Imagem de Brian Yurasits no Unsplash
Um estudo publicado na revista Nature revela que os plásticos contêm pelo menos 4.200 substâncias químicas consideradas perigosas para a saúde humana e o meio ambiente. A descoberta surge em meio a negociações globais para um tratado que regule a produção e o descarte desse material, amplamente utilizado em embalagens, brinquedos, eletrônicos e até pneus. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) e do Instituto Norueguês de Geotecnia (NGI), mapeou 16.325 compostos presentes em diferentes tipos de plástico, muitos dos quais podem contaminar alimentos, água e solo.
A falta de transparência sobre quais químicos são adicionados durante a fabricação dificulta a regulamentação e o controle de riscos. O estudo destaca que todos os plásticos testados liberam substâncias nocivas, incluindo aqueles usados em contato direto com alimentos. Entre os problemas associados a esses compostos estão desregulação hormonal, toxicidade reprodutiva e danos a ecossistemas.
Para enfrentar o desafio, os pesquisadores sugerem três estratégias: eliminar compostos perigosos já identificados, exigir maior divulgação das fórmulas químicas pelas indústrias e simplificar a composição dos plásticos, priorizando materiais mais seguros e recicláveis. A medida é urgente, especialmente porque a reciclagem pode espalhar contaminantes se não houver controle adequado.
Martin Wagner, professor da NTNU e coautor do estudo, ressalta que a presença de substâncias tóxicas não é acidental, mas resultado de escolhas industriais. Enquanto isso, Laura Monclús, pesquisadora do NGI, defende que as descobertas oferecem base científica para políticas públicas e inovações tecnológicas capazes de reduzir os danos.
O banco de dados PlastChem, associado à pesquisa, reúne informações detalhadas sobre cada composto, facilitando a identificação de alternativas menos nocivas. O trabalho reforça a necessidade de redesenhar os plásticos em vez de apenas gerenciar seus efeitos após o descarte. Com milhões de toneladas produzidas anualmente, o material permanece como um dos maiores desafios ambientais do século.
Mais informações no artigo original: Mapping the chemical complexity of plastics, Nature (2025).
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