Uma em cada dez crianças de até cinco anos está acima do peso no Brasil

Por Victor França em Conexão UFRJUma em cada dez crianças brasileiras de até cinco anos tem excesso de peso. A condição prejudica o crescimento e o desenvolvimento infantil e pode gerar doenças crônicas graves ao longo da vida, como problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão e até câncer. O excesso de peso também foi registrado em mais da metade das mães biológicas com filhos nessa faixa etária: 58,5%. Os dados inéditos são do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019).

“Chamamos de excesso de peso a combinação de sobrepeso e obesidade. Entre as crianças brasileiras menores de cinco anos, 7% apresentam sobrepeso e 3%, obesidade. Entre as mães biológicas de filhos nessa faixa etária, o sobrepeso aparece em 32,2% dos casos e a obesidade em 26,3%”, explica o coordenador do Enani-2019, Gilberto Kac, professor titular do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ).

Encomendada pelo Ministério da Saúde, a pesquisa avaliou 14.558 crianças e 12.155 mães biológicas em 12.524 domicílios brasileiros, em 123 municípios dos 26 estados e no Distrito Federal.

O Enani-2019 mostra, também, que quase um quinto das crianças brasileiras de até cinco anos (18,6%) estão em uma faixa de risco de sobrepeso. 

“São crianças que precisam ser monitoradas de perto, porque a curva do ganho de peso para a idade já está superior ao recomendado pelo Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse estágio, ainda é possível intervir e melhorar o estado de saúde, evitando consequências de curto, médio e longo prazo”, complementa Kac.

O coordenador do Enani-2019 ressalta que os resultados trazem evidências científicas atualizadas para a definição de políticas públicas de saúde. “Até então, os dados mais recentes sobre o estado nutricional antropométrico de mães e filhos de até cinco anos eram de 2006. De lá para cá, o cenário mudou bastante. A prevalência de excesso de peso em crianças nessa faixa etária aumentou de 6,6%, em 2006, para 10%, em 2019. Entre as mães, o aumento foi de 43% para 58,6% no mesmo período”, aponta Kac.

Baixa altura para a idade

Um dado surpreendeu os pesquisadores do Enani-2019: 7% das crianças brasileiras de até cinco anos apresentam baixa estatura para a idade. 

“A baixa altura para a idade mostra que essas crianças sofreram restrições que prejudicaram o seu crescimento e o seu desenvolvimento. Esse quadro pode ser decorrente de infecções recorrentes e está relacionado ao baixo consumo de nutrientes, possivelmente associado à insegurança alimentar. A prevalência do indicador diminui conforme a faixa etária das crianças aumenta, o que sugere que a situação vem se agravando nos últimos anos”, explica Kac. 

De acordo com o estudo, a prevalência de baixa altura para a idade é de 9% entre bebês de até 11 meses e de 10,2% entre os de 12 a 23 meses. A frequência do problema é menor em crianças que nasceram até 2016: 6,5% na faixa etária de 2 a 3 anos, 5,8% entre 3 e 4 anos e 3,4% entre 4 e 5 anos.

Os resultados da pesquisa sobre o estado nutricional antropométrico da criança e da mãe serão apresentados ao vivo na próxima terça-feira, dia 8/2, às 15h, no canal do YouTube do INJC/UFRJ.

Sobre o Enani-2019

O Enani-2019 é a primeira pesquisa com representatividade nacional a avaliar, simultaneamente, em crianças menores de cinco anos, práticas de aleitamento materno, alimentação complementar e consumo alimentar individual, estado nutricional antropométrico e deficiências de micronutrientes, incluindo as deficiências de ferro e vitamina A. 

Foram realizadas visitas domiciliares em 123 municípios brasileiros entre fevereiro de 2019 e março de 2020, totalizando 14.558 crianças menores de cinco anos. 

O Enani-2019 foi encomendado pelo Ministério da Saúde e coordenado pela UFRJ. O projeto tem parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), sob financiamento da Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Com informações da assessoria de comunicação do Enani-2019

Equipe eCycle

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