Abelhas podem sentir dor, aponta pesquisa

Um estudo realizado pela Queen Mary University of London indica que as abelhas podem sentir dor. De acordo com especialistas da área, a pesquisa pode abrir as portas para um novo entendimento sobre insetos e outros animais — e que o mundo contém muito mais seres sencientes do que era esperado.

Anteriormente às descobertas, outras pesquisas já sugeriram que as abelhas são animais extremamente inteligentes e inovativos. Com a habilidade de fazer contas simples e capazes de reconhecer rostos humanos, esses insetos são extremamente importantes para o equilíbrio do ecossistema terrestre e responsáveis pela polinização de cerca de 70% dos alimentos.

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Além da inteligência desses animais, outras pesquisas também foram capazes de provar que as abelhas possuem emoções. De acordo com o cientista cognitivo Lars Chittka, também responsável pelo estudo recente, as abelhas podem se sentir momentaneamente deprimidas ao serem pegas em teias de aranhas e, mesmo após escaparem, “seu comportamento muda; por dias depois, ela tem medo de cada flor”. 

Após a descoberta dessas emoções presentes nos insetos, Chittka conduziu uma série de experimentos para conseguir provar que os animais também sentem dor. O critério usado no estudo foi o de trocas motivacionais — onde elas são expostas à dor para ganharem recompensas. 

Esse método já foi usado em outras pesquisas e conseguiu comprovar a senciência em outros animais, como caranguejos e outros crustáceos, que são reconhecidos como animais sencientes sob as leis do Reino Unido. 

O time de pesquisadores da Queen Mary University of London trabalhou com 41 abelhas. Os insetos receberam as opções comedouros de alta qualidade — dois contendo uma solução de açúcar de 40% e dois com porcentagens mais baixas de sacarose. Ambos os tipos de comedouro foram colocados em cima de almofadas térmicas individuais de cor rosa ou amarela. Em um primeiro momento onde ambas as almofadas estavam desligadas, todas as abelhas escolheram os comedouros com maior concentração de sacarose. 

Após o primeiro estágio, os especialistas ligaram as almofadas amarelas, onde os comedouros com a maior porcentagem de sacarose estavam e perceberam que as abelhas preferiam suportar um calor de 55ºC para adquirir a melhor concentração de açúcar. Mesmo com a opção de saírem desses locais, os insetos permaneceram se alimentando por esses comedouros.  

Em um segundo momento, quando todos os comedouros continham a mesma solução de alta sacarose, as abelhas evitaram as almofadas amarelas — que foram associadas ao calor. 

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Embora seja uma grande descoberta, os especialistas ainda não conseguem provar que as abelhas sentem e percebem dor igual aos humanos. Eles alegam que seria impossível provar que o sistema nervoso dos insetos permite que a dor se registre como uma emoção complexa, tal qual nos humanos. 

Mesmo assim, além dos crustáceos, essa foi a primeira demonstração de que artrópodes também podem agir pelas trocas motivacionais. Desse modo, a pesquisa foi essencial para um maior entendimento sobre as necessidades de bem-estar dos insetos. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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