Foto de CNordic Nordic na Unsplash
A forma como as cidades são planejadas tem consequências diretas na saúde da população. Um estudo inédito, envolvendo quase 350 mil pessoas em sete países europeus, mostrou que 11,6% dos casos de asma poderiam ser evitados com ambientes urbanos menos poluídos, mais arborizados e menos densos.
A pesquisa, publicada na revista The Lancet Regional Health—Europe, é uma das mais abrangentes já realizadas sobre o tema. Dados de satélite permitiram mapear a exposição dos participantes a três fatores principais: poluição do ar, ilhas de calor urbano e ausência de áreas verdes ou azuis, como parques e rios.
Ao cruzar essas informações com registros médicos, os pesquisadores observaram que a combinação de ar poluído, alta densidade de construções e escassez de vegetação elevou significativamente o risco de desenvolver asma – tanto em crianças quanto em adultos. Durante o período analisado, cerca de 7,5 mil participantes foram diagnosticados com a doença.
O próximo passo da equipe é investigar como esses fatores ambientais alteram o funcionamento do corpo. Amostras de sangue de parte dos voluntários serão estudadas para identificar mudanças no metabolismo causadas pela exposição a ambientes urbanos hostis. A expectativa é que os resultados ajudem a entender os mecanismos biológicos por trás do surgimento da asma e outras doenças.
O estudo integra o projeto EXPANSE, iniciativa da União Europeia que também analisa a relação entre o “exposoma” – conjunto total de exposições ambientais ao longo da vida – e condições como diabetes, AVC e infarto.
Para os autores, as descobertas reforçam a necessidade de repensar o desenvolvimento das cidades. Erik Melén, professor do Karolinska Institutet e um dos líderes da pesquisa, destaca que a metodologia usada pode auxiliar governos a identificar zonas de risco e orientar futuras políticas públicas.
Enquanto soluções estruturais demandam tempo, especialistas sugerem medidas imediatas, como a criação de corredores verdes, restrições a veículos poluentes em áreas centrais e incentivos a telhados e paredes vegetadas. O estudo estima que, em um cenário ideal, uma em cada dez pessoas com asma estaria livre da doença.
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