Não é só a Amazônia: outras florestas também sofrem com as consequências das ações humanas

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Uma nova pesquisa publicada no PNAS indica que grande parte do desmatamento de florestas ao redor do mundo é resultante da indústria mineradora. De acordo com os dados divulgados, a Indonésia é apontada como o país com a maior perda de biodiversidade — 58,2% das florestas tropicais da área foram desmatadas à custa da expansão de minas industriais. 

Porém, esse não é o único país da lista. Com a Indonésia, o relatório divulgou três outros países que abrigam 80% do desmatamento do mundo causado pela mineração industrial — Brasil, Gana e Suriname. 

Esse é o primeiro estudo a examinar de forma abrangente a perda das florestas resultante da mineração. Através de suas descobertas, especialistas envolvidos na pesquisa concluíram que 3.264 quilômetros quadrados de florestas tropicais foram desmatadas entre os anos de 2000 e 2019 por conta dessas atividades.

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Entre os alvos da atividade mineradora das áreas estão materiais como ouro, carvão, minério de ferro e bauxita. 

A mineração dessas áreas é responsável pelo desmatamento, perda de biodiversidade, destruição de ecossistemas e habitats naturais da fauna selvagem, poluição, produção de resíduos perigosos e da interrupção de fontes naturais de água. Além disso, o estudo comprovou que parte desses impactos não é resultante apenas da mineração direta. 

Em dois terços dos países tropicais, o desmatamento avançou cerca de 50 quilômetros além das minas — um resultado da infraestrutura de transporte, instalações de armazenamento e crescimento de municípios. 

De acordo com o autor do estudo, Anthony Bebbington, parte da extração é derivada da crescente demanda por minerais. Especificamente, metais para energia renovável e tecnologias de mobilidade eletrônica. Desse modo, ele aponta a necessidade do reconhecimento desses impactos pelo governo e pela indústria, para que as florestas tropicais sejam conservadas. 

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Embora a mineração tenha atingido seu ápice entre 2000 e 2014 na Indonésia, Brasil e Gana, essa indústria permanece em expansão. Na Indonésia, por exemplo, o nível de desmatamento vem diminuindo anualmente desde 2015, porém, as descobertas da pesquisa enfatizam a necessidade de um planejamento de uso da terra para garantir que o processo de mineração não continue contribuindo para o desmatamento e perda de biodiversidade em florestas tropicais. 

Pesquisas anteriores realizadas na Amazônia comprovaram que a valorização da população indígena e de comunidades locais pode ser uma solução para a prevenção do desmatamento nessas áreas. Um relatório das Nações Unidas também enfatizou essa prioridade, concluindo que o reconhecimento de grupos indígenas é fundamental para reduzir os riscos das mudanças climáticas.

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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