Foto de Johannes Plenio na Unsplash
Os denisovanos, ou hominídeos de Denisova, são, juntamente com os neandertais, os parentes extintos mais próximos dos humanos modernos. A espécie foi descoberta em 2008, mas anunciada ao público em 2010, tornando-se uma nova adição à linha de evolução humana.
Devido à sua “recente” descoberta, muitas especificações da espécie permanecem desconhecidas.
Foi a partir de um pequeno fragmento de um fóssil de um dedo que cientistas conseguiram a maioria das informações sobre os denisovanos. Isso se deu aos incríveis avanços científicos que possibilitaram a extração da sequência de genoma mitocondrial inteiro da espécie.
Em 2008, arqueólogos encontraram na Caverna Denisova, na Sibéria, Rússia, um pequeno osso: o pedaço de um mindinho que pertenceu a um hominídeo que viveu lá há dezenas de milhares de anos.
Embora pequeno, o fóssil era bem preservado, o que possibilitou uma análise meticulosa do osso. Uma equipe de geneticistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, Alemanha, removeu 30 miligramas de osso e conseguiu extrair DNA intacto suficiente para analisá-lo.
Foi nessa análise que os pesquisadores foram capazes de extrair a sequência inteira de genoma mitocondrial e, assim, ficaram surpresos. O DNA extraído não era compatível com nenhuma outra espécie humana conhecida — nem mesmo dos Neandertais.
A nova população, denominada denisovanos, tomou o nome do local em que foi descoberta e foi anunciada ao público em 2010.
E não foi apenas a descoberta que causou uma grande reação do público, mas o motivo da descoberta. Anteriormente, cientistas foram capazes de descobrir novas espécies a partir de ossos inteiros bem preservados.
No entanto, a descoberta dos denisovanos não foi tão simples. Como mencionado, apenas um pequeno fragmento de osso que pertencia a um denisovano foi encontrado.
“Os denisovanos foram criados a partir do trabalho com DNA”, diz o paleoantropólogo Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres.
Nove meses após a descoberta inicial, outra informação foi encontrada pelos especialistas. Investigações posteriores foram capazes de extrair o genoma nuclear completo do osso do dedo, o que rendeu muito mais informações.
Foi descoberto que os denisovanos eram um grupo irmão dos neandertais, que viveram na Europa e na Ásia Ocidental por centenas de milhares de anos. A equipe também descreveu a descoberta de um dente molar que, com base em seu DNA mitocondrial, era denisovano: era excepcionalmente grande, diferente dos dentes de humanos modernos ou neandertais.
Além disso, a equipe relatou que os povos atuais que vivem nas ilhas de Nova Guiné e Bougainville, no sudoeste do Oceano Pacífico, herdaram de 4% a 6% de seu DNA de denisovanos, apesar de essas ilhas estarem a aproximadamente 8.500 quilômetros da Caverna Denisova.
Isso implica que os humanos modernos cruzaram com o hominídeo de Denisova e que os denisovanos já foram amplamente distribuídos pela Ásia.
Ademais, um estudo de 2018 revelou que a espécie era composta por múltiplas linhagens. Uma era intimamente relacionada ao denisovano do norte da Sibéria e tinha um legado genético encontrado principalmente em asiáticos orientais. A outra era mais distantemente relacionada ao denisovano do sul da Sibéria e tinha DNA hoje encontrado principalmente em papuas e sul-asiáticos.
Uma pesquisa subsequente também descobriu outra linhagem. Com base no nível de diferenças genéticas entre as três linhagens de Denisova, este estudo sugeriu que esta terceira linhagem se separou das outras duas há cerca de 363 mil anos e era tão diferente dos outros denisovanos quanto dos neandertais.
O DNA da terceira linhagem foi encontrado principalmente em indivíduos modernos que viveram na ilha da Nova Guiné ou nas proximidades.
Após a descoberta, cientistas se comprometeram a saber mais sobre a espécie. Pesquisadores voltaram a campo e exploraram gavetas empoeiradas de museus para tentar descobrir pistas sobre esse misterioso grupo de humanos antigos.
Embora as inúmeras informações já obtidas, nós não tínhamos ideia da aparência dos denisovanos. Porém, foi a partir do genoma da espécie que novas pesquisas foram feitas.
Pela primeira vez, uma técnica de uma equipe de pesquisa de 2025 detectou mudanças sutis na regulação dos genes dos denisovanos. Essas mudanças provavelmente foram responsáveis por alterar o esqueleto da espécie, fornecendo pistas sobre sua aparência.
Usando essa técnica, os cientistas identificaram 32 características físicas mais intimamente relacionadas à morfologia do crânio.
Antes de aplicar esse método a fósseis desconhecidos, os pesquisadores testaram sua precisão. Eles usaram a mesma técnica para prever com sucesso características físicas conhecidas de neandertais e chimpanzés com mais de 85% de precisão.
Em seguida, eles identificaram 18 características do crânio que podiam medir. Incluindo a largura da cabeça e altura da testa. Então, mediram essas características em dez crânios antigos.
Entre os dez, dois crânios, conhecidos como espécimes da cidade de Harbin no nordeste da China e Dali, correspondiam bastante ao perfil de Denisova. O crânio de Harbin correspondia a 16 características, enquanto o crânio de Dali correspondia a 15.
O estudo também descobriu que um terceiro crânio, Kabwe 1, tinha uma forte ligação com a árvore denisovana-neandertal, o que pode indicar que foi a raiz da linhagem denisovana que se separou dos neandertais.
“Nosso trabalho estabelece as bases para esforços futuros para inferir fenótipos de outros grupos de hominídeos extintos e refinar a classificação taxonômica do registro fóssil usando dados genéticos”, concluíram os especialistas.
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