Selo aplicado a embalagens mostra o real prazo de validade de alimentos

Eu não sei vocês, mas eu fui criada por um pai que sempre me alimentava com comida que, tecnicamente, já estava vencida (pelo menos no rótulo), e eu lembro de achar aquilo nojento. Quero dizer, os números da embalagem estão mostrando! Eu pensava: “Por que você está me dando essa coisa para comer?!”

Mas, à medida em que o tempo foi passando (e a vida útil dos produtos foi minguando), eu comecei a me importar cada vez menos com isso. Mais de uma vez, eu acabava comendo uma colherada de iogurte e só depois de jogar a embalagem fora é que eu notava o prazo de validade vencido – e pensava: “Bom, o que não mata, engorda”.

Só recentemente fui pesquisar sobre o assunto. O estranho fenômeno que descobri foi que esses prazos servem apenas de guia para os fabricantes alertarem os lojistas sobre a melhor data para consumo, mais nada. Esses dados não são regulados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com exceção de fórmulas infantis.

O que é bastante comum é os alimentos permanecerem comestíveis por alguns dias (e até semanas) após a data de vencimento.

Porém o fator psicológico é tão incutido em nossas mentes que já jogamos tudo fora após a data estipulada. E isso não é “achismo”, não! Estima-se que só os estadunidense desperdicem US$ 165 bilhões em comida por ano! Isso representa 40% de toda a comida dos Estados Unidos que é desperdiçada.

Mas não há problema que não tenha solução, já dizia minha avó.

A estudante britânica de design Solveiga Pakštaitė criou a Bump Mark, uma espécie de selo que se acopla a embalagens de alimentos para evitar o desperdício. Ele é composto por quatro camadas diferentes, que são, de cima a baixo: um filme plástico, uma camada de gelatina, uma folha de plástico com lombadas, e uma última folha plástica.

Quando o selo é aplicado numa embalagem, a gelatina em seu interior passa pelas mesmas condições do alimento em questão. Dessa forma, se a comida se deteriorar, a gelatina terá alterações de estado – passará de sólido para líquido. Assim, com um simples toque no selo, o usuário percebe se o alimento ainda pode ser consumido. Se a superfície do selo estiver lisa, a comida ainda está ok; caso já dê para sentir as lombadas plásticas, significa que o alimento tem que ir para a lixeira.


A gelatina foi escolhida por ser uma proteína (versão processada do colágeno). Dessa forma, ela se degrada do mesmo modo que alimentos ricos em proteína, como carne, leite e queijo. Sem contar que ela tem uma propriedade perfeita para a Bump Mark: quando se degrada, a gelatina muda de estado físico, o que torna a percepção muito simples.

Não há risco de a gelatina estragada contaminar a comida, assegura Solveiga. Se houver grande quantidade de alimento na embalagem, um selo maior, com mais gelatina, deve ser inserido, senão há risco de um diagnóstico menos preciso.

Após vencer o prêmio nacional da Fundação James Dyson, a estudante está procurando maneiras de financiar a proposta, além patentear sua ideia. Solveiga também procura outras matérias-primas diferentes da gelatina – isso para agradar vegetarianos.

Equipe eCycle

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