IBGC: conselhos entendem a relevância climática, mas precisam avançar em ações estruturadas

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Por IBGC | A maioria (75,6%) dos conselheiros e executivos C-level concorda que os conselhos de suas organizações compreendem as implicações das mudanças climáticas. Além disso, para metade deles (56,7%), a questão é incorporada à estratégia com avaliação de riscos e oportunidades. Essas são algumas das conclusões da pesquisa “Board scorecard: a atuação dos conselhos frente aos impactos climáticos e à estratégia net zero (3ª edição – 2025)”, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) com 90 conselheiros de administração, consultivos e fiscais, além de diretores-executivos e presidentes de organizações brasileiras.

Para 41,1% dos respondentes, seus conselhos já consideram planos de adaptação para lidar com impactos físicos das mudanças climáticas. Ponto adicional é que 53,3% concordam que suas empresas têm mecanismos de rastreabilidade e verificabilidade das informações para mensurar resultados. “O objetivo da pesquisa é mostrar a percepção de executivos e conselheiros sobre como o nível mais alto da administração, os conselhos de administração, estão lidando com impactos climáticos e a transição para as emissões líquidas zero. A maioria dos respondentes acredita que seus conselhos entendem as implicações das mudanças climáticas e incorporam o tema à estratégia central dos negócios. Contudo, mais do que reconhecer riscos e oportunidades, é preciso transformar esse cenário em ações estratégicas estruturadas, priorizar a agenda climática, estabelecer mecanismos de monitoramento e garantir a consistência do que é reportado ao mercado”, afirma Luiz Martha, diretor de Conhecimento e Impacto do IBGC.

A pesquisa também apresentou discordâncias entre os respondentes. A incorporação de metas climáticas à remuneração de executivos é um ponto crítico, com 60% dos participantes discordando de que suas organizações incorporem tais metas de maneira significativa e mensurável. A estratégia net zero também é pouco concreta, com 45,5% discordando que seus conselhos tenham estabelecido a meta net zero de emissões e que estejam alinhados ao compromisso de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. Os dados indicam, ainda, que 42,2% discordam que seus conselhos discutiram um plano para divulgar riscos e oportunidades de sustentabilidade seguindo padrões internacionais, como IFRS S1 e S2. Mesmo nas empresas listadas, apenas metade (52,6%) concorda que um plano foi discutido.

“Há lacunas na vinculação da agenda climática com a remuneração de executivos, no estabelecimento da estratégia para emissões líquidas zero e na mensuração das emissões, especialmente as de escopo três. É fundamental transformar a compreensão e as discussões em resultados, definindo metas concretas, integrando riscos e oportunidades climáticas no planejamento e estabelecendo mecanismos de acompanhamento e responsabilização”, complementa Luiz Martha.

A publicação apontou, ainda, pontos de evolução. Um deles está na comunicação da importância de cumprir a meta climática, considerando que, em 2022, 37,5% concordavam que a alta liderança fazia essa comunicação e que, em 2025, 51,1% passaram a concordar. A questão climática incorporada à estratégia também foi citada. Os que concordam que o tema está na estratégia central dos negócios eram 42,3% em 2022, subindo para 56,7% em 2025. Outro ponto de evolução está nos planos de adaptação para lidar com impactos físicos das mudanças climáticas. Em 2022, 26% dos respondentes concordavam que seus conselhos mantinham tais planos. Em 2025, esse patamar subiu para 41,1%.

Por meio da aplicação de um questionário, adaptado do Board Scorecard, ferramenta do Chapter Zero no Reino Unido, coletaram-se 90 respostas válidas de conselheiros de administração (28,9%), consultivos (22,2%) e fiscais (8,9%), além de diretores-executivos (30%) e presidentes (10%) de diferentes organizações. O questionário e as análises foram estruturados em quatro blocos temáticos: liderança, responsabilidade, estratégia e mensuração. Os respondentes foram convidados a refletir sobre a atuação dos conselhos de suas organizações diante das transformações exigidas pelas mudanças climáticas, rumo ao net zero.

A maior parte (56,7%) dos participantes atua em empresas não listadas em bolsa, sendo a maioria delas (77,8%) com capital controlador de origem privada. Sobre o faturamento anual, a maior parcela dos respondentes (27,5%) concentra-se em empresas na faixa de R$ 1 bilhão a R$ 100 bilhões. “Nesta terceira edição, além da análise do panorama atual, também apresentamos a evolução da atuação dos conselhos, com dados das duas edições anteriores da pesquisa”, finaliza Luiz Martha.

O conteúdo está disponível na íntegra no link – Publicação

Bruna Chicano

Cientista ambiental, vegana, mãe da Amora e da Nina. Adora caminhar sem pressa e subir montanhas.

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