“Lêmure” é o termo usado para descrever qualquer prossímio, ou seja, primatas que evoluíram antes dos macacos e dos símios — ou qualquer primata indígeno de Madagascar e das Ilhas Comores.
Seguindo esse padrão, hoje, são reconhecidas cerca de 100 espécies de lêmures espalhadas por essas áreas. E, embora não haja competição de outros primatas e pouca predação, esses animais são considerados o grupo de mamíferos mais ameaçado de extinção do mundo.
Isso se dá devido a diferentes tipos de ameaças. Primeiramente, esses animais são apenas encontrados em Madagascar. De fato, cerca de 90% da fauna e flora de Madagascar é exclusiva da ilha.
Porém, nos últimos tempos, outro fator foi ainda mais responsável pelo desaparecimento dos lêmures. Esses pequenos mamíferos são constantemente ameaçados pela caça, uma vez que sua carne é vista, para muitos, uma iguaria.
Os lêmures são caracterizados por seus grandes olhos, rostos semelhantes aos de raposas, corpos semelhantes aos de macacos e membros posteriores longos. O tamanho dos animais pode variar com a espécie, com algumas medindo 9 centímetros e outras alcançando até 70 centímetros de altura.
Muitas espécies de lêmures possuem focinho, e todas têm um nariz úmido e sem pelos com narinas curvas. Esse focinho é único entre os primatas e lhes confere um olfato excepcional. Possuem cinco dedos nas patas dianteiras e traseiras, e algumas espécies têm patas traseiras mais longas que as dianteiras, o que lhes permite saltar.
Sua cauda varia em comprimento, dependendo da espécie — elas podem ser mais compridas que seus corpos, mas algumas espécies têm apenas um toco.
Apesar de serem primatas, os lêmures são menos inteligentes que os macacos. Seu olfato é mais aguçado, mas sua visão menos. E, embora algumas espécies sejam ativas durante o dia em certos momentos, seus olhos parecem ser adaptados à vida noturna, trocando acuidade visual por maior sensibilidade em condições de baixa luminosidade.
O habitat dos lêmures e o terreno em que vivem variam muito.
Madagascar possui uma alta cordilheira que atravessa o seu centro, criando diversas zonas climáticas distintas. Por exemplo, o leste é úmido, o oeste seco e o sul ainda mais seco. Portanto, os animais evoluíram para ocupar os diversos nichos ecológicos, desde florestas tropicais até semidesertos.
São animais dóceis e gregários, vivendo em bandos de dez ou mais. Além disso, se alimentam de uma grande variedade de comidas, incluindo frutas, folhas, brotos, insetos, pequenos pássaros e ovos de pássaros. Contudo, a dieta varia entre as diferentes espécies. Algumas, por exemplo, são principalmente insetívoras, enquanto outras se alimentam quase exclusivamente de folhagem.
Todas se reproduzem sazonalmente, e as fêmeas podem ter apenas um dia fértil durante todo o ano.
Como já mencionado, os lêmures são os mamíferos mais ameaçados de extinção do mundo. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), mais de 98% dos lêmures correm o risco de extinção nos próximos 20 anos. E, além disso, das 112 espécies presentes, 90% correm esse risco.
A perda de habitat, a exploração madeireira ilegal e a caça estão entre as principais ameaças em seu habitat natural em Madagascar. No entanto, foi descoberto um novo perigo para esses animais.
De acordo com um estudo de 2025, quase 13 mil lêmures são abatidos para o consumo humano anualmente. Essa foi a revelação mais surpreendente de um levantamento sobre o comércio de carne de lêmure, o primeiro desse tipo em Madagascar.
Para entender essa indústria, os pesquisadores entrevistaram 2.600 pessoas em 17 grandes cidades, incluindo participantes-chave na cadeia de suprimentos, como caçadores, compradores, vendedores e funcionários de restaurantes.
Foi revelado que a maior parte das transações comerciais (94,5%) é realizada de forma confidencial entre fornecedores e clientes de confiança, enquanto 5,5% das vendas são feitas com restaurantes.
Os pesquisadores também descobriram que o comércio é motivado por mais do que apenas lucro. Muitos consumidores estão dispostos a pagar pela carne de lêmure devido ao seu sabor único e possíveis benefícios à saúde.
Os especialistas enfatizam que lidar com essa crise exige mais do que os esforços de conservação padrão. “Sem uma abordagem abrangente baseada em dados, os mamíferos mais ameaçados do mundo podem em breve ser extintos pelo consumo humano”, explicam.
Entre as intervenções recomendadas estão incluídas a aplicação de leis mais rigorosas contra armas de fogo ilegais e o lançamento de campanhas direcionadas para reduzir a demanda por carne de lêmure. Outra abordagem fundamental, segundo os pesquisadores, seria interromper o fornecimento, oferecendo aos caçadores alternativas viáveis que lhes garantam uma renda estável.
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