Estudo mostra que aluguel de temporada transforma cidades e pode ser taxado

Por ONU News | Alugar parte de uma propriedade residencial ou a propriedade inteira, por um curto período de tempo, é considerado uma atividade no setor de moradia. 

E os efeitos sobre o mercado imobiliário de plataformas de aluguel de temporada como o site AirBnB já começaram a mudar os hábitos de vida em cidades.

Impactos e equilíbrio

A conclusão é de um estudo da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa, Unece, que pesquisou 43 cidades em 17 países-membros. Entre elas estão: Atenas, Barcelona, Berlim, Dublin, Londres, Paris, Oslo, Roma, Estocolmo e Viena.

Segundo a agência, existe uma série de políticas regulatórias que podem ser tomadas para gerar um equilíbrio entre os benefícios econômicos e os impactos negativos incluindo a disponibilidade de moradias.

As cidades espanholas e italianas formam a metade de todos os grandes destinos do estudo com 10 capitais incluídas de outro país.

O conceito de compartilhar ou da economia colaborativa quando aplicado ao setor de moradia inclui a partilha de espaço em troca de parte dos custos de moradia.

Novo modelo comercial e crescimento

Ou seja, alugar um espaço residencial, por parte ou como um todo, num período de curto prazo, é considerado uma atividade compartilhada no setor imobiliário. Com a ajuda da plataforma AirBnB, que popularizou a ideia, esses modelos oferecem uma forma flexível e eficiente de transações de aluguel.

E os aluguéis de temporada podem ter efeitos positivos e negativos que devem ser inteiramente considerados nas respostas de políticas, que são destacadas no estudo, O mercado de temporada cria um novo modelo comercial que pode ajudar com a competitividade e o crescimento econômico.

Pormenor da Praça de São Pedro, em Roma, onde viveu Leonardo da Vinci. Foto por UN News

Londres recolheu 7 bilhões de euros

A receita anual desses aluguéis vai de 3 bilhões e 7 bilhões de euros em algumas cidades. Entre 2018 e 2019, Londres captou 7 bilhões de euros, seguida de Paris com 4,8 bilhões e de Roma com 3 bilhões de euros.

A pesquisa do Unece revela que as finanças públicas podem se beneficiar da recolha de impostos desses aluguéis de temporada. Essas ofertas de aluguel também podem aumentar o leque de acomodações para os turistas, que representam uma parcela importante das pessoas nas cidades.

Em 2018, visitantes que alugaram casas ou apartamentos representaram 51,8% da população de Palma, por exemplo. Mas esse modelo também tem sido criticado por criar uma espécie de sombra para a indústria hoteleira.

Anfitriões em Praga, Girona e Majorca com cinco propriedades

Em Girona, Majorca e Praga, cerca de 50% das moradias de temporada eram gerenciadas por anfitriões que tinham mais de cinco propriedades.

A Comissão da ONU na Europa cita que dentre os maiores desafios que surgiram na região está o efeito sobre a oferta de unidades de aluguel para o longo prazo, devido à demanda crescente de aluguel por temporada curta.

Em cidades pequenas como Menorca e Giron, a porcentagem de moradias usadas para esses aluguéis de curto prazo é de 59% e 33%, respectivamente.

Mudança da qualidade de vida nos bairros

A agência Unece diz que a gentrificação é um desafio num número de cidades, à medida que os preços aumentam por causa da proliferação desses aluguéis. Esse movimento acaba empurrando os moradores da cidade para fora dela ou para outras cidades.

Um outro aspecto é a concentração da população em áreas urbanas centrais o que acaba piorando a pressão sobre os serviços de saúde e transporte, assim como o aumento do barulho, poluição e a mudança da qualidade de vida em vários bairros.

Para a Unece, esses são apenas alguns dos fatores que devem ser levados em conta na formulação de pedidas e políticas que adotem regulações para o mercado de aluguéis de temporada. E é necessário ainda que haja uma transparência no número de transações de aluguel.

Hotelização e “anfitriões profissionais”

Para regular melhor a indústria, o estudo sugere o pagamento de impostos e taxas de ocupação, o que diferenciaria entre anfitriões profissionais e circunstanciais. Com isso, se evitaria a chamada “hotelização” mantendo as casas de aluguéis no mercado para uso residencial.

A proposta de fazer com que os “anfitriões profissionais” paguem impostos importa limites sobre quanto tempo uma propriedade pode ser listada para aluguel e quantas unidades um único dono pode ter no mesmo prédio.

O estudo da Unece diz que esses proprietários podem até ser incentivados a construir casas acessíveis para o aluguel, aumentando os benefícios econômicos do mercado de aluguel de temporada e liberando mais oportunidades de moradia.

Este texto foi originalmente publicado por ONU News de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Thaís Niero

Bióloga marinha formada pela Unesp e graduanda de gestão ambiental. Tentando consumir menos e melhor e agir para alcançar as mudanças que desejo ver na sociedade.

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