O que é turismo canábico e como funciona?

Turismo canábico é o nome dado às viagens realizadas com a principal finalidade de usar Cannabis sativa. Nesse modelo de viagem, as pessoas planejam e visitam lugares onde o uso da maconha é legalizado. Devido ao aumento de casos de depressão e ansiedade na pandemia, mais pessoas começaram a usar a Cannabis para tratar seus sintomas e lidar melhor com o isolamento e a rotina diferente. 

Isso fez com que o interesse por regiões onde a maconha é legalizada aumentasse, e mais indivíduos buscassem o uso lícito da droga. Desta maneira, localidades ao redor do mundo todo começaram a estudar a possibilidade de legalizar o uso recreativo da Cannabis sativa, com intuito de aumentar a movimentação do turismo

Cannabis sativa: benefícios e efeitos nocivos

Investir em turismo canábico não se restringe apenas a legalizar a droga. Na verdade, alguns países, como a Tailândia, estão à procura de desenvolver um sistema de turismo canábico bem elaborado. Ou seja, legalizando o uso recreativo, enquanto apoia excursões para fazendas de maconha, a criação de lojas especializadas, ganja yoga – tipo de yoga que faz uso da droga – e a promoção de festivais e feiras.

Dados sobre o turismo canábico

O crescimento do turismo canábico não é algo sem fundamento. Existem diversos estudos que apontam que as pessoas estão mais abertas para o assunto e dispostas a consumir derivados de Cannabis sativa

Uma pesquisa, realizada pela MMGY Travel Intelligence, apontou que 29% das pessoas que viajam por lazer estão interessadas no turismo canábico. Enquanto isso, pesquisas do governo holândes já mostram que 58% dos turistas que escolhem Amsterdã como destino têm interesse no consumo de drogas leves (como derivadas da maconha), que é legalizado no país desde o século XX. 

Nos meses anteriores à pandemia, e durante, algumas regiões dos Estados Unidos se movimentaram para conseguir a legalização do uso recreativo da Cannabis. Os resultados não demoraram para chegar, cerca de nove meses depois da liberação, o estado de Illinois conseguiu um aumento de 30% nas vendas da maconha, graças ao público de outras localidades. 

Devido a sua popularidade recente, o turismo canábico ainda não tem dados muito concretos. A comunidade científica e política ainda está à espera de descobrir como os países vão desenvolver o turismo canábico e como a Cannabis pode trazer retorno para a economia local. Enquanto isso, Amsterdã continua sendo uma das regiões mais conhecidas pelo turismo canábico.

Países onde a maconha é legalizada

Antes de viajar para um lugar onde o uso de Cannabis é legalizado, é melhor pesquisar se o turista pode comprar maconha ali. Afinal, nem todos os países têm a mesma legislação para moradores e visitantes. Logo, muitos turistas acabam presos ou levam multas porque não podem comprar Cannabis em locais protegidos pela lei.

Existem alguns países que estão estudando a possibilidade de legalizar a maconha, e produtos derivados dela, para turistas, como o Uruguai. Porém, também existem locais que estão tentando proibir o consumo recreativo da droga para viajantes, como Amsterdã, para combater problemas com tráfico e desvincular a imagem do turismo canábico, segundo as autoridades locais. 

Confira a seguir uma lista com países que fazem parte do turismo canábico:

Holanda: Amsterdã, Terneuzen e Roterdão são os locais mais famosos pelo turismo canábico. O uso é recreativo e as pessoas podem carregar até 5 gramas, ou menos, de maconha consigo. O país também investe em clube canábico, estabelecimento que funciona como “cafeteria de maconha”.

Canadá: o uso recreativo, produção e a criação da planta Cannabis é legalizada, apesar de ser limitado e não propagado pelas autoridades. Os principais estados do turismo canábico são o Quebec, Colúmbia Britânica, Ontario, Vancouver e Alberta. 

Estados Unidos: permitido apenas com autorização médica em 29 estados americanos, e o uso recreativo apenas em 11 estados. As localizações mais comuns no turismo canábico são:  Alaska, Califórnia, Colorado, Illinois, Maine, Massachusetts, Michigan, Nevada, Oregon, Vermont, e Washington.

Argentina: as pessoas podem fumar maconha apenas em pequenas quantidades e em locais privados, o principal centro do turismo é em Buenos Aires;

Uruguai: o uso recreativo e medicinal é legalizado para todos com idades acima de 18 anos. As pessoas podem fumar em locais abertos e cultivar até seis plantas dentro de casa. A capital do turismo canábico do Uruguai é Montevidéu, onde acontece o festival Expocannabis, conhecido por movimentar a economia relacionada a maconha todos os anos no país. 

Portugal: tem um dos melhores modelos de descriminalização de drogas do mundo e permite que cada pessoa tenha posse de até 25 gramas de Cannabis. A cidade mais conhecida pelo turismo canábico é Lisboa. 

Bélgica: o uso recreativo é legalizado para até três gramas ou menos, se você for maior de 18 anos. A plantação caseira também é permitida, no entanto, fumar em lugares públicos não é recomendado. A capital do turismo canábico é Bruxelas. 

Jamaica: totalmente legalizada para uso medicinal e por motivos religiosos, principalmente para pessoas da religião rastafári. 

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Relação do Brasil com o turismo canábico

O Brasil está em um processo lento e não se encontra dentro da trilha do turismo canábico. O consumo recreativo da maconha ainda é ilegal no país, e foi apenas em 2006 que o plantio da Cannabis foi legalizado para fins medicinais.

Em 2014, o uso do canabidiol para tratamento de epilepsia também foi autorizado, e desde então, a Anvisa também liberou outros medicamentos que fazem uso das substâncias da planta da maconha.

Estima-se que a indústria brasileira consiga atrair até 30 bilhões de dólares e gerar cerca de 300 mil empregos em dez anos com o avanço da legalização da Cannabis no país, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann).  Porém, mesmo que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha reconhecido a legitimidade da “Marcha da Maconha”, o uso recreativo da droga continua longe de ser algo permitido. 

Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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