Chuveiro híbrido: como funciona e vantagens

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Enquanto você toma um banho e observa o tanto de água (boa parte limpa) que vai para o ralo, uma dúvida pode ter passado pela sua cabeça: qual é o chuveiro mais sustentável que existe? Talvez, seja o chuveiro híbrido!

A conclusão é de pesquisadores do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (CIRRA), ligado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP)

Ao longo de 2009 foi implantado um sistema complexo de medição de vazão de água, custo e índice de conforto de cinco tipos de chuveiros disponíveis no mercado. O objetivo da pesquisa era saber qual é o chuveiro que proporciona um banho mais econômico.

De acordo com o professor Dr. Ivanildo Hespanhol, autor da pesquisa, o chuveiro híbrido (mistura dos modelos elétrico e solar) tende a se consolidar como a melhor opção em termos de economia de água, energia e dinheiro, como foi concluído na primeira pesquisa.

Primeira pesquisa

Os voluntários do projeto foram 30 funcionários da universidade. Eles se dividiram em seis grupos de cinco pessoas que trocavam de chuveiros de três em três meses. O sistema online coletou os dados automaticamente, de janeiro a dezembro de 2009, repassando-os para os computadores do CIRRA. O tempo médio de banho foi de oito minutos.

Em termos de vazão de água, o chuveiro híbrido se mostrou como a melhor alternativa, com 4,1 litros gastos por minuto. O chuveiro elétrico, ainda o mais popular no Brasil, está logo atrás, com 4,2 l/min. O solar convencional tem o dobro do gasto do elétrico (8,4 l/min) e o chuveiro a gás aparece com 8,7 l/min, à frente do boiler, que apresentou 8,7 l/min.

A maior vazão, gerada por pressurizadores, se relaciona diretamente com o índice de conforto, também medido pelo CIRRA. 42% das pessoas preferiram tomar banho com o boiler, 33% gostaram mais do modelo que conta com energia solar convencional. Somados, os índices de satisfação com os chuveiros elétricos e híbridos chegaram a 25%.

Econômico

Como o chuveiro híbrido utiliza energia solar e elétrica, ele também se apresenta como o mais econômico de todos os modelos. “No verão, o custo do chuveiro híbrido é muito baixo. As pessoas praticamente não precisam ligar a energia elétrica dele nessa época porque a água é aquecida via energia solar. O gasto começa no inverno”, afirmou Hespanhol.

A pesquisa revelou que o chuveiro híbrido tem o custo de R$ 0,27 por banho de oito minutos. O modelo elétrico está na segunda posição (R$ 0,30), seguido pelo solar convencional (R$ 0,46), pelo chuveiro a gás (R$ 0,59) e pelo boiler (R$ 1,04). Em uma família com média de quatro banhos por dia, a economia com o uso do sistema híbrido chega a 74% com relação ao boiler.

Outro dado importante adquirido com a pesquisa foi a aferição de perda de água com o chuveiro até a água do banho aquecer. Apenas o modelo a gás e o solar convencional têm esse desperdício.

O primeiro gasta cinco litros de água limpa até atingir a temperatura ideal. O segundo, quatro litros e meio. Ao longo de um ano, o desperdício total de um chuveiro com sistema solar pode chegar a 7.200 litros. Com o modelo a gás, a 6480 litros.

O custo de aquisição e instalação dos equipamentos também foi coletado. O mais barato é o chuveiro elétrico (R$ 31), seguido pelo híbrido (R$ 888), pelo a gás (R$ 945), pelo boiler (R$ 1.855) e pelo solar (R$ 4.045).

Dica eCycle

A simples busca pela temperatura ideal no banho, mesmo quando a água já está aquecida, pode representar um grande desperdício. Misturar a água aquecida a gás com água fria é jogar pelo ralo uma boa parte da energia usada no processo de aquecimento.

Imagem de Freepik

Segunda pesquisa

A tecnologia deve fazer com que os gastos de energia do chuveiro híbrido diminuam ainda mais.

“Neste ano (2011) iremos testar um chuveiro híbrido cuja chave para a troca de sistema de temperatura não é manual. Quando não é possível esquentar a água com a energia solar, o próprio chuveiro altera a fonte de energia para elétrica”, disse o professor.

Segundo ele, é bem provável que isso diminua ainda mais o gasto com eletricidade.

É preciso levar em conta que as pesquisas foram realizadas na cidade de São Paulo e em situações análogas à domiciliar. Em instituições maiores, como hospitais, ou em locais em que as temperaturas são muito diferentes das de São Paulo, o resultado pode variar.

Mesmo assim, pense duas vezes na hora de trocar seu chuveiro. O custo de um pouco mais de conforto pode resultar em litros e mais litros…

Opinião eCycle

Em termos de custo para o meio ambiente, é importante ressaltar que a energia elétrica gerada no Brasil nem sempre é tão renovável quanto pensamos. Quando ela é oriunda das termoelétricas movidas a combustíveis fósseis, há o consumo de carvão, óleo combustível, diesel ou gás, matérias-primas que geram emissões atmosféricas.

Além disso, mesmo quando a procedência são as hidrelétricas, existem danos quando questões ambientais são postas de lado.

Apesar da energia hidrelétrica ser uma fonte de energia renovável, o relatório da Aneel aponta que sua participação na matriz elétrica mundial é pequena e está se tornando ainda menor. O desinteresse crescente seria uma resposta às externalidades negativas decorrentes da implantação de empreendimentos de tal porte.

Um impacto negativo da implantação de grandes empreendimentos hidrelétricos é a mudança no modo de vida das populações que residem na região, ou no entorno do local, onde será implantada a usina. É importante também ressaltar que essas comunidades muitas vezes são grupos humanos identificados como populações tradicionais (povos indígenas, quilombolas, comunidades ribeirinhas amazônicas e outros), cuja sobrevivência depende da utilização dos recursos provenientes do local no qual vivem, e que possuem vínculos com o território de ordem cultural.

O gás natural, que causa o menor impacto ambiental dentre os combustíveis fósseis, é tendência no Brasil devido ao esgotamento do potencial hidrelétrico próximo aos grandes centros.

Equipe eCycle

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