadores sugerem que o consumo de gestantes se mantenha abaixo de 300 mg diários.
Já a FDA defende que a ingestão deveria se manter abaixo de uma xícara de 200 mg de cafeína por dia (correspondente a duas xícaras de café coado ou uma xícara e meia de café expresso). Também existe a opção de café descafeinado.
Um trabalho do Institut de Neurosciences des Systèmes (INS) investigou os efeitos do consumo da cafeína durante a gestação e a lactação em camundongos. Os pesquisadores concluíram que a ingestão de café pode atrapalhar o processo de construção do cérebro e causar um desequilíbrio.
A substância proporciona um atraso de vários dias na migração de um grupo específico de neurônios gabaérgicos (que secretam ácido gama-aminobutírico, principal neurotransmissor inibitório do cérebro) para o hipocampo (região cerebral relacionada com memória e percepção espacial). Como consequência desse desequilíbrio, os filhotes se tornaram mais propensos a sofrer de epilepsia e apresentar convulsões febris, além de possuírem memória espacial menos eficiente.
A ingestão intensa de cafeína também está relacionada com modificações em proteínas cruciais para o desenvolvimento e maturação das sinapses, segundo uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realizada em roedores.
Além disso, outros estudos relacionam o consumo de cafeína durante a gravidez, de forma intensa, com arritmia nos bebês e com um aumento do risco da criança desenvolver leucemia.
Nós sabemos que “somos aquilo que comemos”, mas a alimentação durante a gravidez pode ganhar proporções ainda maiores. Por isso, é importante prestar atenção na alimentação durante o período gestacional. Hábitos alimentares, remédios, rotina de exercícios, estado psicológico, tudo deve ser levado em consideração. Esses elementos irão nutrir o corpo da mulher e uma nova vida.
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