Imagem de Zoe Richardson no Unsplash
A cientista Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja, acaba de ser premiada com o World Food Prize 2025, considerado o “Nobel da Agricultura”. O reconhecimento internacional celebra suas contribuições para uma produção agrícola mais sustentável, com tecnologias que substituem fertilizantes sintéticos por microrganismos capazes de aumentar a produtividade sem danos ambientais. A cerimônia de premiação ocorrerá em outubro, nos Estados Unidos.
Com mais de quatro décadas de pesquisa em microbiologia do solo, Hungria desenvolveu técnicas de inoculação que permitem às plantas aproveitar nutrientes de forma natural. Seu trabalho com bactérias fixadoras de nitrogênio, como Bradyrhizobium e Azospirillum brasilense, já beneficia cerca de 85% da área cultivada de soja no Brasil – a maior taxa de adoção global. Em 2024, essa tecnologia gerou uma economia de US$ 25 bilhões ao dispensar adubos nitrogenados e evitou a emissão de 230 milhões de toneladas de CO₂ equivalente.
Além da soja, suas pesquisas permitiram avanços em culturas como feijão, milho, trigo e pastagens. Uma de suas descobertas mais recentes reduz em 25% a necessidade de fertilizantes nitrogenados no milho, combinando economia para o produtor e menor impacto ambiental.
A nomeação de Hungria foi comemorada por autoridades e instituições científicas. A governadora de Iowa, Kim Reynolds, destacou seu papel como inspiração para mulheres na ciência. Já Gebisa Ejeta, presidente do comitê de seleção do prêmio, enfatizou como suas descobertas transformaram a agricultura sul-americana.
Internamente, a Embrapa celebra a dupla homenagem: à pesquisadora e à instituição, que completa 52 anos reforçando seu compromisso com inovação agropecuária sustentável. Silvia Massruhá, primeira mulher a presidir a Embrapa, ressaltou o protagonismo feminino na ciência brasileira.
Formada pela Esalq/USP e com pós-doutorados em universidades como Cornell e UC Davis, Hungria acumula prêmios e participações em academias de ciência nacionais e internacionais. Em 2025, foi eleita uma das pesquisadoras mais influentes do mundo em agronomia, segundo o Research.com.
O World Food Prize, criado em 1986 pelo Nobel da Paz Norman Borlaug, já premiou outros brasileiros, como Alysson Paulinelli e o presidente Lula. Agora, ao laurear Hungria, reforça a importância de soluções biológicas para alimentar o planeta sem esgotar seus recursos. Seu trabalho prova que é possível conciliar alta produtividade com sustentabilidade – um caminho essencial para o futuro da agricultura.
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