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Em um mundo inundado por informações digitais, a humanidade enfrenta um dilema silencioso: a capacidade de armazenamento está se esgotando. Uma solução surpreendente, no entanto, pode etar na própria essência da vida. Pesquisadores estão desenvolvendo um sistema que utiliza fitas revestidas com DNA sintético para guardar dados de forma extremamente densa e durável, inspirando-se em um formato do passado: a fita cassete.
A ideia de usar o DNA como disco rígido não é nova. O material genético possui uma capacidade de armazenamento incomparável. Teoricamente, o DNA contido em uma única célula humana poderia armazenar cerca de 3,2 gigabytes de dados, equivalentes a dois longas-metragens completos. Sua principal vantagem reside na longevidade, podendo preservar informações por milênios sem consumir energia, um contraste gritante com os frágeis e energívoros servidores atuais.
O grande avanço, descrito em estudo da revista Science Advances por uma equipe liderada por Xingyu Jiang da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, foi tornar essa tecnologia viável. Os cientistas criaram uma fita feita de uma mistura de poliéster e náilon. Sobre essa fita, são impressos padrões de código de barras que criam milhões de seções minúsculas e endereçáveis, funcionando como pastas virtuais. Esse sistema de endereçamento óptico resolve um dos maiores obstáculos das técnicas anteriores: a localização rápida e precisa de arquivos específicos.
Do digital para o biológico
O processo de armazenamento começa com a tradução dos dados digitais – os zeros e uns da computação – para a linguagem do DNA, representada pelas quatro bases nitrogenadas (Adenina, Guanina, Citosina e Timina). Esta sequência sintética é então fixada na fita. Para garantir a integridade das informações, os pesquisadores aplicam uma camada protetora cristalina que protege as moléculas de DNA contra degradação, permitindo que resistam ao tempo e ao manuseio.
A eficácia do sistema foi comprovada com sucesso em testes laboratoriais. Uma imagem digital foi convertida em DNA, armazenada na fita e, posteriormente, recuperada com precisão e velocidade. A tecnologia se apresenta como uma estratégia promissora para o armazenamento de dados em larga escala, seja para arquivos “frios” (acessados raramente) ou “quentes” (necessários sob demanda).
A adoção em escala das fitas de DNA pode revolucionar os centros de dados, substituindo estruturas físicas vastas e consumidoras de energia por uma solução compacta e sustentável. Em uma era de produção exponencial de dados, a biologia oferece um caminho para preservar o conhecimento da civilização por gerações futuras.
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