Foto de Tadeusz Lakota na Unsplash
A relação entre masculinidade e mudanças climáticas pode parecer distante à primeira vista, mas os estereótipos de gênero influenciam diretamente quem se envolve na proteção do planeta.
Enquanto figuras polêmicas associam virilidade ao consumo excessivo, como jatos particulares e carros de luxo, jovens de comunidades periféricas mostram que sustentabilidade e cuidado ambiental também podem ser uma expressão de masculinidade.
Em projetos como Birds, Bees, Bikes and Trees, no nordeste da Inglaterra, homens jovens, muitos deles pais, participam de ações como plantio de árvores, manutenção de bicicletas e criação de habitats para polinizadores.
Essas atividades não só contribuem para a preservação ambiental, mas também desafiam a noção de que o cuidado é exclusivamente “trabalho de mulher”.
Apesar de viverem de forma sustentável, usando transporte público, bicicletas ou caminhando, esses jovens raramente são reconhecidos por suas práticas ecológicas.
Em vez disso, são frequentemente estigmatizados pela pobreza e falta de oportunidades.
A desconexão entre masculinidade tradicional e ambientalismo fica ainda mais evidente em regiões industrializadas, onde o declínio de empregos ligados a setores como mineração e manufatura deixou um vazio identitário.
Muitos homens jovens crescem ouvindo histórias de um passado glorioso, mas enfrentam um presente com poucas perspectivas.
Projetos que integram capacitação profissional e ecologia, como o treinamento em apicultura com certificação em segurança industrial, oferecem uma alternativa.
Alguns participantes já encontraram empregos como apicultores, instrutores de ciclismo e líderes em educação florestal.
No entanto, políticas públicas ainda refletem resistência. Em Durham, na Inglaterra, a gestão local retirou termos como “mudança climática” e “igualdade” de departamentos governamentais, refletindo a visão de parte da população que não prioriza a agenda ambiental.
Enquanto isso, a economia de baixo carbono no Reino Unido já supera em quatro vezes o setor manufatureiro, mostrando que a transição verde é inevitável, e lucrativa.
Relatos de participantes do projeto revelam transformações profundas.
Um jovem pai, agora apicultor comunitário, descreve a conexão com a natureza como uma experiência reveladora, comparando-se a uma “abelha operária em parceria com essas criaturas fascinantes”.
Além de produzir mel, ele e outros jovens estão produzindo novas narrativas sobre masculinidade, trabalho e cuidado.
Plantar árvores, restaurar bicicletas e proteger abelhas não são apenas ações ambientais, são atos de cuidado emocional e social.
Incluir homens jovens nesse processo amplia o alcance da sustentabilidade e redefine o que significa ser homem em um planeta em crise.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais