Doação de medula: como é feita e quem pode doar?

A doação de medula óssea é feita para tratar pessoas que sofrem com doenças que afetam as células-tronco hematopoéticas, como a leucemia e o linfomas. A medula óssea é um tecido líquido encontrado no interior dos ossos, que tem como função a fabricação de células sanguíneas. 

Essas células liberadas pela medula óssea produzem os componentes do sangue, como os glóbulos vermelhos, os leucócitos e as plaquetas. Essas células sanguíneas têm grande importância para o corpo humano, ajudando no:

  • Transporte de oxigênio pelas hemácias;
  • Defesa do organismo realizado pelo sistema imunológico e leucócitos;
  • Coagulação sanguínea, que é responsabilidade das plaquetas;

Outras condições que podem gerar a necessidade do transplante de medula óssea são a aplasia e síndromes relacionadas à imunodeficiência congênita. Em quadros de câncer, como a leucemia, a cirurgia não é o único tratamento. Na verdade, ela ocorre apenas quando não existe resposta inicial do corpo à quimioterapia ou radioterapia convencional.

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Quem pode fazer doação de medula óssea?

Qualquer pessoa entre 18 e 35 anos de idade pode se tornar um doador voluntário de medula, desde que esteja em um bom estado de saúde. Para fazer seu cadastro como doador é preciso se encaminhar para o Hemocentro mais próximo da sua região e fazer um cadastro no REDOME — Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea. 

Durante esse processo, será retirado do voluntário uma amostra de sangue de pelo menos 10 mililitros, para a realização do exame de histocompatibilidade HLA. Esse exame reúne as informações necessárias para saber se existem pessoas na fila de espera de doação que são compatíveis com o doador.  

Comumente a taxa de compatibilidade é maior quando o doador e o receptor são parentes, chegando até 30%. Porém, isso não significa que pessoas de fora do ciclo familiar não podem ser compatíveis, apenas que a probabilidade é reduzida. 

Os dados do voluntário ficam armazenados no REDOME até que seja encontrado um receptor adequado. Como essa situação pode ser demorada, é necessário sempre manter os dados do cadastro atualizados no site do Registro Nacional. 

Para realizar a doação de medula, o voluntário não pode ter sido diagnosticado com hepatite, AIDS/HIV, doenças autoimunes (como lúpus), câncer, alcoolismo e doenças sexualmente transmissíveis não tratadas. 

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Como é feita a doação de medula?

Assim que o REDOME encontrar um paciente compatível com o doador, ele irá entrar em contato com ambos. O voluntário será encaminhado para uma série de exames de saúde, com intuito de descobrir se ele realmente pode doar a medula óssea. Se não forem identificados problemas, ele poderá seguir com o procedimento.

A doação da medula óssea pode ser feita de duas formas diferentes: pela coleta no centro cirúrgico ou através da coleta por aférese.

O primeiro processo é realizado sob anestesia geral ou peridural e requer uma internação anterior de pelo menos 24 horas. Para coletar as células, são feitas punções com a ajuda de agulhas na bacia do voluntário, e retirado um volume de até 15% de sua medula — a quantidade segura para doar. 

O armazenamento da doação de medula óssea é feito em bolsas de sangue, e o receptor as recebe através de um cateter na veia. O recebimento também precisa de uma internação de 24 horas e os médicos realizam a retirada da medula danificada do paciente. 

No caso da coleta de aférese, o doador recebe a recomendação de tomar uma medicação para aumentar a produção de células-tronco por cinco dias. No dia do transplante, uma máquina de aférese faz a coleta do sangue, retira as células-tronco e devolve o que não é necessário ao receptor. Para isso não é preciso o uso de anestesia ou a internação.

Quem escolhe o melhor tipo de coleta para a doação é o médico responsável pelo caso. Ele irá avaliar o doador e o receptor e indicar a melhor forma de retirar a medula óssea, seja por aférese ou punção. 

Quais são os riscos para o doador de medula óssea?

A doação de medula óssea é um processo considerado seguro, mas pode ter alguns efeitos colaterais. A pessoa que fizer através da punção do quadril pode desenvolver dor na região, que desaparece depois de alguns dias.

Já pela aférese periférica, o voluntário pode desenvolver um quadro gripal como efeito colateral da medicação. No entanto, ele já estará pronto para voltar à rotina no dia seguinte ao procedimento. O médico responsável pelo caso irá percorrer todas as possíveis consequências da doação antes de realizá-la. 

Depois do procedimento de doação de medula, as células-tronco hematopoéticas levam cerca de duas semanas para se recuperarem. Para o receptor, em três semanas a nova medula já produz componentes sanguíneos normalmente. 

Ana Nóbrega

Jornalista ambiental, praticante de liberdade alimentar e defensora da parentalidade positiva. Jovem paraense se aventurando na floresta de cimento de São Paulo.

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