Planetas habitáveis podem ser muito mais raros na nossa galáxia do que se pensava

Uma nova análise de exoplanetas conhecidos revelou que as condições semelhantes às da Terra em planetas potencialmente habitáveis ​​podem ser muito mais raras do que a ciência acreditava anteriormente.

O trabalho se concentra nas condições necessárias para que a fotossíntese baseada em oxigênio se desenvolva em um planeta, o que possibilitaria biosferas complexas como a da Terra. A pesquisa foi publicada em maio na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

O número de planetas confirmados em nossa própria galáxia, a Via Láctea, já chegou à casa dos bilhões. Entretanto, planetas semelhantes à Terra e na zona habitável – a região ao redor de uma estrela onde a temperatura é ideal para a existência de água líquida na superfície – são muito menos comuns.

No momento, apenas alguns desses exoplanetas rochosos e potencialmente habitáveis ​​são conhecidos. Mas a nova pesquisa indica que nenhum deles tem, na teoria, as condições necessárias para sustentar uma biosfera semelhante à da Terra por meio da fotossíntese “oxigenada”: o mecanismo que as plantas na Terra usam para converter luz e dióxido de carbono em oxigênio e nutrientes.

Apenas um desses planetas chega perto de receber a radiação estelar necessária para sustentar uma grande biosfera: Kepler-442b, um planeta rochoso com cerca de duas vezes a massa da Terra, orbitando uma estrela moderadamente quente a cerca de 1.200 anos-luz de distância.

O estudo analisou em detalhes quanta energia é recebida por um planeta de sua estrela hospedeira, e se os organismos vivos seriam capazes de produzir com eficiência nutrientes e oxigênio molecular – ambos elementos essenciais para a vida complexa como a conhecemos, por meio da fotossíntese oxigênio normal.

Ao calcular a quantidade de radiação fotossinteticamente ativa (PAR) que um planeta recebe de sua estrela, a equipe descobriu que estrelas com cerca de metade da temperatura do nosso Sol não podem sustentar biosferas semelhantes à Terra porque não fornecem energia suficiente na faixa de comprimento de onda correta. A fotossíntese oxigenada ainda seria possível, mas esses planetas não poderiam sustentar uma biosfera rica.

Os planetas em torno de estrelas ainda mais frias, conhecidas como anãs vermelhas, que ardem a cerca de um terço da temperatura do nosso Sol, não conseguem receber energia suficiente para nem mesmo ativar a fotossíntese. As estrelas que são mais quentes que o nosso Sol são muito mais brilhantes e emitem até dez vezes mais radiação na faixa necessária para a fotossíntese eficaz do que as anãs vermelhas. No entanto, elas geralmente não vivem o suficiente para possibilitar a evolução de uma vida complexa.

“Como as anãs vermelhas são, de longe, o tipo mais comum de estrela em nossa galáxia, esse resultado indica que as condições semelhantes à Terra em outros planetas podem ser muito menos comuns do que poderíamos esperar”, comentou o Prof. Giovanni Covone, da Universidade de Nápoles, autor principal do estudo.

E ele acrescenta: “Esse estudo impõe fortes restrições ao espaço de parâmetros para a vida complexa; então, infelizmente, parece que o ‘ponto ideal’ para hospedar uma biosfera semelhante à da Terra não é tão amplo”.

Apesar disso, futuras missões, como o James Webb Space Telescope (JWST), com lançamento previsto para o final deste ano, estão em andamento. Os cientistas esperam que elas tenham a sensibilidade de olhar para mundos distantes ao redor de outras estrelas e lançar uma nova luz sobre o que é, de fato, necessário para um planeta hospedar a vida como a conhecemos.

Isabela

Redatora e revisora de textos, formada em Letras pela Universidade de São Paulo. Vegetariana, ecochata na medida, pisciana e louca dos signos. Apaixonada por literatura russa, filmes de terror dos anos 80, política & sociedade. Psicanalista em formação. Meu melhor amigo é um cachorro chamado Tico.

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