Um novo estudo publicado na Frontiers of Zoology sugere que guaxinins que vivem perto de humanos estão apresentando mudanças físicas condizentes com os estágios iniciais da domesticação. Segundo os pesquisadores, os animais estão passando pelo mesmo processo uma vez passado por cães e gatos.
Para chegar à conclusão, os especialistas analisaram cerca de 20 mil imagens de guaxinins ao redor dos Estados Unidos. Essa análise possibilitou a descoberta de um fato curioso: guaxinins que habitam áreas urbanas possuem focinhos mais curtos do que guaxinins rurais.
Os focinhos curtos são características físicas associadas a algo conhecido como “síndrome de domesticação”. A síndrome, rotulada por Charles Darwin, é caracterizada por um grupo de mudanças físicas — incluindo alteração na cor da pelagem, dentes menores, mudanças nas orelhas e na cauda e alterações no formato craniofacial — que tendem a surgir à medida que os animais se tornam mais dóceis, tolerantes e menos agressivos em relação aos humanos.
A questão principal dos pesquisadores era se o simples fato de viver perto de humanos poderia desencadear essas mudanças em uma espécie não domesticada.
Os resultados parecem indicar que sim, com um fator específico como o principal responsável: o lixo humano.
“Os animais adoram nosso lixo. É uma fonte fácil de alimento. Tudo o que eles precisam fazer é tolerar nossa presença, não serem agressivos, e então podem se banquetear com tudo o que jogamos fora”, explicou Rafaella Lesch, da Universidade de Arkansas em Little Rock, líder da pesquisa.
Em um ambiente urbano, guaxinins mais calmos e menos receosos de pessoas são mais eficientes em alcançar a fonte de alimento mais fácil — latas de lixo — do que guaxinins agressivos.
Os pesquisadores estão expandindo o projeto para estudar outros mamíferos urbanos, como tatus e gambás, para verificar se tendências evolutivas semelhantes estão em ação.
Interessantemente, o mesmo fenômeno também foi observado em outra pesquisa, do outro lado do oceano, no Reino Unido. Porém, nesse caso, as raposas que apresentaram sinais de domesticação através de mudanças físicas.
Ambos os estudos apresentam uma questão importante sobre a evolução animal: até quando o ser humano vai interferir na evolução de espécies?
Assim como as raposas, os guaxinins também estão perdendo seus habitats naturais. Devido à urbanização, áreas florestais foram dizimadas e transformadas em espaços humanos, o que contribuiu para mudanças comportamentais e físicas desses animais.
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