Biopainel de algas marinhas gera energia e absorve CO2 da atmosfera

A startup mexicana Greenfluidics vem desenvolvendo janelas de biopainéis solares feitas a partir de algas marinhas desde 2017 com o objetivo de gerar energia ao mesmo tempo que limpa o ar. A tecnologia, criada a partir de nanotecnologia e microalgas, é chamada de Intelligent Solar Biopanel e será lançada na segunda metade de 2022 pela empresa.

O conceito original da Greenfluidics é de instalar esses painéis em prédios que serão quase inteiramente autossustentáveis, energeticamente falando. 

Porém, a ideia do uso de algas na fachada de prédios para um projeto sustentável não é inteiramente nova. Em 2013, por exemplo, em conjunto com a empresa de engenharia Arup, a Splitterwerk Architects criou um edifício de demonstração em escala real feito de painéis de biopele de algas chamado de BIQ. 

Fazenda de algas é instalada em viaduto para remover CO2

Os painéis do BIQ também são multifuncionais. Eles trabalham principalmente na captura de CO2, que é feita com a ajuda das algas, que absorvem o gás e a luz solar. Essa absorção promove a fotossíntese e, consequentemente, a produção de oxigênio. 

Esses painéis também têm a capacidade de reter calor da água, que pode ser “colhido”, assim como a biomassa produzida através das algas. Essa biomassa é filtrada, recolhida e reprocessada em um biocombustível que é utilizado no sistema de água quente do prédio. Assim, o BIQ é capaz de cobrir um terço de suas necessidades de energia para aquecimento, de modo sustentável.

Além disso, os painéis fornecem sombra para o prédio, esfriando-o e diminuindo o uso de energia em sistemas de ar-condicionado. 

Diferentemente dos painéis do BIQ, o biopainel da Greenfluidics não conta com a produção de biomassa para a geração de energia. Eles contam com um sistema de nanofluidos — nanopartículas de carbono que são recicladas e adicionadas à água, aumentando a condutividade térmica e melhorando a captura de calor. Com ajuda de um gerador termoelétrico, o calor é convertido em energia que é diretamente direcionada para o prédio — similarmente aos painéis solares convencionais. 

De acordo com a empresa, cada biopainel é capaz de gerar até 328 kWh/m² por ano, além de economizar até 90 kWh/m². Por outro lado, a presença das algas também ajuda na qualidade do ar — os biopainéis são capazes de mitigar cerca de 200 kg de CO2 por ano. 

Alga é aliada na produção de bateria sustentável

Promovendo um sistema de economia circular, os biopainéis da Greenfluidics apresentam diversas vantagens dentro da geração de energia. Entretanto, ainda existem algumas questões importantes a serem levantadas, como a vida útil dos painéis e os possíveis empecilhos da criação de algas perto das tubulações de um prédio. 

O BIQ, por exemplo, não funciona durante o inverno. Portanto, não se sabe o potencial dos biopainéis em temperaturas baixas e sem incidência solar direta ou se eles têm a capacidade de funcionar em vários climas. 

Por outro lado, economicamente falando, é necessário entender a viabilidade desse projeto. Seus possíveis custos, sua instalação e a sua capacidade em comparação a outros tipos de energia renovável. 

Júlia Assef

Jornalista formada pela PUC-SP, vegetariana e fã do Elton John. Curiosa do mundo da moda e do meio ambiente.

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