Ibama apreende gado de áreas desmatadas ilegalmente e autua frigoríficos na Amazônia

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Por Ibama | O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou a Operação Carne Fria 3, com foco no combate ao desmatamento associado às cadeias produtivas na Amazônia. A ação trouxe resultados expressivos: 7.061 cabeças de gado foram apreendidas em áreas embargadas por desmatamento ilegal e R$ 49 milhões em multas aplicadas aos infratores.

Ibama identifica gado criado em área de floresta desmatada ilegalmente durante a Operação Carne Fria 3, no Pará | Foto: Fiscalização/Ibama

A maior parte do desmatamento que ocorre na Amazônia é ilegal, pois não há autorização prévia para a supressão da vegetação, como exige o Código Florestal (Lei nº 12.651/2012). Em ações fiscalizatórias anteriores, essas áreas já haviam sido embargadas cautelarmente, o que impede seu uso e ocupação, exceto para atividades de subsistência.

Durante as análises, o Ibama identificou mais de 2,1 mil hectares de floresta suprimida ilegalmente, que deveriam estar em recuperação, mas estavam sendo utilizados para a pecuária. Produzir, vender ou comprar gado dessas áreas embargadas é crime ambiental, e os responsáveis foram autuados.

Ao todo, foram inspecionados 20 imóveis rurais nos municípios de São Félix do Xingu, Pacajá e Rondon, todos líderes em desmatamento. Como resultado, foram aplicados R$ 22 milhões em multas por descumprimento de embargo e impedimento da regeneração da vegetação. Além disso, os mais de 7 mil animais apreendidos, avaliados em aproximadamente R$ 30 milhões, deverão ser retirados das áreas embargadas pelos proprietários no prazo de 30 dias.

A fiscalização alcançou também os frigoríficos. Dezesseis foram inspecionados e seis autuados em R$ 4 milhões pela compra direta de 8.172 cabeças de gado de áreas embargadas. Outros 12 frigoríficos foram notificados e estão sob investigação por aquisição de gado suspeito, triangulado com fazendas “limpas” para disfarçar a origem ilegal.

A operação revelou ainda indícios de “lavagem de gado”: animais de áreas ilegais eram transferidos para propriedades sem embargo para receber novas Guias de Trânsito Animal (GTAs), criando aparência de legalidade antes de serem repassados a frigoríficos exportadores.

Além das medidas administrativas, todas as irregularidades foram encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF) para responsabilização civil e criminal dos envolvidos.

As investigações da Operação Carne Fria 3 tiveram início em março de 2025 e integram o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).

Fiscais do Ibama apreendem gado criado em áreas embargadas por desmatamento ilegal na Amazônia | Foto: Fiscalização/Ibama

Destaques em números – Operação Carne Fria 3

  • 7.061 cabeças de gado apreendidas (R$ 30 milhões);
  • R$ 49 milhões em multas aplicadas;
  • 2,1 mil hectares embargados usados ilegalmente para pecuária;
  • 20 imóveis rurais fiscalizados em São Félix do Xingu, Pacajá e Rondon;
  • 6 frigoríficos autuados (R$ 4 milhões);
  • 12 frigoríficos notificados;

Indícios de lavagem de gado para burlar fiscalização.

A série Operação Carne Fria já havia sido realizada em outras duas edições, em 2017 e 2024, quando o Ibama fiscalizou mais de 50 frigoríficos, centenas de imóveis rurais e lavrou mais de 170 autuações, que somaram R$ 640 milhões em multas, além da apreensão de 8.854 cabeças de gado.

Este texto foi originalmente publicado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de acordo com a licença CC BY-SA 4.0. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Bruna Chicano

Cientista ambiental, vegana, mãe da Amora e da Nina. Adora caminhar sem pressa e subir montanhas.

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