Pesquisadores da Swansea University desvendaram um padrão intrigante entre babuínos: a formação de filas durante deslocamentos, longe de ser uma tática de proteção ou competição, é motivada por laços de amizade. O estudo, publicado na Behavioral Ecology, analisou 78 progressões de viagem em 36 dias, utilizando rastreamento por GPS de alta resolução em um grupo de babuínos-chacma (Papio ursinus) na Península do Cabo, na África do Sul.
Ao contrário do que se imaginava, a ordem dos animais não era aleatória nem ditada por hierarquias de segurança, como ocorre em espécies que se protegem de predadores posicionando indivíduos vulneráveis no centro do grupo. Também não havia relação com acesso privilegiado a recursos ou liderança decisória. A explicação, segundo os dados, reside exclusivamente nas conexões sociais.
Indivíduos com maior conexão social e status elevado tendiam a ocupar o meio da fila, enquanto os de hierarquia inferior ficavam à frente ou atrás. No entanto, os primeiros da linha não assumiam um papel de guia, já que o destino era conhecido por todos. O fenômeno foi classificado como um social spandrel — um efeito colateral de comportamentos preexistentes, sem função evolutiva direta.
A arquitetura oferece uma analogia: os spandrels são espaços triangulares que surgem entre arcos, sem propósito original. Na biologia, o termo descreve características que emergem como subprodutos de outros traços. No caso dos babuínos, a organização linear é consequência natural dos vínculos afetivos, não uma adaptação para sobrevivência.
Estudos anteriores já associaram laços fortes em primatas a maior longevidade e sucesso reprodutivo. Mas, aqui, as relações não tinham objetivo prático imediato. A descoberta abre caminho para investigar outros spandrels no comportamento animal coletivo, sugerindo que padrões complexos podem surgir sem pressões seletivas específicas.
A pesquisa reforça a importância de analisar dinâmicas sociais para entender movimentos grupais em animais. O uso de tecnologia de rastreamento detalhado permitiu descartar hipóteses tradicionais, destacando como interações cotidianas moldam comportamentos aparentemente estratégicos.
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