Análise identifica mais de 4 mil produtos químicos nocivos associados aos plásticos


Um amplo e inédito banco de dados lançou luz sobre mais de 4.200 produtos químicos plásticos associados a sérios riscos ambientais e para a saúde, revelando uma realidade preocupante e ainda incompleta. Os plásticos permeiam nossa vida cotidiana, desde garrafas de refrigerante até revestimentos de colchões, expondo-nos a vários produtos químicos, muitos dos quais são pouco compreendidos pela ciência. Este novo conjunto de dados, anunciado hoje (14) pelo Projeto PlastChem, uma iniciativa de pesquisadores na Noruega e na Suíça, identificou mais de 16.000 produtos químicos presentes nos plásticos, representando o primeiro banco de dados completo sobre o assunto.

Exposição a microplásticos e ftalatos de brinquedos sexuais é negligenciada, alerta estudo

Anteriormente, estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente sugeriam a existência de cerca de 13.000 produtos químicos relacionados aos plásticos. No entanto, a nova descoberta expande esse número para incríveis 16.000.

Cerca de 25% dos produtos químicos identificados são considerados preocupantes pelos pesquisadores. Essa preocupação é alimentada pela falta de informações sobre muitos desses compostos. Dos 16.000 produtos químicos catalogados, aproximadamente 10.000 não têm dados suficientes para avaliar seus riscos potenciais. No entanto, para alguns deles, como os ftalatos e bisfenóis, existem evidências sólidas dos impactos negativos na saúde humana, incluindo distúrbios hormonais e problemas respiratórios.

Nanoplásticos causam efeitos bizarros em embriões de galinhas, revela pesquisa

Além dos riscos à saúde, há também a questão da persistência ambiental desses produtos químicos. Muitos deles têm a capacidade de permanecer no ambiente por longos períodos, contribuindo para a poluição generalizada. Um exemplo alarmante é a melamina, usada em utensílios de cozinha e até mesmo em substitutos de plástico supostamente mais ecológicos. Apesar de ser classificada como cancerígena pela União Europeia, sua presença continua a ser dominante devido à sua resistência à degradação.

Água engarrafada está repleta de nanoplásticos, conclui análise

A falta de regulamentação eficaz e a escassez de dados confiáveis complicam ainda mais a situação. Atualmente, os cientistas enfrentam dificuldades em identificar os produtos químicos presentes nos plásticos, o que dificulta a avaliação de riscos e a implementação de políticas adequadas. No entanto, o relatório da PlastChem oferece algumas soluções promissoras.

Mais pesquisas são necessárias para preencher as lacunas de dados sobre os 10.000 produtos químicos pouco estudados. Além disso, uma abordagem regulatória chamada “sem dados, sem mercado” pode incentivar as empresas a fornecer informações sobre a toxicidade de seus produtos químicos antes de serem comercializados. Simplificar as receitas de plástico também é fundamental, tornando a reciclagem mais viável e reduzindo os impactos na saúde e no ambiente.

À medida que os governos se preparam para negociações internacionais sobre o tratado de plásticos, é imperativo que levem em consideração essas descobertas. O foco deve ser não apenas na reciclagem, mas também na prevenção da poluição por plásticos em todas as etapas do ciclo de vida do produto. oportunidade está à nossa frente; agora é hora de agir com determinação e visão sistêmica.

Fonte: Scientific American

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais