Imagem de Ayla Meinberg no Unsplash
Pesquisadores da Universidade de Notre Dame identificaram substâncias perfluoroalquiladas (PFAS) em produtos de higiene íntima reutilizáveis, como calcinhas menstruais e absorventes de pano. Conhecidos como “químicos eternos” por sua persistência no ambiente, os PFAS estão associados a danos à saúde, incluindo desregulação hormonal, câncer e complicações na gravidez. A descoberta desafia a percepção de que esses itens são alternativas totalmente seguras e sustentáveis.
O estudo, publicado na Environmental Science & Technology Letters, analisou mais de 70 produtos comercializados em mercados da América do Norte, Europa, Ásia-Pacífico e América do Sul. Utilizando espectroscopia de emissão de raios gama induzida por partículas (PIGE), os cientistas detectaram fluorinação intencional em 33% das calcinhas menstruais e 25% dos absorventes reutilizáveis. A presença desses compostos em camadas internas sugere uso deliberado na fabricação, enquanto níveis baixos podem indicar contaminação por embalagens.
Graham Peaslee, físico responsável pela pesquisa, alerta que os PFAS não apenas representam risco direto às usuárias, mas também contaminam o solo e a água quando descartados. Apesar disso, o estudo revela que a maioria das marcas (71,2%) não utiliza esses químicos de forma intencional, provando que é possível fabricar os produtos sem substâncias tóxicas.
A falta de regulamentação sobre rotulagem dificulta a identificação de itens livres de PFAS. Enquanto alguns estados dos EUA discutem leis para banir o uso desses compostos, consumidores globais permanecem desprotegidos. A pesquisa reforça a necessidade de transparência na indústria e pressiona por alternativas mais seguras.
Além dos riscos à saúde, a persistência ambiental dos PFAS preocupa. Estudos anteriores já os detectaram no sangue de 99% dos norte-americanos, evidenciando sua disseminação. Para Alyssa Wicks, coautora do estudo, a descoberta serve como alerta para fabricantes e reguladores: “Produtos ecologicamente corretos não devem comprometer a saúde humana ou o planeta”.
A comunidade científica continua investigando os efeitos da absorção cutânea desses químicos e seu impacto a longo prazo. Enquanto isso, a recomendação é que consumidores questionem as marcas sobre a composição dos produtos e optem por empresas que garantam a ausência de PFAS em seus processos.
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