Florestas no combate às mudanças climáticas: por que os créditos de carbono falham e como melhorar

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A crise climática exige ações urgentes, e as florestas desempenham um papel fundamental na absorção do dióxido de carbono da atmosfera. No entanto, os mecanismos atuais de compensação de carbono, como os créditos florestais, têm falhado em entregar os resultados esperados. Pesquisadores da Universidade de Utah e outras instituições apresentaram um plano para corrigir essas falhas e potencializar o poder das soluções baseadas na natureza.  

As florestas são essenciais no combate ao aquecimento global, capturando cerca de 31% das emissões humanas por meio da fotossíntese. No entanto, o desmatamento, especialmente na Amazônia, libera quantidades alarmantes de carbono, equivalentes às emissões anuais da Rússia. Diante desse cenário, programas de créditos de carbono surgiram como uma alternativa para financiar a preservação e restauração de ecossistemas. Mas a falta de critérios rigorosos tem comprometido sua eficácia.  

Um dos principais problemas está na contabilidade dos benefícios climáticos. Muitos projetos ignoram fatores como o albedo – a capacidade de uma superfície refletir a luz solar. Florestas plantadas em áreas cobertas por neve, por exemplo, podem absorver mais calor do que o carbono armazenado é capaz de compensar, resultando em um efeito contrário ao desejado. Além disso, há falhas na garantia de que os projetos realmente evitam emissões que ocorreriam de outra forma, um conceito conhecido como “adicionalidade”.  

Outro desafio é o vazamento de carbono, quando a proteção de uma área simplesmente desloca o desmatamento para outra região. A durabilidade do armazenamento também é crítica, já que eventos como secas, incêndios e pragas podem liberar o carbono de volta à atmosfera em pouco tempo. Para ser eficaz, uma solução climática deve assegurar que o carbono permaneça retido por, no mínimo, um século.  

O estudo propõe uma mudança estrutural: em vez de empresas comprarem créditos questionáveis, deveriam contribuir financeiramente para iniciativas com comprovado benefício ambiental. Essa abordagem, defendem os pesquisadores, aumentaria a qualidade dos projetos e a transparência nos resultados.  

Enquanto os mecanismos atuais falham em frear as mudanças climáticas, a ciência aponta caminhos para corrigir o curso. Ações baseadas em evidências, com monitoramento rigoroso e critérios claros, podem transformar as florestas em aliadas mais eficazes na luta pelo equilíbrio climático.

Onofre de Araújo Neto

Onofre de Araujo Neto é cofundador, CEO e Publisher do Portal eCycle, veículo digital pioneiro no Brasil e uma das principais referências em informação e práticas de sustentabilidade. Na função de Publisher, exerce o papel de orientação estratégica da linha editorial, assegurando coerência, qualidade e credibilidade na difusão de conteúdos. Sua atuação garante que a curadoria de pautas esteja alinhada com os princípios de uma educação ambiental crítica, apoiada em uma comunicação acessível e responsável. O posicionamento editorial do portal fundamenta-se na promoção do consumo consciente e na capacitação dos leitores para compreenderem seu papel no enfrentamento dos principais dilemas socioambientais da atualidade. Essa abordagem integra de forma ampla e interconectada temas como mudanças climáticas, economia circular, biodiversidade, transição energética e justiça social, reconhecendo-os como dimensões complementares de um mesmo desafio global. Nesse contexto, sua missão é traduzir debates complexos em informação clara e mobilizadora, fortalecendo a consciência crítica e estimulando a ação responsável dos leitores. O compromisso editorial é, portanto, oferecer não apenas notícias, mas caminhos para a construção de uma sociedade mais sustentável e justa. Com mais de uma década de experiência à frente do eCycle, é responsável por assegurar a credibilidade e a relevância das publicações do portal, atuando também como seu representante institucional e porta-voz oficial.

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